sábado, 27 de setembro de 2008

Primavera

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 19.09.08

Hoje não sei meus sentidos
Embaçam-me os ouvidos
Em um visual esquisito
E me impregno de dor
Repugno
Vomito as mesmices
Dos sonhos perdidos
E me embala uma flor
Que não vejo nesta mesa
Que não brota nesta porta
Que não exala nesta sala
Mas que paira
E para em minha mente
Demente.
E mariposas sobrevoam
As luzes neste teto
Insetos
Incerta, adormeço atônita
Meus sentidos
Não querendo sabê-los,
Perco-me em zunidos
Pelas ruas de copas
E ventos floridos
Onde ando percorrendo.
Pra começar a Primavera com poesia, além da saudade do barulho de cigarras, que não escuto mais e revelar o torpor em que me encontro, de novo envolta em mudanças e andanças e relutâncias.
As contradições, dialeticamente existentes, cotidianamente presentes têm me misturado um bocado e quase não consigo ordenar os sentidos e expressar meus zunidos.
Tenho percorrido estradas e convivido com paisagens tão novas e tão antigas e sentido saudades e lembranças que vêm nos ventos, nas flores, nas cores dos verdes, nas lembranças dos amores.
Oxalá as primaveras vindouras não percam nunca, em nenhum lugar, a capacidade de renovar as esperanças, imprimir sonhos e forças positivas.
Que as certezas da onipotência e da onipresença de Deus prevaleçam sob nossos desejos e nos oriente rumo aos melhores caminhos.
Vivas à Primavera, vivas ao cerrado brasileiro, vivas ao papai Xande, pelo seu natalício em 21 de setembro, e à sua sabedoria, sua bondade, sua persistência. Que o Grande Arquiteto do Universo esteja sempre na construção de sua vida, que também neste dia, há 51 anos se uniu à de minha mãe.
E vivas a esta poderosa mãe, esposa, avó, amiga, de nome Cleusa, resistente, combativa, amorosa e inteligente, eterna noiva, eternamente presente com meu pai, em minha alma.
Viva a vida!

Um comentário:

Anônimo disse...

Vomito as mesmices
Dos sonhos perdidos