terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sampa

* Publicada em meu livro Quimera

Em um canto
Me sento no meio do banco
Pombos sobrevivem das migalhas
E o pão se transforma junto aos sons.
Sem vento, penso e o sol arde
Um momento
Estação Vergueiro.
Eu intento não parar
Voltar, passar, sentir, fluir
Santos e Agostinhos.
Um gosto solto
O trânsito louco
Um homem para
Pisa migalhas e eu vago
Não creio, indago
Migalhas amassadas,
Mais fáceis de engolir. Pisadas
Transformadas, voam ao vento
Escorrem na água
E o homem se vai
Arrebenta pipoca, vende, evoca.
Minha mente não para e pessoas passam
Param no meio das escadas,
Respiram sequenciam
Alguém morreu, morte inesperada
Outra antecederia
Não antecedeu.
Uma rosa por um Bolim
Chiclete, uma criança
Ganha lá atrás uma rosa na manha
Aqui a troca
Devagar se faz um buquê
Mora ali, pra lá estuda
Usa óculos. Talvez um decênio
Vôo rasante. Um pombo.
E lá se vai uma criança
Dentro do líquido amniótico.
Fora, a mãe com as mãos na barriga
Endurecida, talvez
Ela andava.
Pássaros cantam
Aqui também é primavera!!!

Outubro, 1990

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