Precisamos verdadeiramente conhecer sobre o que Karl Marx criou enquanto método para conhecimento da realidade. O marxismo enquanto teoria que é, antes de tudo, dialética. Precisamos não falar de Marx somente enquanto leitura de uma época, mas estarmos com sentidos atentos às categorias, enquanto expressões conceituais que pretendem refletir os aspectos gerais e essenciais do real, suas conexões e funções, ao movimento histórico, aos objetivos e rumos pretendidos, enquanto compromisso, enquanto fundamentação de uma prática. Não podemos repetir a leitura que ele fez de um tempo que foi o dele, por mais que ela tenha sido extraordinária. O eterno é o método, é o que interessa.
Incomoda, creio eu, que ele tenha se oposto à propriedade privada e a mais-valia. Que ele tenha identificado como elementos antagônicos e com interesses antagônicos, a força de trabalho e os meio de produção, proletariados e capitalistas.
Amo de paixão – e olha que isto não é de bom tom desde sempre, de quando conheço Karl Marx, a teoria marxista e a vida de Karl Marx, até o que chamam de suas irresponsabilidades.
As conceituações, as representações, a alienação, a contradição, a totalidade, a mediação, a reprodução, a hegemonia, a ideologia, a análise, a síntese, a essência e o fenômeno, tudo isto e muito mais, passaram a existir para mim junto com Marx. E são fundamentais, a cada dia, como referências ou método, no conhecimento da realidade.
Em meio a este conhecimento, tenho a certeza de que existem motivos para esperanças sim, sempre existiram. E sempre andaram juntas, a imprensa, a arte e as lutas pelas transformações, em todos os tempos e em todo o mundo, nas gazetas renanas, nos diários das manhãs, nas tribunas populares, nos germinais em busca do mundo bom, denunciando e anunciando o que houver.
A desesperança, isto já era, nos tempos de Rui Barbosa, motivo para as críticas, o claustro e a incredulidade. O novo é o poder de expressão, é a esquerda no poder, é a direita na oposição. Nem o otimismo nem o pessimismo, mas a possibilidade de construção.
Agora a abertura é ampla geral e irrestrita. Podemos falar nas esquinas, não nos tormenta o risco do exílio, a posse do livro. Podemos ler escrever pensar, até juntos. Perguntei a um amigo, reencontrado neste fim de semana, onde estão mesmo os que, até bem pouco tempo atrás poderiam mudar o mundo. Onde está Paulo Freire, Gramsci, Norberto Bobbio e onde estão seus precursores? O que veio depois deles, o que está aí? Sei que tem muita gente querendo que o mundo seja melhor, que age neste sentido.
Compactuo com Marx e Engels, que preconizavam “o entrosamento da teoria com o proletariado, em lugar do isolamento do Espírito diante das massas”. O discurso tem que ser comum a todos, cada vez mais rico, que penetre nas massas e se converta em força social transformadora. Nada de vanguardas; embora eu acredite na divisão social do trabalho e a ache linda, porquanto determina nossa sociabilidade, o fazer tem que estar junto com o pensar, sempre. Viva o intelectual orgânico, questionemos as estruturas!
E por falar em trabalho e educação, a discussão sobre as entidades privadas do comércio e da indústria, Sesi, Senai, Sesc e Senac, não é nova, é tão oportuna quanto providencial e vai muito além de pôr em xeque, a qualidade da formação educacional e dos serviços ali oferecidos. É inegável o alcance e o patrimônio que têm.
O que se questiona é, por exemplo, o número de vagas nos cursos, diante da expressiva arrecadação das confederações, obtida através do recolhimento de 2,5% da folha de pagamento das empresas, sendo, portanto, fundo de natureza pública, e também diante da demanda reprimida, que aguarda oportunidade de vaga. Como as empresas repassam o valor do recolhimento aos produtos e serviços, todos acabam financiando este sistema, ele não é privado. Critica-se a ostentação e a burocracia das entidades, além dos currículos dos cursos, que são referentes aos interesses das indústrias e do comércio, apenas.
Trata-se, neste ponto, de uma oposição à visão reducionista e utilitarista da formação e da educação da classe trabalhadora, na busca da superação do antagonismo entre formação geral e formação técnica, através de currículos compostos de conhecimentos tecnológicos, científicos e gerais sobre o homem, a sociedade, a história, o trabalho e a cultura, tendo em vista o aprimoramento, não só da consciência profissional, mas também da consciência cidadã.
Também, sempre foi reivindicação, o gerenciamento por conselho tripartite (trabalhadores, governo e empresários) deste sistema, que sendo patrimônio público, assim deve ser administrado, na gestão, elaboração e avaliação de seus programas e serviços.
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