* Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 19.07.09
Consta na Folhinha que o Dia Internacional da Amizade é comemorado em 20 de julho. Acompanhar diariamente as datas comemorativas nas pagelas da Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, é um hábito prazeroso ao qual me dedico e considero um hobby.
Oriento-me, pelas datas comemorativas. A Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, seria outro papo, não fosse a nossa amizade, desde tempos longes, da minha infância, que é desde quando me lembro dela, na casa de meus pais.
A amizade me acompanha sempre em momentos jamais esquecidos que às vezes me atordoam, diante de minhas limitações e fraquezas que intimidam bastante minhas relações. Ofereço pouco, peço perdão, sinceramente por isto.
Às vezes, fico meio que embasbacada com a amizade com que sou acolhida.
O que seria de minha vivência, de meu crescimento, não fosse a amizade que me dedicaram tantas pessoas queridas, desconhecidas, abastadas, desprovidas, que me servem de exemplo, de alento, de sustento, de controle.
Muitas vezes, dói uma saudade de pensar momentos vividos com pessoas as quais me propiciaram o prazer de ouvir, de aprender, que dedicaram amizade à minha pessoa; pessoas das quais pude discordar e com as quais pude falar, sem assustar ou despertar o desejo de conserto ou represália; partilhar experiências de bate-papo, de discordâncias, de silêncio, de medos, de alegrias, de aventuras, de sonhos, de esperanças, de tristezas, decepções. Compartilhar músicas, danças, sabores, dores, paisagens, feriados, trabalhos, situações as mais diversas. Mas é dor de gratidão e de alegria pelas lembranças e sentimentos.
Momentos de amizade. Belos momentos, duros momentos. Muitos, saudosos. “A amizade vem de Deus e a Deus deve levar”.
À amizade de meus pais, na minha vida, glórias! E à de minha irmã e às nossas amizades, todas, louvo a Deus, “pois a amizade é um bem”.
Recebi, na adolescência, um recadinho escrito que “amigo é aquele que nos conhece a fundo e não obstante nos quer bem” e acreditei nisto. Querer bem é ter amizade, independente das imperfeições.
Às vezes, penso em alguém como amigo (a). Em outras, em alguns (as), como pessoa amiga. Com estas, a gente pode até não conviver. Mas recebe e/ou troca amizade. Por palavras, olhares, gestos, na rua, no comércio, no trabalho, em um momento de descontração, na igreja, na pista de dança, de Cooper, no trânsito.
Tenho bons amigos. Muitos momentos de amizade. Encontro muitas pessoas amigas. “A amizade faz cantar o coração”.
Às amizades recentes, imaginárias, antigas, atuais, inativas, às dos amores, de amigos, de meus filhos, de desconhecidos, de parentes e de aderentes, – Viva! A todas elas.
Por mais que eu não diga e que as palavras sejam breves, obrigada aos que me conhecendo a fundo ou não, me querem bem. Que bons momentos tenhamos, juntos ou distantes, de amizade, dia após dia.
E obrigada às pessoas que me tornam capaz de desfrutar do sentimento de ter amizade, que me despertam o bem querer.
Minha humanidade estaria mais comprometida, sem vocês. Com a luta pela sobrevivência, confesso ter esquecido que “eu quero uma casa no campo, onde eu possa guardar meus amigos, meus discos, meus livros e nada mais”. Outro dia, do nada, entrei no carro de uma amiga e logo começou a tocar esta música, e... Poxa, como é corrida esta vida, o que seria sem os momentos de amizade?
Segundo o rabino Nilton Bonder, em seu livro “A Cabala do Dinheiro”, a um rabino muito justo, foi permitido conhecer o paraíso e o inferno. Confuso com a surpresa das imagens, aos poucos foi discernindo uma e outra. Ambas se compunham de uma mesa elegantemente posta para um banquete e pessoas elegantemente vestidas assentadas ao seu redor. Iguarias especiais sem fim, à disposição dos convivas.
Atentando para as imagens, o justo rabino percebeu que as pessoas tinham seus cotovelos virados, o que fazia com que seus braços e mãos fossem voltados para o lado contrário do que temos, normalmente.
Um pouco chocado, atentou-se mais e aos poucos, grande alvoroço foi tomando conta dos dois grupos e o rabino pode observar que no inferno, as pessoas se debatiam mais e começavam a se desesperar e se digladiar, angustiadas com suas condições físicas limitadoras, e o banquete – este se perdia, na confusão.
Cansado, o rabino, ao olhar para o paraíso, pode perceber que aos poucos certa calmaria se instalava naquele ambiente e ele pode ouvir uma música suave, e como que inebriado, ele viu que os braços virados dos convivas fizeram com que uns servissem aos outros, em um ritual de pura magia, em que, além do prazer sentido pelas iguarias trazidas à boca, as pessoas eliminavam angústia cada vez que levavam a comida à boca da outra.
A todos, muita amizade!
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