domingo, 5 de agosto de 2012

Olha o PMN 33 aí, Goiânia!!!

* Artigo publicado no jornal Diário da Manhã, em 03.08.2012

Eu já tinha visto. Já conhecia o Bartolomeu Raizeiro desde quando era estagiária no gabinete do vereador professor Pedro Wilson Guimarães, quando a Câmara de Vereadores ainda era no Pathernnon Center. Também já tinha convivido com a companheira Janete na época em que estive a frente da campanha da professora Clélia Brandão, para o Senado. Pessoas sui generis e valorosas, da minha agenda.
No ano passado, quando me filiei ao PMN 33 – Partido da Mobilzação Nacional, estava muito certa de que, após receber convite de vários outros partidos, com vistas justamente à eleição que se aproxima, o PMN 33 é de longe, em Goiânia, o partido político que mais próximo está de uma política participativa, transformadora, libertária.
As raízes políticas e a representação do PMN 33 no legislativo goiano indicam isto.
Desde minha filiação, cada ato, cada encaminhamento que faço junto ao PMN 33, traduzem um respeito e um carinho louváveis, que jamais imaginei encontrar em um partido político, nestes tempos. Há camaradagem sincera, no PMN 33.
Enre as gratas surpresas que tive desde então, está o lançamento do nome de Elias Jr para Prefeito de Goiânia, em ato no Auditório da Câmara Municipal. Eu não o conhecia. Eu estava na composição da mesa, quando ele se dirigiu ao púlpito e começou a me impressionar profundamente. Naquele momento eu percebi nossas possibilidades.
Elias Júnior Prefeito de Goiânia é utopia, sim. Lembrando que, como disse Paulo Freire, “utopia não é o irrealizável, mas sim, o desejado que ainda não foi realizado”. Elias Júnior é a 3ª Via, sim. Lembrando que a terceira via não é uma questão de opção, mas sim de modus operandi.
Para Prefeito de Goiânia, apresentamos Elias Júnior, que é jornalista, deputado estadual. Filho da comunidade do Finsocial, de família humilde, batalhadeira, que veio do norte, rompendo barreiras em busca de melhorar de vida honestamente, através do trabalho. Elias Júnior, que muito cedo se posicionou profissionalmente de forma criativa, ao lado da população explorada, vilipendiada pelo sistema capitalista explorador.
Com a qualidade da Coligação Mobilização Popular tendo como Vice Prefeito o jovem Darlan Braz, presidente do PPS em Goiânia, que já foi gerente do Programa Renda Cidadã no Estado e diretor da Fundec (Fundação de Apoio à Escola Técnica, Ciências, Tecnologia, Esporte, Lazer, Cultura e Políticas Públicas), poderemos eleger um número suficiente de vereadores capazes de mobilizar Goiânia para um trabalho mais efetivo, na conquista da cidadania plena, da democracia para além do discurso.
O PMN 33 de Goiânia tem candidatos que representam todas as regiões de nossa cidade; candidatos com diversas profissões,variadas idades, opções culturais.
Sou candidata e quero ser vereadora, para realmente contribuir com minha cidade através de um trabalho decente, na Câmara de Vereadores de Goiânia. Que orgulhe cada goianiense e inclusive, minha família, que sempre me apoia e me motiva na conquista do meu sonho de uma sociedade realmente justa e fraterna. Que revele responsabilidade, criatividade e compromisso com a qualidade das políticas públicas oferecidas no município de Goiânia.
Quero não apenas ser eleita vereadora; quero participar da composição de um grupo político atuante, combativo, resistente às mazelas da política. Um grupo propositivo, pautado tecnicamente. Um grupo político essencialmente democrático; reflexivo, analítico, crítico.
Minha trajetória profissional e política denota o espírito coletivo que sempre norteia minhas ações, meus ideais, meus projetos. Sou assistente social formada pela antiga UCG, em 1993.
Fui idealizadora e co-autora do projeto de revitalização do centro de Goiânia, apresentado na primeira campanha vitoriosa de Luis Cesar Bueno para vereador em 1996 e no entanto, vemos nosso centro histórico degradado. Também data desta época, a primeira proposta de trabalho com adultos de rua em Goiânia, idealizada por mim e apresentada pelo vereador Luis César. Participei na construção e criação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social, quando efetivamos os CLAS – Conselhos Locais de Assistência Social, extintos na atual gestão; esta política não é reconhecida e praticada a contento, em Goiânia. Coordenei, com louros, o NUEC do Jardim Curitiba IV, após atuação como técnica do SOS Criança Desaparecida e do NUEC João Vaz, na extinta Cidadão 2000. Do mesmo modo, coordenei o PAIF – Programa de Atenção Integral à Família e o Projovem Adolescente, programas do Governo Federal, na SEMAS e fui Diretora Técnica no CIAMS Urias Magalhães. Tive a oportunidade de trabalhar em programa de habitação da CEF/BID em Trindade e também, na Ferrovia Norte Sul, em Anápolis. Trabalhei na SEGOV, na SECULT, na SMARH, no IMAS, na FUMDEC. Atualmente sou servidora da SMS, de Goiânia.
Quero apresentar, aprovar e efetivar em nossa cidade, projetos simples, exequíveis, voltados para a ampliação da participação social ou seja, projetos que desenvolvam a educação comunitária, o turismo social, a consciência ambiental, a geração de renda, a cultura cidadã.
Quero contribuir mais diretamente na fiscalização do poder público goianiense; na cobrança quanto à transparência e probidade administrativa municipal; no fomento da cultura e de uma economia frutuosa. Contra a burocracia, o bairrismo, os conchavos políticos e as ações sem respaldo popular.
Quero sugerir e suscitar novas idéias, conceitos e atitudes que venham contribuir com o desenvolvimento sustentável de Goiânia.
Conheça a Coligação Mobilização Popular em Goiânia.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Marconi Perillo, o Causador

*Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã, em 12 de junho de 2012


Este 12 de junho será sem dúvidas, muito importante para a História de Goiás, devido o depoimento do nosso Governador Marconi Perillo à CPMI da Operação Monte Carlo.
Estou a cada dia acompanhando mais o trabalho de Marconi Perillo, desde seu primeiro mandato como governador.
Seu carisma, sua disposição para inovar, sua firmeza de propósitos e seu dinamismo sempre me encantaram. Longe de pensar Marconi Perillo como santo ou salvador, penso-o como administrador, governante mesmo. Se ele para mim não é o maior, sem dúvidas, é The Best. Por isto ele conta comigo.
E também por isto ele tem sido tão citado. E claro, por estar envolvido com Carlinhos Cachoeira. Não por ser um homem público, um governador em terceiro mandato, ex-deputado, ex-senador.
A valorização do envolvimento do governador neste caso tem sido enfadonha, grotesca e sinistra.
Enfadonha por revelar tanto poder, a estas alturas, de uma esquerda que vem se fazendo golpista, maquiavélica, capaz de se fazer poder e de se manter nele, mas incapaz de desvelar a nova sociedade almejada, de recriar os meios e os fins políticos.
Grotesca por revelar tanta usura no intento de destruir um alvo por capricho. Por arrastar tantas situações suspeitas, até da própria alçada e camuflá-las, paralelamente ao alarde do suposto envolvimento do governador. Grotesca por desconstruir a própria imagem e as possibilidades da esquerda utópica, anunciadora das maravilhas que deram ascensão ao partido que está no poder, enquanto este, pensa que está atingindo o alvo imaginário. Nada quixotesco, porém, pois D. Quixote tinha bons propósitos.
E por fim, sinistra por revelar o poder e os recônditos do poder que mascara, que massacra e que se organiza para as conspirações, como na carona com o Movimento Contra a Corrupção, que foi nacional e captado pelos antimarconistas, que foram desmascarados na marcha dos 300, quando esperavam muito mais do que isto. Como na mídia insistentemente focada em Marconi Perillo, com tantos outros fatos e personagens em questão.
A própria PF tinha conhecimento há anos, da movimentação de Carlinhos Cachoeira e o GF mantinha/mantém negócios e amizades neste circuito. E ora, o professor Walter Paulo foi candidato do PTC que foi aliado de Íris/Paulo Garcia, que inclusive deram o autorizo para a derrubada do bosque do Jóquei Clube numa virada de ano, diga-se de passagem. O ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, que já responde por improbidade e é viga mestra nisto tudo também tem muito a ver com todos estes. Assim como outros governadores e muitos parlamentares e empresários.
Seguraram as atuais cenas durante os últimos três anos e tiveram escutas autorizadas como em programas privados ou canais fechados, mas enfim, o Brasil e o mundo estão autorizados a participar do quadro, que terá seu ator principal, Governador do Estado de Goiás – Marconi Perillo, em 12 de junho, no palco principal. Em cena ao vivo. Para além do Cerrado. Que seja o dia de um novo Fico.
Oxalá as respostas de Marconi Perillo desintegrem cada pedra, pedregulho que nele atirarem; que rompam os muros da hipocrisia arcaica, da política medíocre, raivosa, perseguidora e ignóbil.
Ora, no mínimo, estar contra Marconi agora, é favorecer uma turma perniciosa, que se acha.
Desejo, como muitos, que Marconi faça, como sempre, o seu melhor possível, neste 12 de junho. E que assim, termine seu mandato, cumpra o que se propôs. Que o vença, as urnas, caso mereça mesmo.
A intervenção que se quer em Goiás, com todo este arranjo em torno de Marconi Perillo é asquerosa, é um golpe no Estado democrático.
Por outro lado, penso que enfim, certamente teremos um depoimento lúcido, coerente, inteligente, esclarecedor, inda que o homem se encontre diante de cenário selvagem, inóspito e preparado com armadilhas.
E também, que este não deixa de ser um espaço e tanto. Só vendo.

domingo, 13 de maio de 2012

Minha mãe menininha

*Publicado no Jornal Diário da Manhã em 13 de maio, 2012
Complicado está sendo chegar aqui e não expor as maravilhas da minha mãe. Por menos que ela goste da exposição de sua figura. Sinto um desejo imenso de contar para todo mundo, o como a amo. Tenho certo pudor de dizer a ela Feliz Dia das Mães, pois sei que ela pode me dizer de novo: “– Feliz para você que tem a sua mãe!”. Ela é muito engraçada. E direta. Ia diariamente à casa de vovó. Mamãe não comemora a noite de Natal e de Ano-Novo. Ela reza. No outro dia, faz almoço. Mamãe reza muito. Tem seus horários, no dia. Todos os dias. Sempre foi assim. Minha mãe é colorida e brilha, como a do menininho da propaganda da TV. Entremeando seus fios de prata, estão seus cabelos de fogo. E ela me ensinou que Dia das Mães é todo dia. Sabendo disto, já deixei de presenteá-la, algumas vezes. Normal. Outro dia um colega contou, no elevador, que tinha ido almoçar na casa da mãe e claro, gabou a comilança. Fiquei pensando na minha. Naquele dia mesmo, mamãe me mandara o almoço. Manda lanche, jantar, sobremesas, presentes. Cabides, com as roupas que vão, para passar lá. Estou muito chateada comigo, pois não tenho ido a casa dela. Até hoje minha mãe me cuida. E do papai, de minha irmã, da casa dela. Só tem ajudante para a passação da roupa. É muito exigente. Ainda bem que conseguiu excelente marido. É muito amorosa. Casou-se muito cedo, aos quinze anos. Desde os oito, convivia com meu pai, em Jaraguá, pois são primos. Meu pai queria se casar com a mãe dela, mas ele tinha só três anos, quando vovó se casou e ela lhe prometeu uma filha, para que ele parasse de chorar, na porta da igreja. Mamãe fazia as tarefas escolares de uma amiga dela e esta amiga, arrumava a cozinha do almoço, para mamãe. A amiga hoje é médica. Mamãe, como sempre, dona-de-casa. Mamãe dá notícia de quase tudo. Lê muito e de tudo. É muito espiritualizada e sua casa tem um ar de alento, sua presença é fresca, harmoniosa. Gosta de escrever e tem uma sensibilidade incrível. Saca tudo da História de Goiás, conta casos incríveis. Da nossa família, sabe tudo. Os sensos ético e estético são apurados. Viveu um tempo com o padrinho, que fora juiz, delegado e seu mestre; estudou em colégio de freira. Talvez daí certa rigidez que se abrandou, com o tempo. Ás vezes, fala muito ou emburra. Mas nunca me condenou. Conheci minha mãe, ela usava micro saia. Foi a primeira mulher a usar maiô de duas peças, em Uruana. Mamãe faz o melhor bife com fritas do mundo. O melhor arroz, as melhores saladas, as melhores comidas e sobremesas e surpresas. Sempre fez. E tem o melhor cafuné, a melhor massagem. A voz mais doce. Ela é macia, “divina e graciosa”. Lembro-me dela com cabeleiras vermelhas e cacheadas, quando fez permanente. Lembro-me dela nos eventos da Maçonaria, com lencinho no pescoço, nas aulas de corte e costura e culinária, nos nossos aniversários, em instituições, nas nossas viagens e passeios e nas igrejas. É incrível como arruma rapidinho uma roupa, faz uns bordados lindos, é muito caprichosa. Uma colega dos tempos de Santa Clara comentou que quando éramos crianças ela se encantava com o jeito como eu ia arrumadinha, engomadinha, para a escola. Lembro-me de mamis em festas. Sorria muito mais, a mamãe. Contava muita piada, sempre foi meio “riguilida”, como diz. É altamente sociável. E sincera. Não é dada a obrigações, mas é cheia de considerações. E cheia de excelentes amizades. Penso nela menininha. Vermelha, encrenqueira. Sempre muito linda. Trabalhadeira. Sempre cheia de vontades. E de fé. Mamãe dava beliscões, puxões de orelha. Tapas. Cortava o uso do telefone, a televisão sempre foi controlada, as amizades também, toda a rotina. Mas a gente nem notava, só tentava obedecer. Vez em quando jogava coisas, dava na gente com um cinto que papai trouxe de Xavantina. Ô cinto dolorido, trançado... Coisa de índios. E até hoje, dependendo da conversa, não posso entrar no meio... Certa vez. ela passou doce de leite na cara da minha irmã, pois tínhamos tomado lombrigueiro e a mana deixou a marca do dedo no doce da geladeira... E uma vez me despejou na cabeça, calmamente, uma lata do açúcar refinado, onde eu colocara sal, sem querer, por cima. Costumo dizer que minha mãe me ensina a respeitar as mulheres. Que vida de mulher é difícil, complexa. Ensinou-me que ser gente não é ser perfeito e que ninguém é santo, nem mãe. Que a vida é lida e que “é o tempo que cura o queijo”. Mamãe ensina-me a ser mãe e eu agradeço a Deus, por isto. Preciso aprender tanto, ainda. Que Deus dê à minha mãe, o que de melhor houver neste mundo e na eternidade. Eu peço muito isto. Eu conto com isto, pois posso oferecer tão pouco, a ela. Que Deus nos abençoe, a todas as mães. Que os filhos sejam cada vez melhores e mais felizes. À mamãe, o meu maior amor, a minha eterna gratidão. E ao papai, que me garante a melhor mãe do mundo. Longa vida, saúde e paz!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Minha vida de petista

*Publicado no jornal Diário da Manhã em 10.01.12


“Você lembra, lembra!
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos...”
Roupa Nova

Eu me lembro com muita saudade das aulas de História do prof. Afonso Lyra, no Colégio Agostiniano, no início dos anos 80. Um dos fundadores do PT, ele foi a primeira referência que tive, deste partido político.
Participei do Diretas Já e em 1985 meu ex-marido e eu recebemos na EMBI, nossa escola de informática, o candidato do PT a prefeito de Goiânia, o prof. Darci Accorsi, por influência do meu compadre Simões, estudante de História, na época.
Veio daí minha admiração pelo prof. Athos Magno, em quem pude votar pela primeira vez, no final dessa década.
Em 1989 eu morava em frente ao Diretório do PT, no Centro, e estava a ver a preparação do bloco Lua Lá, que desceria a Av. Goiás, no desfile de rua, no carnaval, quando Darci Accorsi puxou-me e andou comigo até me conseguir um capuz preto para eu entrar no bloco que faria protesto em alusão ao assassinato de Chico Mendes. E assim eu desci a avenida no carnaval de Goiânia; foi a primeira das três vezes que fiz isto.
Logo em seguida surgiu uma viagem para São Bernardo, para o comício do Lula e eu fui. Foi tudo muito lindo, lembro-me até da lua, que eu via pela janela do ônibus. Jamais me esquecerei do Pinheiro Salles passeando e conversando comigo e depois, ficando sem a jaqueta de frio, para me emprestar, já que a minha ficara trancada no ônibus e não encontrávamos o motorista... Ao chegar a Goiânia, filiei-me ao Partido dos Trabalhadores.
Nesta época haviam as Sextas Culturais do Ivanor, do Pedro Tierra e uma febre de venda de artigos como camisetas, bonés e bottons com a estrela do PT.
Ganhei um brinquinho com a estrela do PT, do prof. Pedro Wilson, que veio a ser meu exemplo de fé, de humanidade e de grandeza. Eu também comprava e incentivava as compras junto às pessoas que eu conhecia.
Lembro-me que levei minha TV para acompanhar a apuração dos votos no diretório, junto ao Gutemberg e uma galera e minha mãe quase teve um treco, não gostava do PT na minha vida.
Foram muitas as campanhas, caminhadas, panfletagens, reuniões, comícios e encontros. Em meu segundo encontro, na antiga Câmara de Vereadores no Pathernon Center, levei meu talher para o almoço, pois não conseguia usar a colher que faziam com a tampa do marmitex. Era muita alegria, muita fé, muita esperança, muita teoria para a construção de um mundo melhor. Era muita gente boa pensando junto.
Muitas batalhas. Meu cunhado me deu uma linda botina feminina, para que eu pudesse ir e vir “mais a vontade”, segundo ele. Nesta época eu era estudante de Serviço Social. Eu andava muito, nos bairros, na cidade.
Na antiga UCG, minhas colegas do SER não valorizavam minha militância, pois criticavam o “aparelhamento” dos partidos políticos, das instituições...
Na campanha de Darci em 1992, comecei a avaliar algumas questões que me incomodavam e no segundo turno, apoiei Sandro Mabel. Meu pai quase teve um treco. Lembro-me bem dele me dizendo “-Mas minha filha, o Darci vai ganhar...” e eu dizendo que isto não importava. Eu até gravei na Stillus, uma fala sobre o porquê de não votar no PT naquele momento.
Eu falava aos quatro cantos, do dinheiro que entrou na campanha através do candidato a vice, da aliança, da descaracterização do Partido...
Depois, Pedro Wilson me conseguiu um estágio de pesquisa no IEL e assim, trabalhei com ele quando vereador. Como o meu salário rendia. E o trabalho também. Desenvolvi uma pesquisa sobre Movimentos Sociais e a apresentei no encerramento do curso, na disciplina de Pesquisa Social. Foi de uma riqueza imensa, esta época, em que o Pedro Wilson era “The Best” em análise de conjuntura. Tínhamos o Adérso.
Diante do ritmo exaustivo das reuniões, eu sempre fazia e levava pães de queijo, pão integral, café e suco de caju para oferecer “um agrado” àquelas pessoas que comigo compartilhavam sonhos e lutas.
Entre as campanhas, era ao redor de Pedro que eu ficava, embora tenha passado pela TM.
Engraçado que quando optei por militar na campanha de Juarez Lopes para vereador e alguém me disse para sair e apoiar outro mais forte, estranhei, pois entendia que tinha que contribuir com quem precisava...
Mais tarde, já formada, trabalhei na mega campanha de Luiz Antônio de Carvalho. Comecei de secretária dele, fui para a Agenda, depois para a Mobilização do interior e daí para a Comunicação, onde tive a satisfação de ter orientações de Pinheiro Salles e de Wilmar Alves. Almoçava com a falecida companheira Sueli Frassáit enrolando o arroz nas folhas de alface.
Trabalhei com Luis César em dois momentos. No primeiro, como professora substituta dele, que me convidou quando passava pelo gabinete do falecido Moura, na Assembléia e depois, na campanha de 1996 e no primeiro mandato de vereador. Muita articulação, leituras, pensamentos estratégicos, “bonecos” para jornaizinhos, organização de idéias e ações sem esquecer o violão, a música brasileira, o rock e a poesia.
Aí me afastei do PT, mas no fim do primeiro turno da campanha de Pedro Wilson para prefeito procurei por ele e voltei à militância petista.
Na campanha de 2002, pedi demissão da Cidadão 2000 e assumi o trabalho à frente do comitê da profª Clélia Brandão ao Senado, convidada pelo prof. Daniel da antiga UCG e pelo falecido amigo Gil, da CUT; nesta campanha apoiei Paulo Garcia, candidato à Deputado Estadual. Clélia Brandão teve em torno de 400 mil votos e o Lula foi eleito. Depois, fiquei nove meses desempregada.
Passada a campanha do Gil para vereador, percebi que precisava sair do partido, mas veio o “mensalão”. Então, resolvi ficar mais um pouco, para não me sentir uma ratazana. Fui a primeira pessoa a falar em público sobre a hipocrisia disto, em uma reunião do Pedro Wilson. Depois desta reunião, lembro-me da última longa conversa com o Gil, na porta do IFTEG, sobre isto e sobre a campanha dele.
Em 2007 me desfiliei do PT. Mas não foi por desilusão ou arrependimento ou coisa parecida. Sou profundamente agradecida por um bocado de coisas que vivi junto ao PT e não nego.
Na última Conferência de Mulheres, foi estranho ver Carmem Síria sem saber se me oferecia ou não uma estrelinha; mas foi muito bom revê-la e também rever a mulherada que segura este movimento.
Nada me faz entender o porquê das atuais alianças do PT de Goiás. Tampouco os discursos chinfrins que aparecem na mídia ou os comportamentos iracundos que revelam mediocridade, onde antes aparecia uma oposição com um brilhantismo e uma esperança cativantes e invejáveis.
Quando eu era petista, havia até um modo petista de governar.

A população de rua em Goiânia e a assistência social

* Republicação de artigo publicado no jornal Diário da Manhã em 18.09.10. Republicado em 05.01.12

Se por um lado a Assistência não pode obrigar ninguém a “aceitar ajuda”, por outro, tem o papel e deve ter a competência para mostrar a quem está na rua, que tem algo melhor que a rua, para oferecer. Tem que ter competência para o convencimento através do diálogo, de uma relação honesta, pautada nos princípios da Assistência Social. Tem que ter mesmo, o que oferecer.
Como diz a profª Cida Skorupski, “ninguém, em sã consciência prefere a rua a uma caminha arrumada, limpa, um alimento quentinho, saboroso, uma casa aconchegante...”.
É preciso conhecer de confusão mental, de miséria, de sistema explorador, prá se ter competência em Assistência Social, que não faz tratamento psicológico, mas encaminha... Que não é filosofia/sociologia, mas se utiliza destas ciências, para compreender na totalidade, os fenômenos sociais.
A visão de trabalho social que permeava as extintas Cidadão 2000 e Casa Ser Cidadão (que trabalhavam as questões de crianças/adolescentes e adultos em situação de riscos socioeconômicos em Goiânia) sabia bem disso: de relações honestas, sem medo, com cuidados, mas horizontalizadas. Esta visão não escolhia usuário, não impedia de entrar nas casas de acolhida, pessoas que usam drogas (lícitas/ilícitas) ou que são agressivas ou que furtam. Estas eram o público-alvo. Sabia-se como lidar com elas.
Temos, na atualidade, profissionais que têm medo... Falta de perfil, de preparo e ainda, excesso da visão e de argumentos que fazem da Assistência Social solidariedade/caridade e que imprimem a esta política, um caráter “solidário e amoroso” que se diluem quando os resultados não revelam o almejado, quando o enfrentamento exige “abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos”, conforme exige o Código de Ética da profissão.
Na “Casa de Acolhida” de Goiânia moram “pessoas com feridas”, problemas de saúde, que “não têm para onde ir”... Não tenho dúvida de que este trabalho está equivocado.
No Natal de 2009 apareceu no jornal da TV, uma moça dizendo da maravilha que é ter onde ficar, dormir, comer e até agradecendo por ter conseguido lá, um novo marido... Mais de 200 pessoas ali, sem ter gastos...
Claro que Goiânia está muito atrativa para moradores de rua, por isto está cheia deles! O danado é que isto não traz dignidade e a PNAS orienta para o direito à convivência familiar e comunitária, tendo havido inclusive uma Audiência Pública neste sentido, no Auditório do Ministério Público em 08/12/09.
Não se reconhece a importância norteadora do Movimento Nacional de População de Rua e da Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua no desenvolvimento desta política.
Enquanto a SEMAS pede “ajuda” à população, através de campanhas de doação, a devolução de verbas ali é constante, por falhas de planejamento e por falta de projetos.
Saliente-se aqui, que a política de doações (recebimento/redistribuição) da SEMAS é assunto para outro momento.
Não haverá sucesso nas políticas sociais goianas enquanto o poder público não se atentar para o fato de que as políticas sociais devem acontecer em conexão entre o social (histórico), o econômico e o ambiental, estabelecendo relações entre as particularidades dos problemas, que não começam e nem terminam em si.
É preciso uma atuação articulada, multiprofissional e intrasetorial, com outro olhar e agir, que sejam capazes de superar o assistencialismo e a ineficiência dos programas atuais no que diz respeito à construção da emancipação e da inserção social.