* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 13.06.08
A realidade econômica mundial nos remete a obrigação de buscarmos novos rumos para o consumo e a produção de bens e serviços, que garantam padrão de qualidade e sustentabilidade sócio-ambiental. A diversidade de opções do mercado exige competitividade. Por outro lado, administradores modernos indicam a visão de futuro como sendo quesito para qualquer empreendimento de sucesso. Outro valor importante nesta era é o investimento no capital humano e em treinamentos e assistência aos funcionários, que acabam melhorando a produtividade.
É certo que longe estamos da sociedade ideal, mas é inadiável que a façamos aqui e agora, em nosso tempo e espaço, vivenciando ao máximo aquilo em que acreditamos, buscando realmente a inovação de alguns valores, regras e comportamentos, tanto no mercado quanto na sociedade como um todo. A consolidação dos direitos humanos só se dará com novas relações que não indiquem explorado e explorador, na superação da visão mercadológica do capitalismo, onde tudo é mercadoria, onde o lucro e a vantagem são premissas básicas.
Em tempos de crise na fé política, a construção de ações políticas genuinamente voltadas para o bem comum, os ideais coletivos e a emancipação do homem, depende do investimento na produção do pensamento coletivo acerca das questões humanas. Associar a prática aos ideais teóricos, e ainda, a sociedade com o poder estatal, são alguns desafios que percebemos na luta política, cotidianamente, além das questões práticas como o problema dos diversos e altos impostos, que não é somente uma questão de quanto se cobra, mas também de onde e de como eles são empregados.
Questões como diminuição de jornada de trabalho, direitos e deveres trabalhistas e patronais, entre outros temas relevantes, devem fazer parte deste pensamento coletivo, que irá refletir sobre condições e modernização do trabalho, no sentido de ampliarmos o grau de satisfação de patrões, trabalhadores e usuários dos serviços e produtos, e garantir a sustentabilidade do espaço que nos cerca, gerando excelência e qualidade total e contribuindo com um mundo de vidas mais felizes e com uma transformação socioeconômica efetiva e persistentemente construída por toda a sociedade.
Existem estratégias interessantes de gestão empresarial e do estado, que não se prendem na burocracia e em regras estabelecidas no século passado, mas que focam missões e metas de forma inteligente, administram prevenindo variáveis, antecipando oportunidades e avaliando, permanentemente, os resultados.
Quero sinceramente, ver um governo e um empresariado moderno, nas cidades e nos campos, que ousem construir novas relações sociais e de produção. Que se empenhem realmente em buscar investimentos e políticas que atendam necessidades sociais e não que simplesmente saciem o apetite de um mercado arcaico e perverso; que saiam do produtismo que tem devorado nossos recursos econômicos e nossa força de trabalho e reproduzido cada vez mais, velhos riscos sociais e ecológicos.
Percebo certa incoerência ao se falar em desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo em que se busca mercado para exportação da carne e de grãos e isto me lembra o fato de que o “Brasil é uma empresa para os outros”. Quando é que deixaremos de querer produzir para fora o que sequer garantimos para nós? É muita loucura pensar que temos mais cabeças de gado em nosso país do que de gente e no que isto significa em termos de deterioração do meio ambiente. A pecuária é uma das maiores fontes de gases causadores do efeito estufa no Brasil, que depois da Índia possui o maior rebanho bovino do mundo.
Para se produzir
Para se ter uma idéia, já em 1973 o New York Time Post verificou que uma enorme instalação para matar galinhas utilizava 378 milhões de litros de água por dia. Em agosto de
Osires Silva, 69 anos, criador da Embraer e do avião Bandeirante, ganhador do prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, do CNPQ em 1999, disse recentemente que pensar nas grandes extensões plantadas enquanto salvação da lavoura é, na verdade, “colocar o país numa competição de quem chega por último, pois a venda de 1kg de soja, por exemplo, equivale a 35 centavos de dólar, sendo que o mesmo peso de um avião vale 1000 U$”.
É a hora da reforma agrária e agrícola. Do investimento no campo e na agricultura familiar, que reduz o desperdício e os custos do armazenamento e do transporte, além de promover um desenvolvimento sustentável.
Precisamos pensar e empreender novos investimentos na agricultura e, por exemplo, no turismo, na indústria química e farmacêutica, na tecnologia de ponta. Adquirir e vivenciar novos hábitos sociais, culturais e alimentares, dignificando nossas relações entre nós e com o meio ambiente, sem parasitismo nem alienação. É preciso determinação, inovação, conhecimento e coragem para ousar, sem medo de sermos felizes!
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