segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Saúde e Educação

*Artigo publicado no jornal "Diário da Manhã" em 10/09/11

Impossível não comentar o absurdo que tem sido a greve da Saúde de Goiânia.
Inquestionável é o baixo salário ao qual se submetem os trabalhadores da Saúde e também, são péssimas as condições de trabalho com a qual lidam, diariamente.
No entanto, nos deparamos com uma greve em que a tônica passou a ser a questão do sistema de agendamento do horário das consultas.
Como pode tamanho equívoco, é incompreensível.
O sistema que questionam, impede que os médicos deixem de cumprir a carga horária de 20 horas semanais, acordada com a Prefeitura.
Eu tenho grande respeito à classe médica, sempre fui abençoada através dos profissionais com os quais contei. Convivo e já trabalhei com alguns profissionais da Saúde, todos peculiarmente especiais.
Sei que merecem reajuste, assim como diversas categorias de trabalhadores brasileiros. E as condições de trabalho muitas vezes ferem não somente a ética do SUS, como a humana, dos profissionais, pelas condições de trabalho e dos usuários, pelas condições do serviço prestado.
É deplorável, no entanto, assistir pela TV, nos noticiários, as imagens do povo nos postos de saúde, o esforço do secretário para resolver o impasse e a sua retidão, coerência e firmeza frente à frieza, agressividade e falta de conteúdo político da greve.
Eu não acredito que os médicos da rede municipal estejam agindo politicamente, pois trabalhei em CAIS e sei que a apatia política grassa por entre esta categoria, que sem dúvida, deveria ter reagido há mais tempo.
Mas quais são os planos traçados para o atendimento dos demais itens da pauta de negociações? E qual o comprometimento dos médicos e demais profissionais do SUS de Goiânia com a população goianiense e com o SUS?
Definitivamente, a atual gestão da SMS é recente e pegou uma avalanche de problemas antigos, cultivados nos últimos 06 anos. Não se pode esperar que o Dr. Elias Rassi resolva tudo em 06 meses. Por melhor que ele possa parecer.
E enquanto isso, na Educação, o secretário estadual sofre bullying. Outro absurdo!
Eu mesma mencionei com ironia o ar de príncipe que ele banca e seu jeitinho de falar – Desculpa-me, Senhor Secretário! Parabéns pela elegância nata. Sinceramente.
Quero muito ver o resultado da ousadia de Thiago Peixoto, na SEDUC/GO. Tenho acompanhado sua gestão, bem como o movimento do professorado, contra.
Respeito os movimentos sociais. Venho deles. E fui professora de primário, primeiro e segundo graus. De escola pública e particular. Amei. Quando crescer quero ser professora!
Agora, fico muito triste de ouvir alguém da Educação chamando o secretário de “Timotinho”. E foi deprimente assistir às vaias destes profissionais, em evento da SEDUC/GO, nesta semana.
Tomara logo se rompa a casca que ora permeia este campo social tão descrente e maltratado em nossos dias.
Não se pode duvidar que Thiago Peixoto queira acertar. Este é o motivo de ter deixado toda a segurança e o espaço que já era conquistado. E não era pouco. Não se aventuraria por pouco. Ele quer revolucionar a Educação. Sei que não será sozinho.
Após ler a proposta da SEDUC nas páginas do DM, fiquei mais tranqüila.
A proposta está aberta à discussão.
Espero viver tempos melhores, em que o maior atrativo para educadores seja a Educação. Em que eles falem como Paulo Freire, “com orgulho, mas sem arrogância”. Em que a postura dialógica revele em suas faces, serenidade e glória.
E lembrando Paulo Freire, tempos em que profissionais da Educação não se esqueçam de que “o bom educador deve gostar de viver. Ele tem que ensinar o prazer e o encanto da vida, mesmo que muitas vezes, seja difícil”.

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