sábado, 3 de maio de 2008

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 03.05.08

"Assim como somos nós a causa essencial dos

problemas, somos nós, também, os mais aptos a

encontrar a solução.”

Chris Calwel

Existem, em todo o mundo, centenas de tratados, declarações, acordos e diretrizes voltadas para a solução de problemas ambientais. Percebe-se, no entanto, que embora os governos e até a população estejam informados sobre esta problemática, gastam a maior parte dos recursos disponíveis resolvendo problemas ao invés de preveni-los.

É preciso urgentemente, um trabalho de intervenção social que busque cada cidadão à consciência de que o ser humano é o único ser capaz de planejar sua existência, superar, criar, optar, refazer de modo diferente, alterar, construir.

Dados da ONU revelam que 15% da superfície da terra estão degradados; que 40% da população sofre com a escassez de água; que 50% dos rios estão seriamente poluídos, e que nos próximos 30 anos, 70% da superfície estará afetada pela ação humana. Até 2032, mais da metade da população mundial enfrentará problemas advindos da seca e dos efeitos do lançamento de 16 bilhões de toneladas anuais de CO2, decorrente de combustíveis fósseis.

Ainda segundo a ONU, em 2025, duas em cada três pessoas no mundo não terão mais água para beber. A água é, sem dúvida, o desafio do século 21.

No Brasil, as pastagens engolem mais de 70% da vegetação. Em 1970, em Goiás, a vegetação natural cobria 99,15% das matas ciliares da bacia hidrográfica; em 2001, apenas 27,89%, de acordo com a UNB.

Divulgar informações sobre a questão ambiental, é fundamental, pois somente se conhecendo a realidade é possível transforma-la. Na medida em que formos construindo uma mesma visão sobre o assunto, poderemos perceber que meio ambiente não é somente sinônimo de vegetação, hidrografia, clima e animais irracionais. O homem é parte desse ecossistema, produto e produtor desse meio. Precisamos perceber o meio ambiente desde o menor espaço que nos cerca, de nossa unidade mais íntima que é nosso corpo, enquanto espécie que requer mais atenção, até o espaço da nossa casa, nossa rua, nossa família, da comunidade, do município, do Estado, do País e do mundo. Pensar no global e agir no local.

O mundo consome 20% de recursos a mais do que consegue renovar, e devemos chamar a atenção para o fato de que pequenos gestos aparentemente banais, em nossas ações cotidianas, para evitar o desperdício e conter esbanjamentos, podem afastar o risco de escassez dos recursos naturais.

Um dos desperdícios que mais resultam em danos ambientais é o do papel. A destruição indiscriminada de celulose gera danos irrecuperáveis para a natureza; dentre eles a derrubada de florestas inteiras, o empobrecimento dos ecossistemas, as mudanças de clima e a diminuição da biodiversidade. Vários animais já foram riscados da face da terra e isto não tem volta; um animal extinto leva consigo outras espécies. É a “cadeia da destruição”.

No geral, as pessoas parecem não saber que as alterações dos recursos naturais resultam em mudanças diretas na vida delas e vice-versa. Ambientalistas brasileiros em missão na Antártica revelam que em breve, através de estudos lá, poderão prever variações climáticas e seus possíveis resultados aqui no Brasil, reforçando a teoria de que o que acontece lá tem conseqüências em todo o universo e isto é recíproco. É a lei da ação e da reação.

Mas meio ambiente também existe na cidade. Questões como educação patrimonial, bueiros de esgoto pluvial entupidos, lixo jogado nas ruas, necessidade de humanização de espaços públicos, depredação de parques e escolas, coleta seletiva e reciclagem de lixo, estão na pauta do dia.

Atitudes como usar as duas faces do papel, revisar textos na tela do computador, deixar de varrer chão com vassoura hidráulica (mangueira), fechar a torneira enquanto se faz a barba e se escova os dentes, aproveitar a água da máquina de lavar roupas, sanar vazamentos em torneiras, encanamentos e válvulas de descarga e não demorar mais do que 10 minutos no banho, são realmente atitudes heróicas nestes tempos, pois, enquanto a progressão das glaciações e das interglaciações ocorreu em séculos, o ritmo de mudanças climáticas está previsto numa escala de décadas, uma vez que o aquecimento global, que está associado às atividades humanas, vem acelerando este processo.

Outro tema importante para o meio ambiente, é o consumo sustentável. “Comprar de forma compulsiva prejudica o futuro do planeta”. As toneladas de lixo produzido, de alimentos desperdiçados mensalmente e a degradação ambiental, são sintomas de um consumo excessivo, desregrado.

Novas e velhas doenças, devido às condições climáticas, deterioram e ameaçam a existência na Terra. Como então, desfrutar da vida sem prejudicar a natureza, buscando adequar o mercado ao desenvolvimento sustentável?

Serão necessários novos valores e posturas. Será necessário compreendermos nossa vida, nossa estadia neste planeta. Será necessário repensarmos o significado da vida e a colocarmos realmente em sintonia com a vida, refletindo e analisando os gestos, as relações e atividades rotineiras, os hábitos, os comportamentos.

Buscar a preservação da vida exige que nos reconheçamos enquanto parte dela, da natureza; e que passemos a respeitá-la, a estar em sintonia com ela, usando racionalmente nossos recursos, combatendo a degradação ambiental (incluindo aí a degradação do homem enquanto parte deste meio) e lembrando que, se por um lado, consumimos muito, por outro lado, alguém sofre de escassez. Exige que se perceba que a qualidade de nossas vidas depende da qualidade do meio ambiente em geral, que pode ser radicalmente melhorado através de uma atitude pessoal nossa; depende de cidadãos com uma verdadeira consciência ambiental.

Um comentário:

REIA-GO disse...

Olá Alexadra,

Parabéns pelo artigo!

Abraços,
Diogo Damasceno Pires
www.coletivojovemgoias.blogspot.com