sábado, 31 de maio de 2008

GARANTIA DE DIREITOS E COMPROMISSO COLETIVO PARA A PAZ

* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 23.05.2008

É tempo de compreendermos que a segurança pública implica em muito mais do que controle e combate da criminalidade e da violência. Segurança pública tem a ver com garantia de direitos. Está condicionada por variáveis diversas, é processo multidimensional e deriva do contexto sócio-econômico e cultural da sociedade.

A dimensão que quero aqui colocar, extrapola o âmbito da reatividade. Em 2004, foi divulgado por uma fundação ligada à UNICAMP, a UNIEMP (Fórum Permanente Universidade-Empresa), em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo, um estudo, sobre a relação entre o aumento da criminalidade e o desemprego, a estagnação econômica e a queda de renda, analisando “o nível de violência dos delitos versus o desespero econômico de quem os pratica”. Concluiu que a algumas modalidades de crime, corresponde um índice de desemprego de 85%.

Outros estudos relacionam o desemprego de jovens e de pessoas de mais de 40 anos, com a criminalidade, lembrando que os mais jovens têm na falta de experiência, o motivo de serem excluídos do mercado de trabalho e os maiores de 40 anos estão condenados, por este mesmo mercado, à velhice precoce.

Por outro lado, já funciona em algumas capitais brasileiras, a Justiça Restaurativa, e parece-me ser esta, uma prática que pode fazer a diferença na luta contra o círculo vicioso da injustiça e da violência. Na Justiça restaurativa, existe um olhar para o futuro, para a restauração do relacionamento, quer tenha se esgarçado na comunidade, na escola, na família ou no trabalho. Não importa tanto o culpar, o condenar, o delito passado, mas o que poderá resolvê-lo, ser restaurado na situação em foco.

O Dr. Egberto de Almeida Penido, Juiz de Direito em São Paulo, um dos precursores da Justiça Restaurativa, disse no 18º Fórum do Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz, que “é muito difícil haver uma paz externa se não houver uma paz interior”. Ele falou sobre não compactuarmos com qualquer violência, inclusive as nossas; falou também sobre as violências veladas e de como o Direito “cada vez mais se afasta do fim a que se destina, que é fazer justiça, e acaba por criar novos conflitos, retroalimentando a desarmonia social” .

Interessante observarmos que nos casos de Lucélia e Sílvia Calabresi e de Isabella com a família Nardoni, por diversas vezes, estas pessoas passaram por serviços de saúde e até de justiça e segurança pública, mas não foram percebidas, através de olhares atentos, profissionais, restauradores, capazes de identificar a dimensão integral da pessoa humana, dos conflitos vividos, das violências diárias, quer fossem físicas, emocionais ou sociais. Para estas pessoas, como para muitas outras infratoras em potencial, não houve delegacia, serviço de saúde, de assistência social, igreja, família, comunidade, colega de trabalho ou vizinho (a) que fosse capaz de perceber e “desmontar a bomba” que carregavam.

Aprendi faz tempo, que ao violar, a pessoa quase sempre já passou por diversas violações.

No caso de Sílvia Calabresi, tendo sido largada ao abandono das ruas, com a perda de sua família, aos cinco anos de idade, é fácil compreender a instabilidade à qual foi exposta e a dubiedade de seu comportamento como empresária bem resolvida, mas caloteira, pessoa caridosa, mas perversa, mãe zelosa, porém opressora. No caso de Anna Jatobá, por eu ser mãe de quatro filhos, imagino o que ela não passava com os dois pequenos, sendo jovem, estudante, convivendo com um marido impassível como Alexandre Nardoni, após ter se imiscuído na relação deste com a mãe de Isabella, já que Anna Jatobá inclusive havia buscado tratamento psiquiátrico e reclamava do choro das crianças, além de já ter sido registrado boletim de ocorrência entre ela e a própria família, em delegacia. No caso de Alexandre, é impressionante como seu pai o defende e o quanto ele, Alexandre, tem certeza de que se “sairá dessa numa boa”. Certamente o pai, advogado, já o tirou de muitas outras situações difíceis, até chegar nesta; por certo Alexandre nunca teve o direito de não se sair bem de uma enrascada.

O fato é que reduzimos muito o foco das atenções no caso das injustiças que vemos e que vivemos; em alguns momentos estamos tão reativos e não percebemos nem mesmo as violências que cometemos, diariamente, em atos e omissões; em outros momentos, assistimos apáticos, imobilizados, sem relacionar o fato à história que o desencadeou e às lutas diárias de todo mundo, não percebendo o outro como semelhante; e em outros momentos ainda, nos damos o direito do julgo, prontos para jogar pedra.

O que mais falta não é o rigor da lei, mas a efetividade dela. O Estado não pode ser poderoso em sua ação coerciva e omisso em sua responsabilidade social. A sociedade não pode continuar reclamando do Estado, como se não fizesse parte dele. A responsabilidade pelo estado das “coisas”, é de todos.

Uma aliança entre Estado e sociedade é fundamental neste momento, e toda a sociedade deve se mobilizar, sem maniqueísmos, buscando relações pacíficas e o enfrentamento político, legal e coletivo dos problemas que incentivam e aumentam a violência e a criminalidade, compreendendo a interface entre estes e, por exemplo, os problemas decorrentes da impunidade e da crise geral por que passam as instituições brasileiras.

O controle rigoroso da arma de fogo, a redução do efetivo nas funções administrativas, a investigação e a ação científicas, a extinção da carceragem nas delegacias e a remodelagem do sistema penitenciário, são procedimentos básicos a uma segurança pública que se proponha redefinir rotinas e instaurar a qualificação, a efetividade e a eficiência dos serviços, mas seu sucesso está intrinsecamente ligado ao sucesso das demais políticas públicas, que podem e devem prevenir as situações desencadeantes da violência e da criminalidade.

domingo, 18 de maio de 2008

PARABÉNS, ASSISTENTE SOCIAL!

* Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 16.05.08

Pelo dia 15 de maio, Dia do Assistente Social, parabenizo profissionais que atuam de acordo com nosso Código de Ética, na busca de uma nova ordem societária, articulando com outras categorias profissionais que comungam com a defesa dos direitos humanos, reconhecendo a liberdade enquanto valor ético central na luta pela autonomia e plenitude dos indivíduos sociais e recusando todo arbítrio e autoritarismo.

De acordo com o Código de Ética dos Assistentes Sociais, ampliar e consolidar a cidadania em suas várias dimensões – sócio-ambiental, cultural, econômica e jurídica, é tarefa primordial de toda a sociedade e só será possível mediante a participação política e a socialização da riqueza socialmente produzida, com o aprofundamento da democracia e da equidade social – daí a essência de nosso trabalho ser particularmente, o estímulo ao exercício do direito e dos deveres constitucionais.

Na prática do Serviço Social, nosso compromisso profissional nos leva ao aprimoramento de nossas competências, através do aprimoramento intelectual e da consciência diante do dever de denunciar toda e qualquer forma de corrupção, mau trato, tortura, discriminação, preconceito, abuso de autoridade individual e institucional, agressão ou desrespeito à integridade física, mental e social de qualquer cidadão ou cidadã. Em caso contrário, a prática e/ou conivência com falhas éticas e com erros técnicos praticados por assistente social ou qualquer outro profissional, é passível de penalidades previstas no referido Código de Ética.

Tantas maravilhas, na prática, tornam-se complicadas, diante do poder das velhas idéias. No Brasil, desde a primeira Escola de Serviço Social fundada em São Paulo, em 1936, muita água já correu, mas ainda se pensa como nos anos de 1660, quando, na Europa, foram feitos os primeiros registros sobre as possíveis causas da miséria, o que mobilizou as damas da aristocracia em torno de ações sociais que atendiam doentes e pobres, na tentativa de minimizar os efeitos perversos da urbanização pós feudalismo e mais tarde, da revolução industrial. A Assistência Social ainda está eivada de práticas relacionadas à caridade, ao messianismo, à filantropia. Garantir a inclusão por meio de ações integradas e parcerias entre o poder público e a sociedade, caracterizando-se como direito do cidadão e dever do Estado, é premissa da Assistência Social que visa romper com a visão imediatista, sem compreensão do caráter complexo, histórico e multifacetado dos fenômenos sociais; esta visão é a geradora das práticas clientelistas, excludentes, fisiológicas, tecnocratas.

Nada contra a solidariedade, ao contrário; o que se pretende aqui é lembrar que através de encontros, congressos e conferências promovidas por órgãos competentes no ensino e na fiscalização do Serviço Social, esta profissão passou a ser, a partir da Constituição de 1988, compreendida e regulamentada enquanto política pública de seguridade social, normatizada por princípios, objetivos e diretrizes específicas e orientada por teorias e metodologias científicas, no trato profissional.

De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, instituída em 1993, a política de Assistência Social tem por diretrizes a descentralização política e administrativa e a participação da população, pressupondo o reordenamento das ações do Estado, responsável pela condução da Política de Assistência Social em cada esfera de governo, tendo como referência, um “centro” gerenciador que garanta informações, que monitore, avalie, organize e dinamize o seu próprio âmbito e os âmbitos descentralizados, continuamente, sistematicamente, através da participação ativa nas diferentes etapas do processo de desenvolvimento das políticas sociais, porém, sem concentrar em suas mãos o protagonismo das ações e serviços sociais, que necessitam nova identidade e novo impulso, pautados em pesquisas e diagnósticos para o direcionamento das políticas, de acordo com as especificidades territoriais.

Na gestão democrática, as normas são definidas por sujeitos que assumem compromissos em espaços coletivos, na busca da solução de problemas, no exercício da cidadania. Faz-se necessário um quadro de recursos humanos próprio, capacitado para exercer técnica e politicamente suas competências, através de uma atuação articulada, multiprofissional e intrasetorial, capaz de superar o assistencialismo e a ineficiência dos programas atuais no que diz respeito à construção da emancipação do indivíduo e da inserção social.

A atualização da Assistência Social precisa colocá-la em sintonia com a nova sociedade que aí está, tendo como parâmetro os Direitos Universais do Homem, garantindo equidade a partir do respeito à dignidade humana e do direito aos serviços de qualidade, reconhecendo a supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica, em acordo com a LOAS. Os privilégios, distorções, as questões de formatação, financiamento e de seu custo são problemas que existem e devem ser considerados para além da retórica.

O Serviço Social está recheado de “agentes sociais”, ONG’s e políticos que ainda confundem transferência de renda com “bolsas”, direito/dever do Estado com benefícios, ações de direito, com caridade.

Esclarecer quanto ao trabalho social, lutar pela fiscalização e contra a precarização da profissão e dos serviços, não se deixar levar pelo fatalismo ou pelo heroísmo nas ações e construir, dialeticamente, criativamente, democraticamente, no dia a dia, a nossa práxis histórica, são desafios permanentes, agora e sempre, na Assistência Social.


sábado, 10 de maio de 2008

SONHAR, ACREDITAR, ALIAR E CONSTRUIR

* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 09.05.08

Recebi convite para palestra de Duda Mendonça em Goiânia, mas sinceramente não aprecio o marketing em política. Admiram-me as teorias, as missões, os projetos, os princípios, as obras, enquanto estratégias.

O trabalho político deve estar voltado para a construção da sociedade, de padrões de civilidade. Publicizar é fundamental pela transparência, não pelo inculcamento ou persuasão.

Amo a política, o parlamento. Freqüentei as sessões da Câmara de Vereadores desde muito cedo, lá no Pathernon Center. Depois, descobri a Assembléia Legislativa. Acredito na política como instrumento de mudança do estado de exploração e dilapidação da natureza e do homem pelo homem, pois sou democrata e não tenho pressa, acho-a bacana como as construções de tijolos.

Acredito que da aliança PMDB/PT em Goiânia, nos próximos anos, eclodirão as “mudanças que mudarão os tempos atuais” e que trarão a “recompensa por tantos esforços” em nome de compromissos assumidos com o progresso da humanidade. Íris Rezende estará à frente. Não por ser perfeito ou o salvador, mas por ser bom demais da conta. E não por marketing, a experiência de Íris Rezende é que o fez ficar melhor. Depurou, encorpou suas virtudes, vivificou seu espírito de construtor, de idealista a serviço do povo, a quem sempre tributa sua luta, suas conquistas.

Ouvi falar de Íris Rezende bem pequena, como sendo um revolucionário, que pegava na massa e nos tijolos, para fazer casas populares, que pregava que a união faz a força, e mais tarde, na Praça Cívica, ouvi o seu discurso pelas Eleições Diretas no Brasil. Em época de dois partidos apenas, ouvia que o PMDB era o partido “do bem”. Mas a influência de um professor, no colegial, me levou à filiação no PT, no fim dos anos 80, pela proposta de transformação social democrática que pregava, depois de ter estado no PCdoB. Mais tarde, em um momento de conflito existencial no PT, aconselhada pelo mestre Athos Magno, em uma sala da universidade, abandonei a campanha vitoriosa do Darci e me juntei ao PMDB, que estava no pátio, pois era estudante e achava que tinha que conhecer outras plagas, era empirista (ver, experimentar e sentir), e estava insatisfeita com o curso da história.

Tive a grata satisfação de perceber que não mudei meus ideais ali, tampouco encontrei pessoas tão danosas, ao contrário; justificava minha atitude diante da campanha midiática que se apoderava do PT, em detrimento do fortalecimento dos movimentos sociais, da politização do povo e do trabalho “de formiguinha”, que perdia forças no cenário que exigia “primeiro tomar o poder para depois fazer diferente”. Subi, naquela campanha, a Av. Goiás, de mãos dadas ao Íris, e a euforia das pessoas nas janelas dos prédios e ao nosso lado, me fez sentir algo grandioso, por estar ao lado de alguém muito, muito querido. Depois, voltei ao PT, paraíso das discussões que me encantavam, que conduziam minha existência revolucionária e pacífica, pois não me desfiliara, naquela época.

Desfiliei-me do PT há pouco tempo, depois de mais de dezoito anos de militância, não por me decepcionar. Não. Estou no PMDB por não querer viver sem filiação partidária, embora eu não seja candidata a nada. Sempre precisei de um grupo, embora ande sempre sozinha. Já previa esta aliança, mas fui ficando cada dia mais boquiaberta por vê-la acontecendo e torço para que Luis César Bueno seja o Vice de Íris. Luis César articula, é incansável, companheiro. Construiu seu espaço no PT, sem escoras, fundamentado em um discurso teórico de esquerda, é capaz de encantar a militância petista com uma proposta de aliança programática, é estudioso das políticas e das finanças públicas, além de ser historiador, professor. Tem sensibilidade, fez parte da criação do PT, e sua luta se confunde com a luta dos movimentos sociais. Teve dois mandatos como vereador e está no segundo como deputado, sempre nas bases, atuante, expressivo, ousado, embora cauteloso.

O entendimento da aliança PMDB/PT, tomara ultrapasse as porteiras da estratégia. Esta lição histórica de negação da negação já nos tem revelado rusgas, desafetos, vaidades e inverdades que vão aparecendo no cordel das ponderações expressadas, sobre interesses e possibilidades que alimentam a expectativa desta união, mas sem dúvida ela desencadeará novos rumos à política e à sociedade em nossa cidade e em nosso Estado.

A História goiana possui figuras interessantíssimas do ponto de vista da inteligência, da resistência, do idealismo, do compromisso coletivo.

Tenho pensado Batista Custódio, por exemplo, por que Batista ensina. Fala de ciclos de mudanças históricas. Relembra a juventude rebelde e contestadora, visionária, idealista. Teve a sua povoada por figuras como Alfredo Nasser, Pedro Ludovico, JK.

Batista Custódio revela em seus artigos, verdades íntimas que refletem a nobreza do caráter idealista que permeia sua trajetória no campo social e sua natureza essencialmente individual, intimista, solitária, embora solidária, coletiva, altruísta, no campo pessoal. E não é confuso, nem confunde. Não utiliza de marketing. Batista Custódio medita. Conhece o silêncio das madrugadas e o barulho das mudanças, das apreensões, dos desafios, dos acintes aéticos, das corrupções. Escuta as vozes do universo e se ocupa delas e se ocupa de si. Daí suas solidões alegres. Certamente é boa companhia, inclusive a si próprio.

Os políticos como Batista Custódio têm o privilégio da visão ampla, sem paixões ou apegos. Batista Custódio pensa a política na acepção da palavra, com o intuito do bem comum, no estudo dos fatos, das escritas, entre as suas verdades e as do mundo, num constante ir e vir entre estes extremos, sem o pragmatismo dos interesses eleitoreiros.

Fico pensando nas pressões pelas quais passam líderes, mártires, pessoas públicas ou não, que se orientam por princípios éticos e cristãos. Sobre o que faz a honradez, sobre o que leva ao entusiasmo. Sobre os erros que cometidos, admitidos e superados, fazem o Ser melhor e mais tranqüilo.

Quando Batista Custódio se revela, uma jovialidade e um humor despretensioso, incrustados na carcaça produzida pelo calor das traições, das angústias e das adversidades denotam a fé que tem na vida, nos seus sonhos, em sua força. Batista pensa um Estado mais justo, com uma sociedade mais feliz, a partir de um governo e um povo que revejam seus costumes, seus meios, suas motivações.

Políticos como Batista Custódio e Íris Rezende, andam próximos, devido ao conteúdo, embora no formato se diferenciem. Fazem o que vieram fazer, com seus princípios, são autênticos. São coerentes na práxis, não se travestem para conquistar espaço de poder, pelo poder em si. Possibilitam alianças.

Sei que gente como Marina Santana e Pedro Wilson Guimarães estarão ao lado da voz da militância petista que indicou a aliança PT/PMDB para a sucessão municipal, pois não fogem da luta, não chegaram ao Partido por conveniência, o construíram pautados em princípios democráticos e fazem parte do carisma que articula e que empreende ações concretas honradas pelos sonhos dos que têm nos ideais revolucionários a força motriz realizadora e não nos próprios interesses e nos conselhos de oportunistas enganadores, que se alimentam das putrefações alheias, “dizem o que se quer escutar”, que são cegos nas intransigências, que bradam sem sequer fazerem auto crítica e se colocam acima do bem e do mal.

Ler Batista Custódio faz refletir e refletir-me. Viajar, planar, retornar com menos ânsia. Impossível não me identificar, não rir, não lacrimejar, não murmurar algo, não sonhar, não querer interagir. Batista vê o mundo a partir de si. Reconhece limites por isto. Em si e no mundo. Acredita nas pessoas e sabe das mazelas humanas. Por isto oferece em suas letras banquetes filosóficos de uma humanidade instigante, que revela esperanças, buscas, realizações, entre dores, necessidades, alegrias. Deixou de ser adolescente, mas não um visionário. É o político, o filósofo, o executivo que deseja um mundo novo, melhor. Que corre atrás disto. Que fala nisto, pois sabe que não vai conseguir isto a força, sozinho, rapidamente, com fórmulas mágicas. Precisa inspirar, aliar semelhantes na luta piedosa, poética e persistente, que agrega e que congrega, no bom combate, na fuga do “pensamento mórbido” e das intolerâncias medíocres que não alteram o curso da história com vistas a uma vida plena e sustentável, de verdade.

"O MODO DE SER CAMPONÊS E A PROPRIEDADE DA TERRA ENTRE CAMPONESES"

'SINOPSE: A obra O Modo de Ser Camponês e a Propriedade da Terra entre Camponeses: A Exclusão Inspirando os Movimentos Sociaistem o objetivo de investigar o modo de ser camponês, os seus ideais,para verificarmos a possibilidade de ser o camponês um perigo físicopara o Estado ou um desafio ideológico. Procura demonstrar que aconstituição do direito positivo no Brasil expressa claramente umcompromisso entre grupos de sustentação das sucessivas composições depoder. Dificilmente o modo como o camponês se vê no processo dedesenvolvimento e o modo como ele vê a formação desse mesmo processo dedesenvolvimento são levados em conta. Os camponeses são, na verdade,excluídos que representam uma grande parcela em nosso mundo, e os seusideais, a exemplo da busca de terras e de alimentos, continuam acesos.Embora a maioria dos camponeses não pensem a propriedade da terra, massua posse, seu uso, os mais politizados, a exemplo dostrabalhadores-sem-terra vêem a propriedade como um direito de cadacidadão. As sociedades camponesas tradicionais refletem ter a Igrejaimportante papel no seu cotidiano, juntamente com a instituiçãoFamília. O Estado é para o camponês um poder emanado de cima parabaixo, das classes sociais mais abastadas, da mesma forma que o reidomina os seus súditos, que podem se insurgir contra ele. O êxodorural, a reforma agrária e o desenvolvimento sustentável são questõesabordadas nesse trabalho com o propósito de se verificar com maisprofundidade a questão social no campo. É preciso despertar para umneo-humanismo, em que o homem seja parte fundamental do todo naengrenagem da sociedade. Encontrar um novo modelo de desenvolvimento econômico, com ênfase no desenvolvimento rural e instigar o camponês aser instrumento vital de conscientização da preservação do meioambiente, são algumas metas imprescindíveis para se alcançar a ordembaseada na realização humana na qual não haja tantos excluídos.'
Cristiane Lisita Passos éJornalista, Advogada e Escritora. Doutora em Ciências Jurídicas eSociais pela UMSA e Mestra em Direito Agrário pela UFG; Pós-graduada emAdministração Pública, Direito do Trabalho, Direito Processual Civil,Direito Empresarial e Orçamento e Finanças.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

NIVER, POR UMA TIA QUERIDA

Salve 17/04/2008



Alexandra, parabéns pelo aniversário.
Lutas e vitórias na sua vida, são
Especialmente abençoadas por DEUS. O-
Xalá todas as mulheres tivessem como você,
A garra e sabedoria p/levar em frente seus ideais.
Na vida poucas mulheres tem sua coragem e desprendimento.
DEUS te abençõe sempre.
Realmente você é uma pessoa amiga e filha
Admirável. Um carinhoso abraço,
Divina Augusta de Almeida Luz

sábado, 3 de maio de 2008

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 03.05.08

"Assim como somos nós a causa essencial dos

problemas, somos nós, também, os mais aptos a

encontrar a solução.”

Chris Calwel

Existem, em todo o mundo, centenas de tratados, declarações, acordos e diretrizes voltadas para a solução de problemas ambientais. Percebe-se, no entanto, que embora os governos e até a população estejam informados sobre esta problemática, gastam a maior parte dos recursos disponíveis resolvendo problemas ao invés de preveni-los.

É preciso urgentemente, um trabalho de intervenção social que busque cada cidadão à consciência de que o ser humano é o único ser capaz de planejar sua existência, superar, criar, optar, refazer de modo diferente, alterar, construir.

Dados da ONU revelam que 15% da superfície da terra estão degradados; que 40% da população sofre com a escassez de água; que 50% dos rios estão seriamente poluídos, e que nos próximos 30 anos, 70% da superfície estará afetada pela ação humana. Até 2032, mais da metade da população mundial enfrentará problemas advindos da seca e dos efeitos do lançamento de 16 bilhões de toneladas anuais de CO2, decorrente de combustíveis fósseis.

Ainda segundo a ONU, em 2025, duas em cada três pessoas no mundo não terão mais água para beber. A água é, sem dúvida, o desafio do século 21.

No Brasil, as pastagens engolem mais de 70% da vegetação. Em 1970, em Goiás, a vegetação natural cobria 99,15% das matas ciliares da bacia hidrográfica; em 2001, apenas 27,89%, de acordo com a UNB.

Divulgar informações sobre a questão ambiental, é fundamental, pois somente se conhecendo a realidade é possível transforma-la. Na medida em que formos construindo uma mesma visão sobre o assunto, poderemos perceber que meio ambiente não é somente sinônimo de vegetação, hidrografia, clima e animais irracionais. O homem é parte desse ecossistema, produto e produtor desse meio. Precisamos perceber o meio ambiente desde o menor espaço que nos cerca, de nossa unidade mais íntima que é nosso corpo, enquanto espécie que requer mais atenção, até o espaço da nossa casa, nossa rua, nossa família, da comunidade, do município, do Estado, do País e do mundo. Pensar no global e agir no local.

O mundo consome 20% de recursos a mais do que consegue renovar, e devemos chamar a atenção para o fato de que pequenos gestos aparentemente banais, em nossas ações cotidianas, para evitar o desperdício e conter esbanjamentos, podem afastar o risco de escassez dos recursos naturais.

Um dos desperdícios que mais resultam em danos ambientais é o do papel. A destruição indiscriminada de celulose gera danos irrecuperáveis para a natureza; dentre eles a derrubada de florestas inteiras, o empobrecimento dos ecossistemas, as mudanças de clima e a diminuição da biodiversidade. Vários animais já foram riscados da face da terra e isto não tem volta; um animal extinto leva consigo outras espécies. É a “cadeia da destruição”.

No geral, as pessoas parecem não saber que as alterações dos recursos naturais resultam em mudanças diretas na vida delas e vice-versa. Ambientalistas brasileiros em missão na Antártica revelam que em breve, através de estudos lá, poderão prever variações climáticas e seus possíveis resultados aqui no Brasil, reforçando a teoria de que o que acontece lá tem conseqüências em todo o universo e isto é recíproco. É a lei da ação e da reação.

Mas meio ambiente também existe na cidade. Questões como educação patrimonial, bueiros de esgoto pluvial entupidos, lixo jogado nas ruas, necessidade de humanização de espaços públicos, depredação de parques e escolas, coleta seletiva e reciclagem de lixo, estão na pauta do dia.

Atitudes como usar as duas faces do papel, revisar textos na tela do computador, deixar de varrer chão com vassoura hidráulica (mangueira), fechar a torneira enquanto se faz a barba e se escova os dentes, aproveitar a água da máquina de lavar roupas, sanar vazamentos em torneiras, encanamentos e válvulas de descarga e não demorar mais do que 10 minutos no banho, são realmente atitudes heróicas nestes tempos, pois, enquanto a progressão das glaciações e das interglaciações ocorreu em séculos, o ritmo de mudanças climáticas está previsto numa escala de décadas, uma vez que o aquecimento global, que está associado às atividades humanas, vem acelerando este processo.

Outro tema importante para o meio ambiente, é o consumo sustentável. “Comprar de forma compulsiva prejudica o futuro do planeta”. As toneladas de lixo produzido, de alimentos desperdiçados mensalmente e a degradação ambiental, são sintomas de um consumo excessivo, desregrado.

Novas e velhas doenças, devido às condições climáticas, deterioram e ameaçam a existência na Terra. Como então, desfrutar da vida sem prejudicar a natureza, buscando adequar o mercado ao desenvolvimento sustentável?

Serão necessários novos valores e posturas. Será necessário compreendermos nossa vida, nossa estadia neste planeta. Será necessário repensarmos o significado da vida e a colocarmos realmente em sintonia com a vida, refletindo e analisando os gestos, as relações e atividades rotineiras, os hábitos, os comportamentos.

Buscar a preservação da vida exige que nos reconheçamos enquanto parte dela, da natureza; e que passemos a respeitá-la, a estar em sintonia com ela, usando racionalmente nossos recursos, combatendo a degradação ambiental (incluindo aí a degradação do homem enquanto parte deste meio) e lembrando que, se por um lado, consumimos muito, por outro lado, alguém sofre de escassez. Exige que se perceba que a qualidade de nossas vidas depende da qualidade do meio ambiente em geral, que pode ser radicalmente melhorado através de uma atitude pessoal nossa; depende de cidadãos com uma verdadeira consciência ambiental.