“Em toda sociedade civilizada existem necessariamente duas classes de pessoas: a que tira sua subsistência da força de seus braços e a que vive da renda de suas propriedades, ou do produto de funções onde o trabalho de espírito prepondera sobre o trabalho manual. A primeira é a classe operária; a segunda é aquela que eu chamaria de classe erudita.
Os homens da classe operária têm desde cedo necessidade de trabalho dos seus filhos. Estas crianças precisam adquirir desde cedo conhecimento e, sobretudo o hábito e a tradição do trabalho penoso a que se destinam. Não podem, portanto, perder tempo nas escolas.
(...) Os filhos da classe erudita, ao contrário, podem dedicar-se a estudar durante muito tempo; têm muita coisa a aprender para alcançar o que se espera deles no futuro. Esses são fatos que não dependem da vontade humana; decorrem necessariamente da própria natureza dos homens e da sociedade; ninguém está em condições de mudá-los. Portanto, trata-se de dados invariáveis dos quais devemos partir.
Concluamos então, que em todo estado bem administrado e no qual se dá a devida atenção a educação dos cidadãos, deve haver dois sistemas completos de instrução que não têm nada em comum entre si ”.
Destutt de Tracy (1802)
Prost, Antoine. “L’enseigmant en France de 1800 à 1967”. Paris: Armand Colin, 1968, in Cuidado, Escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas. Claudius Ceccon; Miguel Darcy de Oliveira; Rosiska Darcy de Oliveira. Apresentação Paulo Freire – Ed. Brasiliense. São Paulo, 1986
Da população economicamente Ativa (PEA) do Brasil:
18,4% começaram a trabalhar antes dos 09 anos de idade;
64,1% começaram a trabalhar antes dos 14 anos de idade;
84,2% começaram a trabalhar antes dos 17 anos de idade;
Menos de 20% da população tem mais de 11 anos de escolaridade
Mais de 1 milhão ( 1.006.422 ) de crianças de 05 a 09 anos trabalham;
Quase 3 milhões ( 2.817..889 ) de crianças de 10 a 14 anos trabalham.
Dados: Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílos ( PNAD ) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)
Elaboração: Anuário dos Trabalhadores
DIEESE – WWW.dieese.org.br
Divulgação: IIEP – Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas
iiep@uol.com.br / ( 11 ) 3337 6775
Um comentário:
Inevitavelmente, a classe menos favorecida não tem como alcançar melhorias e mudanças significativas, devido o despreparo profissional e a escassez de indivíduos com dom de poder influenciar e motivar. Assim, a classe abastada terá sempre o domínio, o comando, de todas as ferramentas capazes de modificar a vida dos mais pobres, o que, conseqüentemente, faltará o espírito e o desejo de transformar.
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