"Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança. Não há utopia verdadeira fora da tensão entre a denúncia de um presente e o anúncio de um futuro à ser criado, construído, política, ética e esteticamente, por todos nós. " Paulo Freire
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
O TEDx Gyn e alguns aprendizados para um mundo melhor
*Publicado no Jornal Diário da Manhã em 03/02/2015
Participei, em 2014, do TEDx Gyn, que foi realizado no Cine Goiânia Ouro.
É um evento anual que reúne pensadores, empreendedores, artistas e ativistas para compartilhar idéias que fazem a diferença na construção de uma sociedade melhor, sob o lema “Idéias que merecem ser espalhadas” e o tema "Unidade na Diversidade".
Oportunidade ímpar para mim, que estou há muito tempo afastada de grupos de estudos, discussões e filosóficos, ávida para retornar a este mundo de esperanças e realizações na busca do Bem comum.
Evento com padrões e alcances internacionais, o TEDx Gyn foi extremamente agradável, fluido, rico e frutuoso.
Várias personalidades locais e de fora, transmitiram a nós, da platéia, conhecimentos inovadores e renovados; refizemos valores e fomos provocados para termos olhares críticos e pensamentos positivos, criadores. Também renovadores, foram as paradinhas para as prosas com lanches super caprichados.
Rafael Barbosa, engenheiro mecatrônico, falou sobre a necessidade da descentralização de recursos no atual sistema de produção capitalista e da força dos bancos, que dominam toda a rede produtiva, encarnando o verdadeiro poder hegemônico no país.
Falou também, sobre as “plataformas de multiserviços e produtos”, empreendimento no qual ele está atuando e que conecta, em rede, diversos interesses e campos profissionais, facilitando o cotidiano e ampliando a qualidade de vida.
Ativista política na Argentina, Pia Mancini, através de um telão, expôs a ferramenta Democracy OS, enquanto forma de articulação alternativa que substitui “vácuos de poder” no enfrentamento dos desafios que, segundo ela, são, principalmente, culturais, e não tecnológicos, já que os partidos não estão dispostos a mudar a forma como decidem.
Pia Mancini falou sobre seu sistema político de 200 anos, apontando nele, a falta de representatividade pela falta de diálogo; um sistema no qual representantes apenas se representam e que não admite lugar para todos à mesa. Que “utiliza ferramentas de ontem, na solução de problemas de hoje”.
Também, Pia ressaltou que o Democracy OS fundamenta decisões com a ampliação do conhecimento e da participação social.
A pedagoga Simone Guedes, que também é escritora, recorreu a Nelson Mandela para despertar a crença e a possibilidade de mudanças quando se quer “mudar o mundo”, frisando a necessidade da atenção, do respeito, da valorização e do estabelecimento/fortalecimento de vínculos , nos processos educativos. Falou, com restrições, da terceirização da Educação, pela família e a sociedade, já que elas delegam à escola, a “missão” de formar boas pessoas. Ressaltou a importância do fortalecimento das famílias frente à atual realidade, que revela que no Brasil, apenas 25% dos pais acompanham a rotina escolar de seus filhos, enquanto que nos países ricos, esta taxa chega a 65% e lembrando o ideal, que é o fato de que, além de estar presente nas lições escolares, a família precisa promover a cooperação e o bom convívio familiar, que são os pilares da segurança emocional e do sucesso do indivíduo adulto.
Citou Rubem Alves e evocou escola, família e sociedade juntas, para a construção de um mundo melhor.
Tivemos a presença do educador físico, mestre em educação, prof. Altemir Dalpiez que falou com muita propriedade sobre os desafios da Educação no Brasil, lembrando que repetiu a antiga 6ª série, atual 7º ano, por três vezes. Ele nos contou: “_Eu suportava a escola e ela, a mim, até a 6ª série...”.
Prof. Altemir valeu-se de sua trajetória escolar para nos fazer refletir sobre medos, descrenças, paixões, expectativas, frustrações, alegrias e descobertas, através do processo educativo que precisa ser reconhecido e tratado como processo vital e para a vida.
Falou de seu crescimento e auto-afirmação através do futebol, na escola e depois, quando começou a liderar grupos futebolísticos e de como criou uma “escolinha”; de suas ricas experiências nesse campo, desde quando descobriu o “poder do apito”.
Reclamou pelo fato de que a escola “tem uma parcela de culpa pelo medo que as pessoas têm de falar em público”. E também, da distância que existe entre a escola e a realidade, sendo que estas diferenças castram, com o tempo, a capacidade de os indivíduos “decifrarem os códigos” da vida na prática, ressaltando ser fundamental, o conhecimento da realidade, para a sua mudança.
Criticou veementemente o sistema avaliativo escolar que não permite provas de consulta, dando vários exemplos de que “a sociedade faz consultas o tempo todo”, inclusive nas provas universitárias, evidenciando a interatividade e a capacidade crítica enquanto alavancas para as mudanças sociais que preconizamos, e ainda, evidenciando que “cabe ao professor provocar o espanto”, citando Rubem Alves.
O ativista dos direitos humanos, Sr. Iradj Roberto, que também é mestre em engenharia eletrônica marcou presença provocando a todos defendendo a certeza de que “compomos uma única espécie: a humana”.
Apontou como um grande desafio para a humanidade, “a visão do todo social”.
Citou Gilberto Freire questionando a “cordialidade” entre negros e brancos e colocou na bandeira da luta pela igualdade racial, a chance de rompermos com as desigualdades que agridem e que nos saltam aos olhos, lembrando, que mesmo não tendo a pele negra (e que isto era um contrasenso para alguns) e sendo ativista deste Movimento, sabe que “não pode se apoderar das causas sendo um “analista branco”.
O Sr. Iradj nos contou que deixou de acreditar no mito da democracia racial no Brasil, ao observar a ausência de negros nos lugares um pouco mais “refinados” em que estava, nas esferas de poder, nos campos de intelectuais.
Citou, neste sentido, a lógica da anestesia pelo SUS, que privilegia mulheres brancas por entender que “as negras são mais fortes”.
Myrella Brasil, bióloga, mestre em biologia molecular e pesquisadora na área de genética, “pazeou” em cima do tapete vermelho, como ela poderia dizer.
Contou-nos sobre sua mudança com marido e filhos, para a cidade interiorana e espiritualística de Alto Paraíso em Goiás, pensando em ajudar e afirmando ter sido ajudada, pois saiu da rotina de stress em que vivia com sua família, sendo que a primeira lição foi a de aprender a “estar junto”, realmente, vivenciando a simplicidade e priorizando o “ser”, percebendo a “multiplicidade que vira unicidade”. Revelou que isto só foi possível quando percebeu que temos vários “eus” que brigam pela posse de uma unidade comum, no exercício do autoconhecimento.
Para ela, esta é a forma de sermos seres íntegros, integrais, e não em pedaços. Salientou que precisamos entender o que “nossos eus” nos dizem, entender quem somos e principalmente, que precisamos ser mais humanos.
Myrella Brasil afirmou que a gratidão é sempre uma forma de reverência ao criador e à Sua obra, e nessa linha, ressaltou a importância de buscarmos sempre o carinho, o respeito e o amor para conosco mesmos, sendo que para um mundo melhor, temos que, a cada dia, nos transformar também, em pessoas humanas melhores, mais conscientes das diversidades do universo e mais juntos, nessas diversidades.
Francisco Carlos Gomes, mestre em psicologia social, falou conosco sobre o sentido da vida e o medo da morte, afirmando os sofrimentos físico, dimensional, social e espiritual da morte e citando Victor Frankel, que nos diz que, apenas uma faísca de sentido pode romper com um dos elementos da tríade trágica da vida: sofrimento, culpa e morte.
Salientou que o trabalho com pessoas fragilizadas por terem “perdido o sentido da vida”, como por exemplo, um paciente de câncer, ou alguém que tenha sofrido uma desilusão amorosa grave ou uma perda muito significativa na vida, é preciso que se mude o campo de visão dessa pessoa para que ela tenha novas dimensões e alcance novos interesses, expectativas e situações de conforto.
Dr. Francisco explicou que a idéia da morte pode nos salvar, pois pensar que vamos nos acabar a qualquer momento pode nos levar a realizar ações com sentido e a vivenciar mais e melhor o hoje, o agora.
José Eduardo da Silva, assistente social, mestrando e ativista dos Direitos Humanos, falou do fato de que todos somos frutos de discursos que negam direitos através de violações maquiadas que favorecem quem viola os direitos, apesar das lutas contra o racismo e pela diversidade cultural, revelando exemplos próprios, como quando sua mãe, negra, fora tida como trabalhadora da própria casa, por um vendedor desconhecido, que lhe batera à porta, indagando pela patroa.
José Eduardo falou da luta pelo reconhecimento quanto à discriminação racial não só de negros, mas também de índios, ciganos e de todas as minorias; falou da importância dos espaços institucionais para a força dos movimentos de defesa dos Direitos Humanos e citou Milton Campos para afirmar que tão importante quanto o Movimento Negro é o negro estar em movimento, pois que a luta é permanente.
José Bosco Carvalho, publicitário, eletrotécnico, poeta e socioambientalista que se auto-intitulou como “biodesagradável”, traduziu a sustentabilidade em duas palavras que devem estar associadas: tolerância e respeito; falou sobre suas experiências neste campo de estudo, afirmando que o mais valioso aí, são atitudes simples e rotineiras, que infelizmente não estão sendo valorizadas.
Marcela Uliano, bióloga e doutoranda do Instituto de Biofísica da UFRJ, falou sobre a maravilha que é o fato de “código da vida” estar contido em apenas 4 variáveis: "_Todo ser vivo vem de um único código da vida: ACTG”.
Encantadora e impressionante. Além de sua narrativa, apresentou-nos um power point que foi uma viagem, sobre o Código da Vida e a luta por um mundo melhor.
Marcou muito criticamente, três indicadores fundamentais básicos para o trabalho na construção deste “mundo melhor”. A redistribuição da renda, a educação sexual e o saneamento básico, afirmando que as iniciativas científicas devem ser respostas às mudanças sociais necessárias para esse mundo melhor, sendo estes dois, pilares básicos desta construção.
Além do estudo, Marcela prega a divulgação do pensamento científico, que firma os valores em fatos e evidências e assim, pode contribuir na construção de um mundo melhor, mais igual e sem preconceitos.
Também através de um telão, Pico Iyer, romancista inglês, filho de pais indianos, que cresceu na Califórnia e está radicado no Japão, figura enigmática em sua simplicidade, falou sobre a importância do “ir a lugar nenhum”, do “ficar quieto”. Falou de como perdemos contato conosco mesmos.
Citou o consultor irlandês Kevin Kelly e os necessários “shabat da internet” e também, Allan Cohen e o “poder das idéias antigas”, garantindo e mostrando como, “em uma era de aceleração, nada é mais emocionante e necessário do que ir devagar”.
Para finalizar, Dulce Magalhães, que é ‘tecelã’ da Rede UNIPAZ e uma das 100 Lideranças da Paz no Mundo pela Geneve for Peace Foundation; trabalha na elaboração de um Programa Global de Cultura de Paz, coordenado por Bill Clinton, ex presidente dos EUA, e nos chamou à espiritualidade nos contando uma história sufi, de peixes, e a busca cega que tinham, para falar sobre crenças, irrelevâncias e a verdade da realidade da vida, que é o que é, traçando-a como uma ponte entre o nascimento e a morte.
Dulce concentrou a importância da vida na interface ser feliz e fazer feliz.
Discorreu sobre os corações pesados e a leveza do “Ser”; sobre o perdão, que significa “abrir mão” de uma carga, um peso.
Disse-nos que a sintonia básica da paz é a gentileza, lembrando que a palavra religião vem da palavra religare, o que quer dizer que a religião deve ser um meio, um canal, um elo de ligação com o Deus Criador, com o Universo.
Finalizou agradecendo e dizendo-se feliz por perceber que “nós somos loucos, mas não somos poucos”.
Além de contemplar-nos com as falas, o TEDx Gyn 2014 nos ofereceu um ambiente amoroso e informal, embora muito organizado.
Sam Cyrous, que é psicólogo, professor e curador do Evento, está de parabéns, juntamente com Arthur da Paz, Flávia Moiana e toda a equipe, e claro, parabéns também as parcerias que contribuíram com o evento.
Fico querendo um evento de participantes, em que possamos falar sobre o que ouvimos, contrapondo com o que vivenciamos. Seria lindo, também.
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Carta Aberta à Draª. Walderez Loureiro, Mestra no Serviço Social
*Publicado no Jornal Diário da Manhã em 29/01/2015
À par de meus cumprimentos, utilizo-me deste meio para solicitar o posicionamento da senhora quanto ao pedido que protocolei no CRESS/GO-19ª Região, no ano que passou, conforme fui orientada pela administração do mesmo. Muito aguardei, após o telefonema que a senhora me fez, quando conversamos longamente e a senhora me garantiu que providências já estavam sendo tomadas. Um ano se passou. A nova gestão, eleita com apenas 20% dos votos válidos e por isto, ao meu ver, ilegitimamente, após novos reclames meus, chamou-me à sede do Cress/GO, onde meu filho primogênito e eu estivemos conversando por horas com a Presidente e a senhora Ana Maria Trindade. Ambas reiteraram a garantia das providências e a compreensão quanto à minha situação e solicitação. No entanto, nada aconteceu, ainda. Dirijo-me à senhora, diante do respeito e da admiração que nutro pela sua qualidade como profissional do Serviço Social. Nos idos tempos dos anos 80, na antiga UCG, falava-se muito no SER, sobre sua trajetória e intelectualidade. Acompanhei o trabalho da senhora quando retornou do doutorado na Europa e quando atuou junto à gestão do Prof. Pedro Wilson, na Prefeitura de Goiânia. Não sei se a senhora continua atuando na PUC. Embora o Cress tenha mudado a gestão, recorro à sua palavra, pois ainda acredito em palavra empenhada. Estranho muito o silêncio do Cress, que já não me responde. A Presidente do Cress trabalhou comigo quando coordenei o PAIF, na antiga Fumdec e conhece minha seriedade e dedicação no Serviço Social. Sendo profissional, não deveria recuar da própria palavra também, pois está ferindo nosso Código de Ética internamente, como se já não bastasse a negligência deste Conselho profissional quanto à divulgação, para as autoridades e a sociedade em geral, de informações sobre nossa atividade laboral e quanto à precariedade das condições de trabalho e dos serviços da Assistência Social nesta 19ª Região. Isto, mais me fortalece, no sentido de buscar a honra de nossos preceitos éticos, políticos e metodológicos, conforme nossos compromissos profissionais, pois é uma maneira de deflagrarmos uma luta para o entendimento da Reconceituação do Serviço Social em busca do respeito a uma Assistência Social fidedigna, coerente com nossas prerrogativas. Se sequer nos respeitarmos enquanto profissionais dentro de nossa própria categoria, é natural que não sejamos respeitados fora, nas instituições nas quais trabalhamos, com nossas chefias desavisadas e ignorantes de nosso papel e de nossas lutas históricas. Conto com a compreensão da senhora e a atitude, no sentido do encaminhamento de minha solicitação, com o cumprimento das palavras que a mim foram empenhadas. Sem mais, no momento, agradeço a atenção desejando-lhe um 2015 repleto de bençãos realizadoras. Atenciosamente.
À par de meus cumprimentos, utilizo-me deste meio para solicitar o posicionamento da senhora quanto ao pedido que protocolei no CRESS/GO-19ª Região, no ano que passou, conforme fui orientada pela administração do mesmo. Muito aguardei, após o telefonema que a senhora me fez, quando conversamos longamente e a senhora me garantiu que providências já estavam sendo tomadas. Um ano se passou. A nova gestão, eleita com apenas 20% dos votos válidos e por isto, ao meu ver, ilegitimamente, após novos reclames meus, chamou-me à sede do Cress/GO, onde meu filho primogênito e eu estivemos conversando por horas com a Presidente e a senhora Ana Maria Trindade. Ambas reiteraram a garantia das providências e a compreensão quanto à minha situação e solicitação. No entanto, nada aconteceu, ainda. Dirijo-me à senhora, diante do respeito e da admiração que nutro pela sua qualidade como profissional do Serviço Social. Nos idos tempos dos anos 80, na antiga UCG, falava-se muito no SER, sobre sua trajetória e intelectualidade. Acompanhei o trabalho da senhora quando retornou do doutorado na Europa e quando atuou junto à gestão do Prof. Pedro Wilson, na Prefeitura de Goiânia. Não sei se a senhora continua atuando na PUC. Embora o Cress tenha mudado a gestão, recorro à sua palavra, pois ainda acredito em palavra empenhada. Estranho muito o silêncio do Cress, que já não me responde. A Presidente do Cress trabalhou comigo quando coordenei o PAIF, na antiga Fumdec e conhece minha seriedade e dedicação no Serviço Social. Sendo profissional, não deveria recuar da própria palavra também, pois está ferindo nosso Código de Ética internamente, como se já não bastasse a negligência deste Conselho profissional quanto à divulgação, para as autoridades e a sociedade em geral, de informações sobre nossa atividade laboral e quanto à precariedade das condições de trabalho e dos serviços da Assistência Social nesta 19ª Região. Isto, mais me fortalece, no sentido de buscar a honra de nossos preceitos éticos, políticos e metodológicos, conforme nossos compromissos profissionais, pois é uma maneira de deflagrarmos uma luta para o entendimento da Reconceituação do Serviço Social em busca do respeito a uma Assistência Social fidedigna, coerente com nossas prerrogativas. Se sequer nos respeitarmos enquanto profissionais dentro de nossa própria categoria, é natural que não sejamos respeitados fora, nas instituições nas quais trabalhamos, com nossas chefias desavisadas e ignorantes de nosso papel e de nossas lutas históricas. Conto com a compreensão da senhora e a atitude, no sentido do encaminhamento de minha solicitação, com o cumprimento das palavras que a mim foram empenhadas. Sem mais, no momento, agradeço a atenção desejando-lhe um 2015 repleto de bençãos realizadoras. Atenciosamente.
Por entre pensamentos grandiosos, pedantismos e viscosidades
*Publicado no jornal Diário da Manhã em 10/01/15
Ter estudado em bons colégios católicos, me garantiu boa formação cristã e fui bem despertada para o interesse no conhecimento. Em casa, desde pequena, vejo meus pais lendo jornais, livros, revistas, fazendo palavras cruzadas, conversando sobre diferentes assuntos e sendo solidários às causas que lhes chegam, sempre participando das questões em voga. Quando pequena e até certo tempo, tive alguma dificuldade com questões relativas à localização/espaço. Também tive a fama de ser lerda, polêmica, briguenta. Outro dia, no trabalho, reencontrei uma colega de universidade que me indagou se continuo “doidinha”; muitas pessoas na faculdade me acharam doidinha, apenas porque eu desafiava e aceitava desafios àcêrca dos pensamentos. Agora, pasmem: outro dia, eu chegava ao caps, meu local de trabalho, quando também chegavam três motoqueiros muito barulhentos, sendo que um deles acelerou seu motorzão várias vezes, na porta do estabelecimento, depois de quase me atropelar na calçada, o que me obrigou a entrar reclamando, por entre eles e chamando a atenção dos mesmos, diante de tanta balbúrdia. Haviam outros “moços” do porte deles, lá na entrada, aos que eles se juntaram. Eles galhofaram da “represália”, concordando comigo. Pois, pois: Ao adentrar meu recinto de trabalho, reencontrei ali, conversando com minha diretora, a colega assistente social, que já era policial à època da universidade. Soube que ela estava ali, com os “moços” barulhentos lá de fora, para entenderem melhor o serviço realizado pelo Caps AD, já que a cidade deles, na região metropolitana de Goiânia, estaria implantando um; então, entendi que todos eles seriam policiais e que ali estavam, à paisana, para uma atividade meio que “extra”... Por fim, quem os recebeu e conversou com eles, de pé, ali, na entrada, pelo lado de fora mesmo, em decorrẽncia da falta de espaço, fui eu, em um papo descontraído e muitíssimo proveitoso. Cumprimentei a todos pelo desprendimento para o conhecimento sobre o que é o trabalho psicosocial em saúde mental, e à colega, pela iniciativa, que deveria ser mais sistemática e institucionalizada, para estudos e atividades comuns. Foi uma experiência inusitada, como muita coisa, em minha vida. Estranhamente, também sempre fui considerada boazinha, pacífica, serena. Intelectual. Recentemente passei a ser considerada engraçada. Engraçado, isto. Comigo mesma, sempre que sentia-me sutilmente oprimida, entalada, fora de lugar, fora do eixo, ia tentando me adequar, sem me descaracterizar, claro; e ainda é assim. Nunca me importei com o que pensam ou dizem sobre mim, embora sempre preste muita atenção em mim e nas pessoas. Já falei mais de mim, quando perguntavam. Hoje me cansei das estorinhas e falo bem menos; quase nada. Também sou muito avessa a falar de pessoas, de modo fofoquento, embora goste de ler, eventualmente, notícias da vida alheia. O ser humano me interessa. Li muito e conversei muito também. Nada muito direcionado, nada de buscas específicas, tudo conforme as possibilidades. No início do ano 2000 já havia publicado cartas e artigos, em jornais, sobre assuntos de meu interesse, geralmente voltados às questões relativas às políticas públicas; questões socioambientais. Só hoje entendo a razão dos vômitos e do mau estar que me causaram escrever alguns artigos, pois vejo que estão na contramão das idéias reinantes. Andar na contramão é sempre perigoso, mesmo no campo das idéias. Nunca me importei de ser chamada de doidinha, mas o boazinha me incomodou muito, durante um tempo em que observei se minha bondade era para garantir aprovações e/ou ganhos e comecei a me achar meio malvada, por não me dispor a trocar bondades, algumas vezes, neste mundo de meu Deus. Também percebi que muitas vezes deixava de ousar, como quando criança, quando eu via que a ousadia de minha irmã mais velha lhe rendia alguma represália. Comecei a tomar remédio controlado muito cedo, depois de um acidente no qual minha cabeça levou uma pancada. Ao ficar noiva, larguei-os por conta própria; detestava remédios. E também, as injeções para anemia. No ano passado, depois de uma crise longa de fibromialgia, sem médico reumatologista, nem ortopedista, nem acupunturista e nem neurologista, encontrei um psiquiatra que me diagnosticou com bipolaridade; estava muita mal à época e não me importei com o diagnóstico, até brinquei, dizendo que até a Terra é bipolar e justificando com minhas múltiplas tarefas e funções e com o fato de que minha vida tem sido muito instável, nas últmas décadas. Comentei que já sabia, mas que sempre conseguia manter-me no polo positivo, mas que naquele momento, não estava dando. Eu estava muito dorminhoca, chorona e agressiva, nas palavras. Posteriormente, um primo psiquiatra disse-me, quando fui à clínica dele visitar um “impaciente” querido, lá do meu trabalho, que eu seria hexapolar, mas que eu estava ótima... Rimos um bocado. Gostei muitíssimo, dele. Esse primeiro psiquiatra que citei, deixou de atender por estar convalescendo, após ter sofrido um acidente ciclístico terrível, onde batera a cabeça. Passei por outros e outras medicações que não deram certo e alguns neurologistas, até que um me pediu um mapa cerebral. Embora tenha dado um resultado muito insignificante para os médicos, todos me receitam medicamentos com os quais não me adapto. Nenhum explica realmente o resultado do exame. Estive estudando os termos que encontrei no exame e comparando com os resultados que tive, na infância. Voltei a me interessar por leitura, com isto, mas até compreender que teria uma sobrevida de cinco anos, aconteceu. Pensei nos parentes próximos, de saúde mental comprometida e em meus pais, que são primos. Compreendi o valor do Ferro para o cérebro, e que talvez, eu tomasse remédio para anemia na infância, por recomendação psiquiátrica... Desisti de entender os exames e de tomar os remédios, por hora; estou conseguindo controlar um pouco, os “gatilhos” que desencadeiam os sintomas da fibromialgia, que é o que incomoda. Fiquei mais de mês em terapia, com psicóloga. Nesse processo, confirmei que realmente, as luzes do belíssimo show de Paul McCartney tiveram influência no comportamento que tive, nos dias que se seguiram. Li um pouco sobre auras gástrica e extática e pensei sobre os soluços que tenho, em determinadas situações; e sobre as tonturas, a quietude e sobre o fato de ter ficado enxergando em preto e branco, há três anos, sob forte stress. Sobre os momentos e experiências que eu considerava como “espirituais”. Sobre o meu faro fino, a minha oralidade e a extrema gratidão que sinto, pelo que sou grata. Percebi em meu comportamento, um certo pedantismo, a viscosidade, a querelância. Admiti que sou faladora e que às vezes adquiro ares de arrogância. Tenho achado tudo muito interessante. Mas não quero deixar de lado minhas “idéias grandiosas”. Sinto por ter parado a medicação, mas não tolero muito os efeitos colaterais, ainda que os remédios me ajudem, inicialmente. Agora, novamente conseguindo organizar as ideias, não trabalho mais com saúde mental. Entendi, certa manhã, que deveria obedecer a outra parte que os médicos me recomendam e agora trabalho com turismo, esportes e lazer. Antes, eu dizia que me sentia muito em casa e agora, continuo assim. Acho, na verdade, que sou meio cigana. Feliz Ano Novo para nós!!!
Ter estudado em bons colégios católicos, me garantiu boa formação cristã e fui bem despertada para o interesse no conhecimento. Em casa, desde pequena, vejo meus pais lendo jornais, livros, revistas, fazendo palavras cruzadas, conversando sobre diferentes assuntos e sendo solidários às causas que lhes chegam, sempre participando das questões em voga. Quando pequena e até certo tempo, tive alguma dificuldade com questões relativas à localização/espaço. Também tive a fama de ser lerda, polêmica, briguenta. Outro dia, no trabalho, reencontrei uma colega de universidade que me indagou se continuo “doidinha”; muitas pessoas na faculdade me acharam doidinha, apenas porque eu desafiava e aceitava desafios àcêrca dos pensamentos. Agora, pasmem: outro dia, eu chegava ao caps, meu local de trabalho, quando também chegavam três motoqueiros muito barulhentos, sendo que um deles acelerou seu motorzão várias vezes, na porta do estabelecimento, depois de quase me atropelar na calçada, o que me obrigou a entrar reclamando, por entre eles e chamando a atenção dos mesmos, diante de tanta balbúrdia. Haviam outros “moços” do porte deles, lá na entrada, aos que eles se juntaram. Eles galhofaram da “represália”, concordando comigo. Pois, pois: Ao adentrar meu recinto de trabalho, reencontrei ali, conversando com minha diretora, a colega assistente social, que já era policial à època da universidade. Soube que ela estava ali, com os “moços” barulhentos lá de fora, para entenderem melhor o serviço realizado pelo Caps AD, já que a cidade deles, na região metropolitana de Goiânia, estaria implantando um; então, entendi que todos eles seriam policiais e que ali estavam, à paisana, para uma atividade meio que “extra”... Por fim, quem os recebeu e conversou com eles, de pé, ali, na entrada, pelo lado de fora mesmo, em decorrẽncia da falta de espaço, fui eu, em um papo descontraído e muitíssimo proveitoso. Cumprimentei a todos pelo desprendimento para o conhecimento sobre o que é o trabalho psicosocial em saúde mental, e à colega, pela iniciativa, que deveria ser mais sistemática e institucionalizada, para estudos e atividades comuns. Foi uma experiência inusitada, como muita coisa, em minha vida. Estranhamente, também sempre fui considerada boazinha, pacífica, serena. Intelectual. Recentemente passei a ser considerada engraçada. Engraçado, isto. Comigo mesma, sempre que sentia-me sutilmente oprimida, entalada, fora de lugar, fora do eixo, ia tentando me adequar, sem me descaracterizar, claro; e ainda é assim. Nunca me importei com o que pensam ou dizem sobre mim, embora sempre preste muita atenção em mim e nas pessoas. Já falei mais de mim, quando perguntavam. Hoje me cansei das estorinhas e falo bem menos; quase nada. Também sou muito avessa a falar de pessoas, de modo fofoquento, embora goste de ler, eventualmente, notícias da vida alheia. O ser humano me interessa. Li muito e conversei muito também. Nada muito direcionado, nada de buscas específicas, tudo conforme as possibilidades. No início do ano 2000 já havia publicado cartas e artigos, em jornais, sobre assuntos de meu interesse, geralmente voltados às questões relativas às políticas públicas; questões socioambientais. Só hoje entendo a razão dos vômitos e do mau estar que me causaram escrever alguns artigos, pois vejo que estão na contramão das idéias reinantes. Andar na contramão é sempre perigoso, mesmo no campo das idéias. Nunca me importei de ser chamada de doidinha, mas o boazinha me incomodou muito, durante um tempo em que observei se minha bondade era para garantir aprovações e/ou ganhos e comecei a me achar meio malvada, por não me dispor a trocar bondades, algumas vezes, neste mundo de meu Deus. Também percebi que muitas vezes deixava de ousar, como quando criança, quando eu via que a ousadia de minha irmã mais velha lhe rendia alguma represália. Comecei a tomar remédio controlado muito cedo, depois de um acidente no qual minha cabeça levou uma pancada. Ao ficar noiva, larguei-os por conta própria; detestava remédios. E também, as injeções para anemia. No ano passado, depois de uma crise longa de fibromialgia, sem médico reumatologista, nem ortopedista, nem acupunturista e nem neurologista, encontrei um psiquiatra que me diagnosticou com bipolaridade; estava muita mal à época e não me importei com o diagnóstico, até brinquei, dizendo que até a Terra é bipolar e justificando com minhas múltiplas tarefas e funções e com o fato de que minha vida tem sido muito instável, nas últmas décadas. Comentei que já sabia, mas que sempre conseguia manter-me no polo positivo, mas que naquele momento, não estava dando. Eu estava muito dorminhoca, chorona e agressiva, nas palavras. Posteriormente, um primo psiquiatra disse-me, quando fui à clínica dele visitar um “impaciente” querido, lá do meu trabalho, que eu seria hexapolar, mas que eu estava ótima... Rimos um bocado. Gostei muitíssimo, dele. Esse primeiro psiquiatra que citei, deixou de atender por estar convalescendo, após ter sofrido um acidente ciclístico terrível, onde batera a cabeça. Passei por outros e outras medicações que não deram certo e alguns neurologistas, até que um me pediu um mapa cerebral. Embora tenha dado um resultado muito insignificante para os médicos, todos me receitam medicamentos com os quais não me adapto. Nenhum explica realmente o resultado do exame. Estive estudando os termos que encontrei no exame e comparando com os resultados que tive, na infância. Voltei a me interessar por leitura, com isto, mas até compreender que teria uma sobrevida de cinco anos, aconteceu. Pensei nos parentes próximos, de saúde mental comprometida e em meus pais, que são primos. Compreendi o valor do Ferro para o cérebro, e que talvez, eu tomasse remédio para anemia na infância, por recomendação psiquiátrica... Desisti de entender os exames e de tomar os remédios, por hora; estou conseguindo controlar um pouco, os “gatilhos” que desencadeiam os sintomas da fibromialgia, que é o que incomoda. Fiquei mais de mês em terapia, com psicóloga. Nesse processo, confirmei que realmente, as luzes do belíssimo show de Paul McCartney tiveram influência no comportamento que tive, nos dias que se seguiram. Li um pouco sobre auras gástrica e extática e pensei sobre os soluços que tenho, em determinadas situações; e sobre as tonturas, a quietude e sobre o fato de ter ficado enxergando em preto e branco, há três anos, sob forte stress. Sobre os momentos e experiências que eu considerava como “espirituais”. Sobre o meu faro fino, a minha oralidade e a extrema gratidão que sinto, pelo que sou grata. Percebi em meu comportamento, um certo pedantismo, a viscosidade, a querelância. Admiti que sou faladora e que às vezes adquiro ares de arrogância. Tenho achado tudo muito interessante. Mas não quero deixar de lado minhas “idéias grandiosas”. Sinto por ter parado a medicação, mas não tolero muito os efeitos colaterais, ainda que os remédios me ajudem, inicialmente. Agora, novamente conseguindo organizar as ideias, não trabalho mais com saúde mental. Entendi, certa manhã, que deveria obedecer a outra parte que os médicos me recomendam e agora trabalho com turismo, esportes e lazer. Antes, eu dizia que me sentia muito em casa e agora, continuo assim. Acho, na verdade, que sou meio cigana. Feliz Ano Novo para nós!!!
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