domingo, 27 de julho de 2008

Chuva de idéias para políticos férteis

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 25.07.08

Em plena campanha eleitoral, apresento algumas sugestões bem simples, depois de tanto ponderar sobre a importância do “ócio produtivo”, pois sei que não basta criticar.
Se por um lado, a indústria do entretenimento é como já foi dito, “mola propulsora” da economia neste novo século, por outro lado, uma pesquisa divulgada pelo IBGE, garante que diversão é privilégio de poucos brasileiros. Assim como o desemprego, a violência, os problemas da saúde e da educação, a falta de recursos e de oportunidades de lazer, são reflexos de um sistema elitista, excludente e desequilibrado.
A Assistência Social, no afã de resolver os problemas emergenciais, continua trabalhando na perspectiva do paliativo e desenvolvendo ações que premiam ineficiências e insucessos, promove dependência, e o pior, não garante os resultados esperados quanto ao caráter preventivo, corretivo ou promocional da Assistência Social.
O Código de Ética dos Assistentes Sociais, em seus Princípios Fundamentais, revela a “opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero”. Na Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS, fala-se na “supremacia do atendimento às necessidades sociais”, e na “universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas”. Então, a “chuva”:
1. Construção de “albergues” para turistas que sejam universitários, efetivando nesta capital, o funcionamento de um local que cobre preços módicos, por hospedagem completa a estudantes universitários que para cá vierem a passeio, como existe em várias cidades do Brasil e do mundo.
2. Um ônibus coletivo diário, que faça determinado trajeto, percorrendo locais públicos, históricos, ecológicos, de forma programada e em horários específicos, pela manhã, à tarde e à noite, como existe em várias cidades de Santa Catarina.
3. Passeios organizados, periódicos, que podem ser locais, ou não, contemplando: melhores alunos de escolas municipais; pessoas captadas pelas associações de moradores, com critérios do tipo: bom desempenho profissional nos equipamentos sociais e comerciais do bairro; pessoas com idade superior a 35 anos, desempregadas.
A idéia é montar as “excursões” com pessoas diversas, em idade, sexo, atividades, gostos, até mesmo para que sejam trabalhadas estas diversidades no convívio proposto, de acordo com a LOAS que em seus princípios, dispõe sobre a “igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza”.
Estas atividades não devem ser gratuitas, mas a preços e condições facilitadas, tendo inclusive, no caso de viagens, a previsão do financiamento das despesas, no caso da impossibilidade da pessoa incluída arcar com as mesmas, através de pessoas físicas, empresas e ONG’s.
4. Instituir o Parque 24 horas - turno noturno para o funcionamento da área externa do Jardim Zoológico, durante a semana, e 24 horas nos finais de semana, com programas de alimentação típica goiana e recreação completa (arvorismo, jogos de vôlei, squash, basquete, tênis de mesa etc. e também concertos, shows de arte, biblioteca, cafenet, clubes de leitura, do vídeo, videoteca, oficinas diversas, como: de arte, de produção, de beleza e saúde, educativas para o meio ambiente, as vocações, as relações, o trabalho voluntário), para pessoas que cumprem turnos irregulares de trabalho.
O setor privado, que investe em lazer e entretenimento, não se preocupa com os efeitos do que oferecem e trabalham 24 horas por dia. São bares, boates, lan houses, festas psicodélicas, postos de conveniência. Na 5a. Conferência do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ficou deliberado que o poder público deve oferecer políticas de esporte e lazer também no turno noturno. Na Cultura, já temos alguma coisa em movimento e com ótima qualidade.
A idéia é estimular a prática esportiva e também o turismo, principalmente o de negócios, que é bastante rico em Goiânia, mas reclama atividades fora do circuito das reuniões. É comum o comentário de que as pessoas vêm para congressos e similares e se as atividades destes se acabam na sexta, os congressistas já vão embora por falta de terem o que fazer aqui.
5. Constituir uma força de trabalho que atue nas ruas centrais, nos parques, nas feiras e nos equipamentos sociais (portas de escolas, clínicas médicas, hospitais, pontos de ônibus), em todos os dias da semana, levando e buscando informações sobre os serviços públicos da cidade e sobre temas de relevância à comunidade, utilizando como instrumento operacional, a Pesquisa Participante, ou Pesquisa-Ação, com equipes itinerantes capacitadas para traduzirem, no dia-a-dia, os valores políticos da sociedade justa, democrática e fraterna que pretendemos, através de abordagens, reflexões e projeções acerca da sociedade, suas idéias, valores, costumes.

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