domingo, 26 de outubro de 2008

Imaginação e Realidade

"A imaginação é o mundo das causas,
A realidade é o mundo dos efeitos.
Nada foi criado pelo homem sem antes
Ter sido imaginado pelo próprio homem.
O homem cria as causas, a vida apenas ajusta os efeitos...
Cada criatura vive na faixa de sentimentos
A que melhor se ajusta.
Não há pensamento, uma palavra ou ação
Que não tenha eco...
Não espere tanto da vida,
Dê um pouco mais de você!...
Quem colhe sem semear furta de alguém que plantou.
Plante a cada dia,
Plante todos os dias
Fraternidade, paz, esperança e amor...
E aguarde,
Breve uma nova realidade para sua vida".

Lenilson Naveira e Silva.

MILHO DE PIPOCA

"A transformação do milho em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra dentes, impróprios para comer. Pelo poder do fogo, podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa – voltar a ser criança.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e de uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor.
Pode ser fora de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem o fogo o sofrimento diminui. E com isso a probabilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que a sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece. PUMI – e ela aparece como outra completamente que ela nunca havia sonhado. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa que o jeito delas de serem. A sua presunção e o medo são a casca dura do milho que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.
Terminando o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam peruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. As pipocas que estouram são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira.
O amor que acende a lua".

RUBEM ALVES.

domingo, 5 de outubro de 2008

A boa-nova

* Publicado no jornal "Diário da Manhã" em 04.10.08

A militância política pra mim tem gosto de esperança em prática. É muito divertida, emocionante, intrigante, desafiante, alucinante, desgastante, a militância política.
Tendo começado a minha, na luta pela piscina do Colégio Santa Clara, sempre estive nos movimentos de centros cívicos e acadêmicos escolares. Sempre em busca e na defesa da qualidade de vida, dos direitos humanos, da democracia, da emancipação do homem, da liberdade.
Ter estado no Diretas Já, na Praça Cívica, em 1984, foi decisivo para minha opção pela esquerda transformadora e democrática, que naquela época era tudo de necessário.
Como o italiano Antônio Gramsci, político, jornalista, filósofo e cientista político, acredito na cultura “como um meio privilegiado de superar o individualismo, de despertar nos homens sua consciência universal”. Gramsci dizia que junto às batalhas econômicas e políticas, a luta operária devia empreender a batalha cultural, que envolve valores e ideários.
Daí o papel da cultura, na ampliação de seu território para além das artes plásticas e cênicas, da musicalidade e da literatura, promovendo as idéias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões de conduta e abstrações que nos conduzam a um desenvolvimento qualitativo de nossa existência, em um mundo mais fraterno, com equidade social.
E acredito também que as revoluções começam nas idéias, sempre.
Compreendi, inicialmente, que o socialismo é um modo de vida. Gramsci dizia que “o socialismo é uma visão integral da vida: tem uma filosofia, uma mística, uma moral”.
Muito cedo li 1984, de George Orwell, e abominei as ingerências e arbitrariedades.
Em uma época, ia para o PC do B assistir filmes, quando era na Rua 3 do Centro, e acabei me filiando neste partido.
Sempre busquei me associar com quem fala a mesma língua que eu, embora busque a diversidade, sempre. Conhecer e conviver com diferentes me é muito aprazível e necessário, mas na política, preciso de encontrar sintonia para associação. O respeito, a amizade, o reconhecimento do ideário e dos princípios se revelam nas práticas, nos meios.
Não gosto de política de resultados, foco os processos. E sempre garanti os resultados; algumas vezes, os avessos almejados, quando as variáveis negativas se tornaram determinantes.
Paciência. Perseverança histórica é importante nessa hora. A luta revolucionária para a transformação social não será nunca em um repente.
É por isso que eu voto!
Preciso sempre acreditar e ver melhoras, avanços e conquistas, em nome da sociedade justa e fraterna da qual há muito se fala e pela qual há muito se luta.
Gosto do prazer de falar em algum nome, em gente que faz diferente daquela que conserva, em gente que luta, que cresce, que agrega.
Gosto de defender práticas políticas voltadas para a cultura, a participação, o turismo, o esporte e o lazer, enfim, para a garantia dos direitos humanos.
Andei procurando em Goiânia, em dia de semana, pelo centro da cidade, uma determinada peça, comum nas feirinhas de fim de semana, mas não encontrei.
Encontrei, em uma casa de artesanato goiano, propaganda de Gilvane e Jaqueline.
Vou votar neles. E em Kleber Adorno, para vereador.
Conheci Jaqueline em sua campanha para deputada, conheço um pouco do trabalho social que ela faz e Gilvane Felipe caiu nas graças de minhas crianças, pela propaganda e pelo discurso.
Sei da trajetória e dos conhecimentos de Gilvane, que também se iniciou no PC do B, além do quê, o PV, que o apóia, tem referências ideológicas importantes para mim.
E o prof. Kleber Adorno, sem comentários. Voto nele, tranqüila de sua capacidade de representação política no parlamento goianiense, por reconhecer seu trabalho em prol de uma política cultural efervescente e ainda, admirar seu conteúdo e bagagem política e filosófica.
Tenho quem me representa. Acredito na boa nova desses três candidatos e meus votos são deles!
Sem medo de ser feliz.