*Artigo publicado no jornal Diário da Manhã em 08/09/11
Há muito se fala no Brasil, na construção de uma rede de proteção social, que articule políticas públicas nas esferas federal, estadual e municipal, estruturando as políticas de saúde, educação, assistência social, habitação, geração de renda e emprego e cultura entre outras, de forma intersetorial e transversal e garantindo complementaridade entre as políticas do Estado e as ações públicas não estatais de iniciativa da sociedade civil.
E muitos são os profissionais e as entidades envolvidas nesta construção.
Paralelamente, muitas são as notícias veiculadas na imprensa, a respeito dos crescentes índices de violência contra crianças e adolescentes e dos alarmantes números em torno do uso de drogas lícitas e ilícitas. Estes são os dilemas sociais que mais preocupam nossas famílias, atualmente.
Dados do censo em 2000 já indicavam crescente mortalidade juvenil. Muito tem sido feito, embora os resultados não apresentem avanço no controle da situação.
Então, é preciso que se avalie o que está sendo feito e como se está fazendo. Não simplesmente em reuniões e gabinetes ou por pessoas do “alto clero” das instituições, mas junto aos trabalhadores da ponta e à população usuária, conforme determinam as leis da assistência social.
E não apenas para cumprir um ritual de avaliação, ou para se dispensar auto-elogios ou elogios às chefias, mas sim para que se balize o planejamento. E é preciso que se cumpram os planejamentos. E mais, que se mantenha permanentemente, o ciclo planejamento, execução, avaliação.
E é preciso que os órgãos fiscalizadores da assistência social assumam seus papéis, denunciando e autuando as irregularidades.
Em 2002 foi realizado pela prefeitura de Goiânia e o COMEN, o 1º Fórum Municipal Anti Drogas, com deliberações que constam em cartilha confeccionada para a posteridade. E daí?
Em um artigo do DM em 2008, sabiamente, o médico Zacharias Calil, sensibilizado com a violência contra crianças e adolescentes em Goânia, utilizou um relatório da UNICEF para denunciar a estreita relação entre a violência, a pobreza e o stress, cobrar uma educação preventiva e a unificação de dados referentes a esta questão e ainda, sugerir o estudo de caso, para que se apreendam, na realidade, fatores que possam orientar as ações, no intuito de se reverter esta situação, lembrando que “há sempre sinais de alerta presentes, para se evitar uma tragédia”.
O referido artigo impressiona, pois a clara visão social deste médico, que sabe que Saúde é questão socioeconômica e cultural, vai além dos sofismas e das críticas banais.
Em Goiânia, o espaço físico do trabalho realizado pela assistência social é inadequado (faltam salas para os encontros dos grupos, reuniões, práticas esportivas), e trazem problemas com refeitórios, telhados, ventilação e acessibilidade. Falta alimentação para o lanche dos grupos e efetividade e monitoramento na execução dos projetos. Problemas também com a precariedade dos recursos pedagógicos e administrativos e da formação das equipes.
Então não pode ser sério, que se esteja querendo, com tanto descaso, um trabalho que dê certo.
O trabalho social tem que aparecer mais do que aparece nas fotos das festinhas e comemorações arranjadas para satisfazer as autoridades.
As violências domésticas, os abandonos de recém-nascidos, a depressão e a entrega dos jovens às drogas, são resultados de uma sociedade fragilizada em seus laços afetivos, corroída em seus princípios, em sua humanidade.
E qual é a política comunitária da assistência social na capital de Goiás, que poderia ser exemplo, já que participou ativamente na vanguarda da construção do SUAS?
A incapacidade na aplicação do Fundo, o desconhecimento sobre o social, sobre o trabalho social e a descontinuidade das discussões e dos serviços neste campo, emperram o avanço da política de assistência social.
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