segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

25 de novembro: Dia Internacional Sem Carne

*Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 25.11.08


“Oramos aos domingos para que possamos ter luz
Que guie nossas passadas na trilha que palmilhamos
Estamos saturados de guerra, o conflito não nos seduz;
Mesmo assim é dos mortos que nos fartamos.”
George Bernard Shaw

O Meatless Day Campagne é uma data mundialmente comemorada desde 1986 e foi criada pelo indiano Dadaji J.P. Vaswani em homenagem a Sadhu T.L. Vaswani.
O respeito a todas as formas de vida é um preceito em nome da paz e do amor universal e orienta esta campanha ecológica e sua reflexão sobre a matança de animais.
Sabe-se cientificamente, que a dieta influencia nossa saúde e nossa disposição. Não é novidade ouvirmos que é mito a necessidade da proteína da carne. Pitágoras, Plutarco, Sócrates, Da Vinci, Rosseau, Benjamim Franklin, Leo Tostoy e Adam Smith, entre tantos outros, deixaram seus testemunhos sobre a crença de que a suspensão do consumo alimentar de animais tenha a ver com o aperfeiçoamento gradual humano e o pacifismo, como afirmou Ghandi, que dizia que “o progresso espiritual requer, em uma determinada etapa, que paremos de matar nossos companheiros, os animais, para a satisfação de nossos desejos corpóreos”.
É fácil encontrarmos obras literárias sobre os males que causa a ingestão de carne e as dietas pobres em termos de vegetais e cereais.
Há incoerência ao se falar em Desenvolvimento Sustentável ao mesmo tempo em que se busca mercado para exportação da carne. Existem mais cabeças de gado do que de pessoas no Brasil e o que isto representa em termos de danos ambientais é de uma vastidão devastadora.
Já em 1973 o New York Time Post verificou que uma enorme instalação para matar galinhas utilizava 378 milhões de litros de água por dia. Em agosto de 1974, a Agência Central de Inteligência (CIA) alertou, em um relato, sobre a necessidade de que o consumo de animais criados com cereais diminuísse “rápida e drasticamente”, nos países tidos como ricos.
Para se ter uma idéia, a produção de 1 Kg. de carne exige 5000 litros de água. A destruição das matas e do solo provocada pelos pivôs de irrigação do pasto são outros danos; a carcaça é problema, o gás que emitem é problema. A quantidade de hormônios que se consome com a ingestão de carnes é problema.
Ouvi sobre o abate humanizado estes dias, e isto me agradou, pois creio que significa uma tomada de consciência com relação à necessidade de que se garanta o bem-estar dos animais; é o reconhecimento de que a prática de agressões e o estresse dos animais, que são comuns, ocasionam descargas de hormônio e queda na qualidade do produto.
É algum avanço, mas urge a necessidade de um empresariado cada vez mais moderno, que ouse construir novas relações sociais e de produção. Que se empenhe realmente em buscar investimentos sustentáveis, que atendam necessidades socioambientais e não que simplesmente saciem o apetite de um mercado arcaico e perverso, que nos retire do produtismo que tem devorado nossos recursos econômicos e reproduzido cada vez mais, velhos riscos sociais e ecológicos.
É preciso nos comprometermos realmente, na prática, com o pacifismo, que sempre estará envolvido às questões sociais, econômicas, culturais e ecológicas. Que tal o dia 25 de novembro, sem carne?
Até quando salvaremos apenas as baleias e os micos leões dourados?

domingo, 9 de novembro de 2008

Steve MacQueen, o mesotelioma e o jogo bruto da cadeia exploradora do amianto

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 09.11.08

“A vitória da razão só pode ser a vitória das pessoas razoáveis,
a razão não existe por si mesma, ela existe na conduta, na ação das pessoas.
Então, se as pessoas razoáveis não vencem, a razão não prevalece.”
Bertold Bretcht

Steve MacQueen, famoso ator norte-americano, morreu em 07 de novembro de 1980, aos cinqüenta anos, vítima de mesotelioma, um tipo de câncer causado pelo amianto, uma fibra mineral resistente, incombustível, isolante térmica, acústica e elétrica, utilizada no Brasil em mais de 3000 produtos da área da construção, dos tecidos e de autopeças. Em sua juventude, Terence Steve MacQueen foi marine na fuzilaria naval americana, que utiliza o amianto, entre outros lugares, nas tubagens a vapor. Inicialmente, os navios continham entre 220 e 250 toneladas de amianto em telas, azulejos etc.
O mesotelioma é um tumor incurável, que pode aparecer entre 20 a 40 anos após a contaminação pelo asbesto (amianto) e após o diagnóstico, a pessoa portadora possui uma sobrevida em torno de 8 a 14 meses. A morte é lenta, precedida por fortes dores pulmonares, cansaço físico e falta de ar.
Banido em 45 países do mundo, o amianto foi classificado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, da Organização Mundial de Saúde (OMS), como substância cancerígena para humanos em qualquer estágio de produção, transformação e uso.
Porém, no último dia 31 de outubro, na Reunião das Partes (COP4), no âmbito do Programa para o Meio Ambiente da Convenção de Rotterdam, que acontece de dois em dois anos, Brasil e Canadá se mantiveram neutros quanto à inclusão do amianto na lista de produtos cuja comercialização é regulamentada pela Convenção de Rotterdam. Casaquistão, Índia, México e Paquistão, entre outras nações, se manifestaram contra a inclusão do amianto na lista monitorada.
A Dra. Fernanda Giannazi, Auditora Fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo e Coordenadora da Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina, recebedora de prêmios em Nova York e no Japão, comentou em entrevista à revista Consultor Jurídico, que este voto neutro foi “covarde e hipócrita, baseado em dúvidas que existiriam no interior do governo sobre a nocividade da crisotila ou amianto branco. Na reunião havida no Ministério de Relações Exteriores, cumprindo protocolo internacional, a dita "sociedade civil" e os órgãos governamentais foram "ouvidos" e, com exceção de um técnico que desconhecia o tema, representando o Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), havia unanimidade entre os presentes (representantes dos Ministérios do Meio Ambiente, Saúde, Trabalho, Agricultura, ANIVSA, das vítimas (ABREA), Rede Brasileira de Justiça Ambiental / GT Químicos) de que o amianto deveria ser listado para fins de comércio internacional. Ao vermos a ausência dos lobbystas pró-amianto no MRE, um sinal de alerta soou: e a prova está aí; as negociações não passaram pelos trâmites protocolares tradicionais. Tudo foi decidido nos bastidores”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), no Critério de Saúde Ambiental 203, declarou que “nenhum limite de tolerância foi identificado para os agentes carcinogênicos; que onde materiais substitutos para crisotila estiverem disponíveis eles devem ser considerados para uso; e que a exposição ao amianto crisotila aumenta os riscos de asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma em função da dose.”
Entre as doenças relacionadas ao amianto estão a asbestose (doença crônica pulmonar de origem ocupacional), o câncer de pulmão e do trato gastrointestinal e o mesotelioma. São doenças progressivas, irreversíveis, de difícil tratamento e que, na maioria das vezes, são subnotificadas, pois a contaminação por amianto tem um intervalo de até 30 anos para se manifestar e quando acontece, o trabalhador já saiu deste mercado, já está aposentado.
Em São Paulo, a Lei 12.684, de 2007, que proíbe o uso do amianto em qualquer instância, levou à queda nas ações da Eternit, que atingiu cotação mínima no final desse ano. Outros estados e municípios brasileiros já baniram o amianto.
Hermano Castro, da Fiocruz, Doutor em Saúde Pública, constatou pautado em dados, que “o Brasil terá uma epidemia de mesotelioma entre os anos de 2010 e 2020. Só então o tumor vai aparecer nos operários contaminados nas décadas de maior consumo, de 70 e 80 e quem vai pagar a conta do amianto é a sociedade, pelo SUS e pela Previdência".
Segundo a ABREA, não existe no Brasil nenhum estudo a respeito de doenças provocadas pela exposição ao amianto. Nem no Ministério da Saúde, nem no Ministério da Previdência. A entidade afirma que 680 casos já foram confirmados.
No enfrentamento contra a produção de amianto, Dra. Fernanda Giannazi sofreu, no final dos anos 90, sérias retaliações, correndo riscos de morte “física e social”.
Longe de ação panfletária, esta luta denuncia uma “prática desenvolvimentista assassina, destrutiva e poluente”, defendida no Congresso pela “bancada do amianto”, que teve campanha patrocinada pela SAMA e defende o “uso controlado do amianto”, que comprovadamente não existe e ainda, alega prejuízos econômicos inafiançáveis citando inclusive os postos de trabalho existentes em função de uma atividade que vitima trabalhadores, familiares, vizinhança das minas e consumidores dos seus produtos.

sábado, 8 de novembro de 2008

Mude Seu Rumo

“ O diálogo abaixo é verídico, e foi travado em outubro de 1995 entre um navio da Marinha Norte Americana e as autoridades costeiras do Canadá, próximo ao litoral de Newfounland. Os americanos começaram na maciota:
“ – Favor alterar seu curso 15° para Norte para evitar colisão com nossa embarcação”.
Os canadenses responderam de pronto:
“ – Recomendo mudar o SEU curso 15° para o Sul”.
O americano ficou irritado:
“ – Aqui é o capitão de um navio da Marinha Americana. Repito, mude o SEU curso”.
Mas o canadense insistiu:
“ – Não. Mude o SEU curso atual".
O negócio começou a ficar feio. O capitão americano berrou ao microfone:
“ – ESTE É O PORTA-AVIÕES USS LINCOLN, O SEGUNDO MAIOR NAVIO DA FROTA AMERICANA NO ATLÂNTICO. ESTAMOS ACOMPANHADOS DE TRÊS FRAGATAS E NUMEROSOS NAVIOS DE SUPORTE. EU EXIJO QUE VOCÊS MUDEM SEU CURSO 15° PARA O NORTE, OU ENTÃO TOMAREMOS MEDIDAS PARA GARANTIR A SEGURANÇA DO NAVIO”.
E o canadense respondeu:
“ – Aqui é um farol. Câmbio!".

Ás vezes a nossa a nossa arrogância nos faz cegos. Quantas vezes criticamos a ação dos outros, quantas vezes exigimos mudanças de comportamento nas pessoas quando na verdade nós é que deveríamos mudar o nosso rumo...”

Pão e Oração

Há alguns anos estive encarregada de administrar uma casa de alimentos naturais, onde se elaboravam massa, principalmente pães.
Quem fazia era especialista na matéria, e seu trabalho atraía toda a vizinhança. Certo dia teve de viajar de repente, e ficamos sem ninguém que o substituísse. Diante da situação, só me restou a alternativa de assumir eu mesma essa responsabilidade, sem nunca ter feito pão antes. Pus as mãos na massa e entreguei os resultados a Deus. Acaso não tinha sido ele que me trouxera o desafio?
Sempre que amassava pão sentia como se os ingredientes, aparentemente inertes, fossem tomando forma, mudando de textura, sutilizando-se, criando vida. Quanto mais amassava, mais aquilo se transformava, e o milagre se renovava todos os dias. Comecei então a orar enquanto amassava. Pouco a pouco senti que, através do que sucedia e que era inexplicável para mim, eu me comunicava com o mundo por outras vias ocultas, interiores. Era como que escrever cartas de amor a desconhecidos, àqueles que comeriam o pão.
Grande foi a minha surpresa quando percebi que a clientela havia mudado completamente. Já não eram apenas os vizinhos que vinham, mas gente dos mais diversos pontos da cidade, só para levar o pão.
Um dia pus-me a conversar com uma senhora que todos os dias vinha de muito longe. Eu a vi cansada e lhe ofereci chá. Enquanto tomava, contou-me que tinha uma filha de 15 anos com câncer terminal; a moça não ingeria quase nada, e a única coisa que pedia era “aquele pão”. Foi quando entendi que no pão realmente se imprimiam energias luminosas, que ajudavam a quem estivesse receptivo.
Fui tomada de profunda gratidão ao dar-me conta, ainda que parcialmente, do alcance da oração. E agradeci ao Único por bem dizer com seu amor aquele humilde trabalho.
Não só ao elaborar alimentos, mas em todos os atos temos oportunidade de prestar serviço do mais íntimo do nosso ser sem esperar retribuição, de prestar um serviço só pelo Bem.
Teodora, Figueira

* Extraído do Boletim de Sinais nº 10, de Figueira 2001, da IRDIN EDITORA LTDA.

O Alimento em Figueira

O alimento não se restringe às suas partículas materiais. É a energia imaterial, presente em todas as coisas, que na verdade nutre e sustenta. Se é preparado com espírito de oferta, torna-se veículo de harmonização e cura dos que o ingerem. A atitude desprovida de interesses egoístas faz com que se processe uma química sutil, pela qual o alimento adquire propriedades especiais e inusitadas.
Em Figueira, temos isso presente. Procuramos, também, usar produtos que aumentam a força vital, a saúde física e mental. Esses são suculentos, suavizantes, frescos e agradáveis, segundo o Bhagavad Gîta. Evitamos alimentos amargos, azedos, salgados, apimentados, pungentes, ácidos, e picantes, segundo essa mesma orientação. E não usamos produtos animais, a não ser mel.
Mas, sobretudo, em Figueira cultivamos gratidão profunda por todas as coisas que o universo nos oferece. Procuramos fazer jus às dádivas que temos recebido dos colaboradores e do trabalho com a terra e o reino vegetal.
Na atual civilização, restrita às leis materiais, e em que prevalece a desigualdade, muitos têm menos que o básico para uma vida digna; porém, sabemos que nos níveis sutis cada ser recebe o alimento conforme precisa. Há quem tenha consciência dessa realidade e facilite a sua expressão no mundo concreto.
A conexão da consciência com os mundos internos abre possibilidades indescritíveis de manifestação, que na vida material podem refletir-se como suprimento de tudo o que é realmente necessário. À medida que se une com os mundos espirituais, o ser vai obtendo conhecimento de certa energia e vai passando da escassez à copiosidade também no plano físico. Essa abundância --- que não é excesso, mas sim o justo para a realização do elevado propósito da existência ---é alcançada pela entrega abnegada de si ao próprio eu superior e pelo cumprimento do serviço conforme o Plano Evolutivo.
Assim procuramos viver em Figueira, e temos tido, em nossa experiência, algumas demonstrações da realidade dessa lei espiritual.

* Extraído do Boletim de Sinais nº 14, de Figueira 2002, da IRDIN EDITORA LTDA.

domingo, 2 de novembro de 2008

O fim do éden na selva de pedra

*Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 31.10.08

O Jóquei Clube de Goiás tem enfrentado, nos últimos anos, uma crise oriunda da não adequação do clube às mudanças sociais do mundo pós-moderno.
Sabe-se que os clubes recreativos, tradicionais pontos de encontro da juventude e das famílias, em Goiânia, têm o número de freqüentadores em ritmo decrescente em função de vários fatores, entre os quais, a proliferação dos prédios e condomínios residenciais com área recreativa e esportiva privadas.
Enquanto isso e em meio à crise da água, o modo de vida que exercemos atualmente, nos leva ao individualismo, ao sedentarismo, ao consumismo e à virtualidade, que diariamente se traduzem na banalização da vida e das relações. A desumanidade e a falta de tempo grassam em nossos dias, acuando e limitando nossas vidas.
Neste tempo, em que a cidade de Goiânia está em processo de revitalização do seu centro histórico, o Jóquei Clube, localizado na área central desta cidade há quase setenta anos, pode contribuir sobremaneira com a cidadania, se passar a se comprometer enquanto função social, em ser um “poro oxigenador” da cidade, já que pode influir diretamente na qualidade de vida ao atuar no cotidiano de pessoas que buscam, no clube, preencher lacunas, quer sejam no campo do corpo físico, da parte emocional, da intelectualidade ou da sociabilidade apenas, oferecendo um espaço de alimentação, lazer, compras, entretenimento, convivência, informação, cultura e esportes.
Historicamente administrado e freqüentado por famílias tradicionalmente relacionadas à construção e à vida da cidade de Goiânia e do Estado de Goiás, o Jóquei Clube possui ainda hoje em seu quadro de associados, figuras reconhecidas e bem sucedidas em diversos campos de atuação em nossa cidade.
Não é difícil de se perceber o potencial que este clube possui, enquanto possível instrumento de requalificação da vida, enquanto contraproposta ao sistema atual de lazer e convivência.
Apoiada pelo Sr. Joaquim Naves, construí um projeto para atuação no campo das ações sociais deste clube, visando a ressocialização de joqueanos (as), através de um programa de ação social paralelo às atividades e à rotina atual do clube.
É um projeto interdisciplinar que visa resultados a médio e longo prazo e contribui com a difusão de uma cultura de vida fundamentada na máxima “mente sã, corpo são”, legitimando assim a função social do clube, que não teria razão de ser se não fosse o próprio associado.
O projeto sugere como primeira ação, após uma festa de lançamento com músicas de todos os tempos, uma pesquisa participativa, com sócios e funcionários do clube, visando conhecer melhor suas opiniões e disposições, realizada na área do clube, através de abordagens e de questionários avulsos, com temáticas voltadas para questões administrativas do clube e para questões em geral.
Seu principal programa é o de formação de grupos para a efetivação dos seguintes clubes: de Mães, de Jovens, para Maiores de 30, da Melhor Idade e do Vídeo, inicialmente. Os clubes teriam reuniões semanais, com horário entre 19h e 21h e atividades extras programadas com pessoas dos diversos clubes, como viagens, palestras, exposições, feiras temáticas, seminários, coral de vozes, campanhas (do livro, de coleta seletiva, de alimentos por ex.), gincanas filantrópicas, bazares, passeios, visitas enfim, eventos que possibilitem e que estimulem a convivência entre diversos, na vida cotidiana. Sem segmentarismo.
Nestas reuniões, seriam trabalhados temas e oficinas do interesse de cada grupo, propiciando a troca de experiências e conhecimentos, e também o desvelar de anseios e possibilidades, com temas voltados para o amor, a filosofia, a saúde e a conjuntura atual (meio ambiente, economia, política, sociedade), associando pessoas que, agrupadas sob um mesmo teto, identificam objetivos, sonhos, problemas e soluções comuns.
No projeto há previsão de espaços como uma revistaria/café-net com jornais, revistas, cafés, doces, refeições rápidas e saudáveis, além da rede de internet. Espaço também para loja de conveniência, banco 24 horas, biblioteca, salão de beleza e até pequena área de camping.
Segundo o projeto, o restaurante, inclusive aos finais de semana, deveria oferecer refeições típicas goianas e refeições alternativas e também, dever-se-ia incentivar o uso da sauna feminina, inclusive divulgando observações médicas sobre para quê serve, quando e como usar.
O projeto prevê parcerias com hotéis, Prefeitura de Goiânia, escolas, além de intercâmbio com outros Jóqueis Clube em todo o Brasil.
Infelizmente, de um momento para o outro me deparei com a devastação do que restava do bosque e tenho ainda, que conviver com aquele espaço explorado, dilapidado e abandonado, retratando a cara da nossa consciência ambiental, histórica e social.

domingo, 26 de outubro de 2008

Imaginação e Realidade

"A imaginação é o mundo das causas,
A realidade é o mundo dos efeitos.
Nada foi criado pelo homem sem antes
Ter sido imaginado pelo próprio homem.
O homem cria as causas, a vida apenas ajusta os efeitos...
Cada criatura vive na faixa de sentimentos
A que melhor se ajusta.
Não há pensamento, uma palavra ou ação
Que não tenha eco...
Não espere tanto da vida,
Dê um pouco mais de você!...
Quem colhe sem semear furta de alguém que plantou.
Plante a cada dia,
Plante todos os dias
Fraternidade, paz, esperança e amor...
E aguarde,
Breve uma nova realidade para sua vida".

Lenilson Naveira e Silva.

MILHO DE PIPOCA

"A transformação do milho em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho de pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra dentes, impróprios para comer. Pelo poder do fogo, podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa – voltar a ser criança.
Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e de uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor.
Pode ser fora de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão – sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem o fogo o sofrimento diminui. E com isso a probabilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que a sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina que ela é capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece. PUMI – e ela aparece como outra completamente que ela nunca havia sonhado. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa que o jeito delas de serem. A sua presunção e o medo são a casca dura do milho que não estoura. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém.
Terminando o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam peruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. As pipocas que estouram são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira.
O amor que acende a lua".

RUBEM ALVES.

domingo, 5 de outubro de 2008

A boa-nova

* Publicado no jornal "Diário da Manhã" em 04.10.08

A militância política pra mim tem gosto de esperança em prática. É muito divertida, emocionante, intrigante, desafiante, alucinante, desgastante, a militância política.
Tendo começado a minha, na luta pela piscina do Colégio Santa Clara, sempre estive nos movimentos de centros cívicos e acadêmicos escolares. Sempre em busca e na defesa da qualidade de vida, dos direitos humanos, da democracia, da emancipação do homem, da liberdade.
Ter estado no Diretas Já, na Praça Cívica, em 1984, foi decisivo para minha opção pela esquerda transformadora e democrática, que naquela época era tudo de necessário.
Como o italiano Antônio Gramsci, político, jornalista, filósofo e cientista político, acredito na cultura “como um meio privilegiado de superar o individualismo, de despertar nos homens sua consciência universal”. Gramsci dizia que junto às batalhas econômicas e políticas, a luta operária devia empreender a batalha cultural, que envolve valores e ideários.
Daí o papel da cultura, na ampliação de seu território para além das artes plásticas e cênicas, da musicalidade e da literatura, promovendo as idéias, crenças, valores, normas, atitudes, padrões de conduta e abstrações que nos conduzam a um desenvolvimento qualitativo de nossa existência, em um mundo mais fraterno, com equidade social.
E acredito também que as revoluções começam nas idéias, sempre.
Compreendi, inicialmente, que o socialismo é um modo de vida. Gramsci dizia que “o socialismo é uma visão integral da vida: tem uma filosofia, uma mística, uma moral”.
Muito cedo li 1984, de George Orwell, e abominei as ingerências e arbitrariedades.
Em uma época, ia para o PC do B assistir filmes, quando era na Rua 3 do Centro, e acabei me filiando neste partido.
Sempre busquei me associar com quem fala a mesma língua que eu, embora busque a diversidade, sempre. Conhecer e conviver com diferentes me é muito aprazível e necessário, mas na política, preciso de encontrar sintonia para associação. O respeito, a amizade, o reconhecimento do ideário e dos princípios se revelam nas práticas, nos meios.
Não gosto de política de resultados, foco os processos. E sempre garanti os resultados; algumas vezes, os avessos almejados, quando as variáveis negativas se tornaram determinantes.
Paciência. Perseverança histórica é importante nessa hora. A luta revolucionária para a transformação social não será nunca em um repente.
É por isso que eu voto!
Preciso sempre acreditar e ver melhoras, avanços e conquistas, em nome da sociedade justa e fraterna da qual há muito se fala e pela qual há muito se luta.
Gosto do prazer de falar em algum nome, em gente que faz diferente daquela que conserva, em gente que luta, que cresce, que agrega.
Gosto de defender práticas políticas voltadas para a cultura, a participação, o turismo, o esporte e o lazer, enfim, para a garantia dos direitos humanos.
Andei procurando em Goiânia, em dia de semana, pelo centro da cidade, uma determinada peça, comum nas feirinhas de fim de semana, mas não encontrei.
Encontrei, em uma casa de artesanato goiano, propaganda de Gilvane e Jaqueline.
Vou votar neles. E em Kleber Adorno, para vereador.
Conheci Jaqueline em sua campanha para deputada, conheço um pouco do trabalho social que ela faz e Gilvane Felipe caiu nas graças de minhas crianças, pela propaganda e pelo discurso.
Sei da trajetória e dos conhecimentos de Gilvane, que também se iniciou no PC do B, além do quê, o PV, que o apóia, tem referências ideológicas importantes para mim.
E o prof. Kleber Adorno, sem comentários. Voto nele, tranqüila de sua capacidade de representação política no parlamento goianiense, por reconhecer seu trabalho em prol de uma política cultural efervescente e ainda, admirar seu conteúdo e bagagem política e filosófica.
Tenho quem me representa. Acredito na boa nova desses três candidatos e meus votos são deles!
Sem medo de ser feliz.

sábado, 27 de setembro de 2008

“Participação é conquista”

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 26.09.08

Esta frase do prof. Pedro Demo, da UNB, PhD em sociologia, resume a importância da participação em qualquer processo de conquista, sendo princípio, meio e fim na promoção social.
Segundo este professor, a participação deve ser persistentemente construída e diariamente conquistada, assumida pelo interessado enquanto um projeto próprio.
Neste sentido, é preciso que os poderes e as políticas sociais se percebam e se façam instrumentos de motivação da autopromoção, sabendo-se que a “redução das desigualdades sociais jamais será resultado conseqüente da política econômica, nem apenas como expressão da boa vontade dos detentores do poder”.
Na política democrática, as ações devem estimular o processo de desenvolvimento da cidadania produtiva para a almejada participação social através de estratégias emancipatórias e com visão de longo prazo. A conquista da cidadania não se faz rapidamente, mas culturalmente, diariamente, através de mediações.
Para constituirmos uma sociedade verdadeiramente composta por sujeitos que participam da riqueza socialmente produzida, é preciso reconhecermos e protegermos os direitos humanos e a questão social enquanto elementos que afetam a todos.
O trabalho, a saúde, a educação, a assistência social, a moradia, o esporte e o lazer, entre outros direitos proclamados, devem passar a ser reivindicados e conquistados efetivamente pelos seus demandatários.
A participação não pode ser cedida, não é concessão. Mas pode estar incluída em discursos que escamoteiam a realidade centralizadora, conservadora e alienante de programas/ações sociais paternalistas e assistencialistas.
A Lei orgânica de Assistência Social – preconiza a participação e o controle social nas instâncias de planejamento, execução e avaliação dos programas/ações sociais.
Na política de assistência social do Governo Federal, é por intermédio dos conselhos locais de assistência social que esta participação se dá, definindo, de acordo com a realidade local, os contornos dos programas e ações implantados, de forma descentralizada, desalienante, regionalizada.
Trata-se, com efeito, do resultado de uma trajetória de lutas dentro do Serviço Social, na busca da assistência emancipadora, que não atua somente diante da pobreza material, mas na e diante da pobreza imaterial, política, cognitiva, afetiva.
É urgente a reativação dos conselhos locais de assistência social na capital goiana e a ativação nos municípios que ainda não o possuem.
Os conselhos locais são instâncias que devem constituir todos os centros de assistência, orientando, avaliando e contribuindo com o aperfeiçoamento dos serviços oferecidos nesses centros.
Sob este aspecto, é indubitável o trabalho feito pelo prof. Pedro Wilson, a partir da Prefeitura de Goiânia, que corroborou com uma política de assistência social fidedigna, marcada pela participação popular, pelo viés dialógico e pela organização comunitária voltada para a conquista dos direitos humanos e da qualidade de vida com cidadania.
O entendimento de que Assistência Social é política de direito e de direitos, é condição para o avanço da participação social, para o fim da idéia do cidadão/usuário desta política enquanto beneficiário e para sua inserção no protagonismo de sua história.
Gente não quer só comida, vale lembrar.

Primavera

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 19.09.08

Hoje não sei meus sentidos
Embaçam-me os ouvidos
Em um visual esquisito
E me impregno de dor
Repugno
Vomito as mesmices
Dos sonhos perdidos
E me embala uma flor
Que não vejo nesta mesa
Que não brota nesta porta
Que não exala nesta sala
Mas que paira
E para em minha mente
Demente.
E mariposas sobrevoam
As luzes neste teto
Insetos
Incerta, adormeço atônita
Meus sentidos
Não querendo sabê-los,
Perco-me em zunidos
Pelas ruas de copas
E ventos floridos
Onde ando percorrendo.
Pra começar a Primavera com poesia, além da saudade do barulho de cigarras, que não escuto mais e revelar o torpor em que me encontro, de novo envolta em mudanças e andanças e relutâncias.
As contradições, dialeticamente existentes, cotidianamente presentes têm me misturado um bocado e quase não consigo ordenar os sentidos e expressar meus zunidos.
Tenho percorrido estradas e convivido com paisagens tão novas e tão antigas e sentido saudades e lembranças que vêm nos ventos, nas flores, nas cores dos verdes, nas lembranças dos amores.
Oxalá as primaveras vindouras não percam nunca, em nenhum lugar, a capacidade de renovar as esperanças, imprimir sonhos e forças positivas.
Que as certezas da onipotência e da onipresença de Deus prevaleçam sob nossos desejos e nos oriente rumo aos melhores caminhos.
Vivas à Primavera, vivas ao cerrado brasileiro, vivas ao papai Xande, pelo seu natalício em 21 de setembro, e à sua sabedoria, sua bondade, sua persistência. Que o Grande Arquiteto do Universo esteja sempre na construção de sua vida, que também neste dia, há 51 anos se uniu à de minha mãe.
E vivas a esta poderosa mãe, esposa, avó, amiga, de nome Cleusa, resistente, combativa, amorosa e inteligente, eterna noiva, eternamente presente com meu pai, em minha alma.
Viva a vida!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Na juventude, tudo pode?

* Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 10.09.08

“O homem só envelhece
quando os lamentos substituem seus sonhos”
Provérbio chinês

O Estatuto do Idoso, Lei sancionada pelo Presidente Lula, e que passou a vigorar em 1º de janeiro de 2004, visa regulamentar garantias já asseguradas pela Constituição Federal de 1988 e é, indubitavelmente, um campo fértil para a mobilização social em prol da efetivação de direitos básicos para pessoas com idade acima de 60 anos.
Esta Lei imputa à Família, à comunidade e ao Poder Público, o dever de garantir ao idoso a conquista dos direitos humanos e estimula a formulação de políticas sociais, o privilégio na destinação dos recursos públicos, o convívio, a informação, a ocupação e a prioridade no atendimento, quer público ou privado, assegurando atenção integral e vedando a possibilidade de discriminação de qualquer natureza.
No mundo todo a expectativa de tempo de vida vem aumentando e isto revela a urgência social de uma remodelação dos valores que permeiam a humanidade.
Embora o Estatuto seja uma conquista, a verdade é que não foi de uma luta popular. Representantes da sociedade civil, organizados em conselhos representativos puderam, através do Parlamento, garantir este instrumento de validação de reivindicações e expectativas, é verdade. Mas o que quero aqui colocar é o fato de que a Lei de Nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, é apenas um passo, é um meio e não um fim em si.
A lei por si só não garante resultados.
Precisamos construir sujeitos coletivos, que participam de um conjunto de noções, crenças e valores subjetivos comuns a outros sujeitos. Esta construção impõe que saiamos do vanguardismo e do corporativismo das lutas, buscando um caráter menos ativista e mais voltado para a participação cotidiana da sociedade.
O Estatuto do Idoso precisa ter força de opinião popular e ser compreendido enquanto germe de transformação social e uma aspiração coletiva.
No livro O Complô de Matusalém (sem tradução no Brasil), de autoria do alemão Frank Schirrmacher, o autor diz que os jovens devem mudar de comportamento com relação aos idosos urgentemente, sob pena, caso contrário, de construírem a própria ruína num futuro próximo, já que a humanidade está envelhecendo em uma velocidade nunca vista. Ficar velho é condição sine qua non de se manter vivo. Lutar pela vida é garantir um envelhecimento digno. Segundo esse autor, não estamos adaptados à experiência de ficarmos velhos e participamos, veladamente, de uma ditadura da juventude que nega a velhice.
Compreendendo esta ditadura enquanto resultado de um fenômeno econômico, o referido autor conclama à que jovens do mundo todo, no auge do vigor físico e intelectual, se revoltem contra o atual modelo biológico e cultural que vem sendo construído pela humanidade ao longo dos anos.
É neste modelo que quero me ater. Acredito no Estatuto, mas não creio que ele por si, indique a direção de uma sociedade para todas as idades.
Ora, uma boa velhice começa a ser garantida na infância.
O médico gerontologista Alexandre Kalache acredita que o envelhecimento na população vai obrigar os países a integrarem os idosos à sociedade produtiva, pois até 2050 a população mundial terá um número de idosos igual ao número de jovens.
Isto tem que alterar a mentalidade das políticas públicas e da sociedade privada, que não consideram este aumento acelerado e não se preparam para esta realidade.
O Estatuto encanta pela contundência no quesito responsabilização e nas questões de discriminação. Quanto à garantia de direito aos bens e serviços, creio que deixe um pouco a desejar. Não existe mobilização quanto a este tema. Faltam resistência e combate.
Considero uma afronta, uma hipocrisia, uma debilidade, o Art. 26, do Estatuto do Idoso, sobre a profissionalização e o trabalho, já que a realidade da maior parte de nossos idosos revela cansaço, problemas de saúde, e apesar de tantos anos trabalhados e filhos criados, enfrentamentos para garantir alimentação, saúde, moradia, ir e vir, lazer, educação.
Ressalte-se que menos de 20% da população brasileira tem mais de 11 anos de escolaridade e apenas 25% de brasileiros demonstram habilidades de leitura e escrita e são capazes de ler textos longos e localizar neles, mais de uma informação.
Há unanimidade entre geriatras, sociólogos e filósofos em dizerem que o cultivo de bons hábitos é fundamental para uma longa vida e uma vida com qualidade.
A receita básica é uma combinação das seguintes atitudes: eliminação dos vícios, dieta balanceada, prática de atividades físicas regulares, vacinação, acompanhamento médico, atividades intelectuais e manutenção da vida afetiva e do lazer.
É concreto afirmar que com o passar do tempo, as pessoas perdem massa óssea, enfraquecem músculos e se vêem mais às voltas com problemas de hipertensão arterial, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo, hiperlipidemia (colesterol e triglicerídeos altos) e estresse.
Na juventude, tem-se esta consciência?
Como conseguir, além das transformações físicas e emocionais inevitáveis da dita “melhor idade”, conciliar vida prática, real, com mudanças de hábito?
As limitações advindas da própria faixa etária e do modo de vida exercido, normalmente vão crescendo, ao invés de serem superadas.
A Lei garante o Direito no papel, mas na prática, a construção de uma nova sociedade só se dará coletivamente, sob um olhar mais nivelado das partes do nosso sistema social, econômico e político.

sábado, 30 de agosto de 2008

Pedi para sair, mas vou votar

* Publicado no jornal "Diário da Manhã", em 29.08.08

Diferentemente de 2002, quando deixei um trabalho onde eu estava muito bem, para trabalhar campanha majoritária em Goiânia, depois de ter acordado com pessoas nas quais eu confiava e que me garantiram o retorno, após a campanha. Mas aí foram festas de formaturas, de casamentos, de fim de ano, para estas pessoas e eu, nove meses no desemprego. Precisei pedir ao meu filho que fosse para a casa paterna. Sofri, mas resisti, afinal nunca estive na política para conseguir emprego. Aí, consegui um trabalho com salário bem inferior, devido o pedido de um amigo anterior ao meu ingresso na política, não pelos meus serviços prestados.
Mas sempre estive na política. E com a profissão que tenho, fica difícil não estar na política. Ao menos eu achava.
Meu primeiro trabalho na Prefeitura de Goiânia, onde hoje é o CRAS da Redenção, foi aos quinze anos, como auxiliar de recreadora. No início dos anos noventa, retornei. E a Prefeitura se tornou meu ideal de trabalho.
Encantada e comprometida com “minha aldeia”, tentei por quase vinte anos, produzir algo de bacana, com meu trabalho. Com o lema “vida simples, pensamento elevado”, fui persistente, busquei sempre a amorosidade, o respeito ao diferente. Fugi dos fatalismos estéreis e do messianismo, na política e em meu trabalho. Busquei o diálogo, fui atenta, ousei, sempre na ordem e no progresso.
Ajudei a fundar e administrar a Associação de Moradores do meu bairro, com veracidade e lutas. Participei e acreditei em Associação de Ex-Alunos. Ousei lutar pela minha categoria profissional. Assumi prejuízos inestimáveis.
Achava natural, que me dedicando e trabalhando sério, teria resultados positivos, profissionalmente. E tive, graças a Deus e à minha família, que ao meu lado sempre está.
Mas estou exilada da política partidária. E feliz, percorrendo “meu Rio Tejo”, que é longo, trabalhando sem precisar ter barriga para empurrar ou político para agradecer. Mas agradeço a todos, de coração.
Aos que me servem de exemplo, aos que admirei e aos que não me toleraram. Tantas experiências me enriqueceram, imaterialmente e me garantiram agora, um bom emprego, via SINE.
Sei que “devo identificar a presença da ideologia e a inexperiência democrática enraizada em nossas tradições”. E a ideologia está presente, sempre, transformando ou mantendo. Libertando ou subestimando.
Desesperada como eu estive, depois de pedir para sair de um trabalho que me consumia em vão, sem resultados positivos, onde meu esforço incomodava e me rendia desprezo e problemas familiares, esta é realmente uma vitória.
Esperei longo semestre, uma recolocação, conforme me fora garantido.
Reavaliando meus valores, minha expectativa de mundo, precisei encontrar novas condições e ideais.
Trabalho agora, de forma técnica, enfim, entre técnicos.
E é incrível como nesse meio, o poder e a chefia não são sinônimos de controle e nem requerem subordinação. O status vem da competência. A solidariedade não cheira barganha. As respostas não têm enrolação. E os sonhos indicam os trilhos do trabalho.
Não me cansei ou desisti de minha aldeia, voltarei, inda que demore.
Apenas me lembrei que tenho dentro de mim, a capacidade de fazer diferente, de ser diferente.
Não pude mais ouvir meu filho, hoje adulto, me dizer que “sempre foi assim...”.
Retirei-me para não romper com sentimentos que quero preservar, de esperança e de compromisso com a construção da liberdade e da emancipação do ser humano.
Aceito o exílio.
Para onde eu for, levarei o que foi bom.
Mas é em “minha aldeia”, que votarei!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O beijo na boca pode até matar

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 22.08.08

A mania de “ficar” da moçada, atualmente, traz sérios riscos à saúde. Não só de “ficantes”, como de seus responsáveis.
Considerando apenas o “ficar” de beijar na boca, é preciso que se saiba que além de ser muito bom, o beijo na boca pode transmitir doenças.
Lembro-me meu primeiro beijo, e de tantos outros que vieram depois. Carinho, afeto, emoções e trocas se sucedem em um caldeirão de sentimentos, antes, durante e depois do beijo na boca. São cerca de 30 músculos da face, em movimento, batimentos cardíacos que podem chegar a 150 por minuto e o consumo de três a cinco calorias, durante o beijo na boca. Ativa a circulação sanguínea, a oxigenação das células e a produção de hormônios causadores de confiança, calma e bem-estar. Ás vezes, até para quem o vê ou o imagina.
Com tantos benefícios, porém, o beijo na boca pode também transmitir vírus e bactérias.
Cárie dental, gengivite, faringite, laringite, amigdalite, herpes labial, mononucleose, hepatites A, B e C, meningite, candidíase, gripe e tuberculose são doenças que podem ser transmitidas pelo beijo.
Embora a saliva não transmita a AIDS, se o beijo acontece entre duas pessoas com feridas na boca, ou gengivite, o vírus HIV pode penetrar na corrente sanguínea. O mesmo pode acontecer com a sífilis e a gonorréia.
Quem está com uma afta, não pode beijar ninguém até que a mesma se cicatrize, fechando as portas para bactérias e vírus perigosos.
Quem tem piercing ou usa um aparelho ortodôntico que machuca a boca, deve redobrar os cuidados, pois esta pessoa está mais exposta.
Os indianos recomendam, para a saúde das gengivas e o bom hálito, a mastigação de gengibre e cravo-da-índia durante cinco minutos e em seguida um bochecho com água fria. É preciso uma boa higiene bucal, sempre após as refeições, com o uso de fio dental, escova de dente e um anti-séptico bucal, este, principalmente antes e após o beijo, “para que se diminuam as chances de transmissão de algum tipo de doença”.
Mas o beijo na boca, se no caso, envolve garotinhas indefesas, é certamente o mais perigoso. Principalmente, por que garotinhas são quase sempre indefesas, se envolvidas em beijos, mesmo as que acham que já sabem tudo, que estão prontas e “blindadas”. E aí, depois do beijo na boca, é muito devaneio, são muitos riscos.
Neste caso, pode até matar, mesmo. Principalmente seus pais ou responsáveis.
Imagina uma dessas, aveludadas, desenhadas para serem felizes e luminosas. Por um beijo na boca, podem, claramente, arquitetarem um plano, sumirem em um shopping onde estão com amigas e alguma mãe mais “desavisada”, desligarem o celular e deixarem esses pais e/ou responsáveis, malucos, com o coração ora batendo muito, ora querendo parar; com a boca seca, as extremidades geladas, as pernas bambas, e a mente, ah, a mente que mente... A mente desses seres cuidadores, se enlouquece entre a vontade de chorar e de conter o choro, de cair e de descobrir a garotinha, de brigar e implorar de joelhos.
Ah, vão passar malas com pedaços, malucos com armas sob as blusas, de tudo... E claro, também vão passar os beijos na boca, que aceleram os corações, e esses pais e/ou responsáveis vão dizer, para o gerente dos seis cinemas do shopping, que é dever da família, no caso, eles, da comunidade, no caso, o shopping e do Estado, proteger crianças e adolescentes e vão pedir que os dois primeiros poderes resolvam logo o problema da averiguação nos cinemas, pois se sabe que, se depender do Estado, só depois de muitas horas, prá começarem a aceitar o pedido de socorro!
Ah, vão dizer que têm certeza que os usuários dos cinemas vão preferir o incômodo, que a notícia de uma tragédia... E vão se cansar de revistar cinema, da expectativa e da desolação, do nada encontrar, da garotinha.
E certamente, o arranque, devido o beijo na boca, do coração desses pais e/ou responsáveis, que não param, quando buscam outra rota e param e escutam que a danada entrou no shopping, e eles se arrastam para o seu rumo, pensam, indagam, agradecem... Podem ter um “treco”, certamente!
E não param por aí, os riscos. Se entre esses pais e/ou responsáveis, existe um pai responsável e um irmão Mamão, então... Riscos de colapsos, tomadas de satisfação.
É complicado, o beijo na boca.
Há de se ter muito cuidado!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Juventude e vida real

* Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 15.08.08

Recentemente, em entrevista à Agência Efe, o cantor Djavan disse que "a salvação da alma está no trabalho", revelando que começou a trabalhar com apenas 6 anos de idade, "estudando música". Através da música, Djavan conquistou fama, sucesso e dinheiro, mas o cantor e compositor pratica dança, artes plásticas e estuda, por conta própria, a arquitetura e a botânica.
Autodidata, sua filosofia é o trabalho e o estudo. Para Djavan, ganhador do Grammy Latino de 2000 por melhor canção em português com “Acelerou”, sua inspiração está no dia a dia, nas viagens que realiza, com as pessoas que conhece. Entre seus compositores preferidos, cita Chopin, Beethoven, Claude Debussy e Mozart, Luiz Gonzaga, Chet Baker.
Djavan acredita que é preciso "ter vocação" para se ter "o suficiente prazer" no que se faz e "talento", mas principalmente "trabalho, muito trabalho". Ele nasceu em Maceió, mas se mudou para o Rio de janeiro para tentar a sorte.
Pois bem: quando comecei a ler a entrevista de Djavan, pensei xiii, justo ele... mas logo percebi que falamos a mesma coisa. Ele fala do trabalho criativo, do intelecto.
Por outro lado, cientistas americanos divulgaram na revista “American Sociological Review”, um estudo que identificou três genes que podem desencadear a violência em jovens de famílias pobres ou de famílias nas quais não existe a figura paterna. Mutações nesses genes foram detectadas e de acordo com os investigadores, “a relação com os genes foi muito específica na maioria dos casos de violência juvenil”. Ao que parece, as emoções modificam também os genes.
Em nosso Brasil, 64.1% da população começou a trabalhar antes dos 14 anos de idade, e 84.2%, antes dos 17 anos, segundo o IBGE, que divulgou ainda, que menos de 20% da população possui mais de 11 anos de escolaridade. O trabalho precoce tem produzido seqüelas laborais visíveis e tem custado ao Estado, que através do INSS paga caro por acidentes de trabalho, auxílios por doenças crônicas, processos por invalidez etc.
Segundo o arquiteto Oscar Niemayer, “a juventude brasileira atual lê pouco e tem formação embasada em preceitos individualistas do capitalismo”. Em suas palavras, "no Brasil, o jovem entra para a escola superior e não lê nada além de sua área até sair de lá. Cresce como um bom médico, um bom engenheiro, mas inteiramente alheio ao que acontece na vida. Fica incapaz de conversar qualquer assunto que não seja relacionado à sua profissão". Disse que os jovens de hoje são treinados para "só ganhar dinheiro". Também vejo assim, pouco se estuda por prazer ou o crescimento intelectual.
Em pesquisa divulgada pela Revista Isto é, dados indicam que para os jovens, aparência é fundamental, e a roupa que vestem denota sua personalidade. São consumistas, têm esperança de um mundo melhor, reconhecem a importância da família e dos estudos, não gostam de atuar politicamente em partidos, mas atuam em questões sociais, como meio ambiente.
Então, estas pontuações, se relacionadas entre si, indicam o caminho errôneo que apresentamos à nossa juventude.
O fato é que uma sociedade que não garante condições de crescimento integral, não pode, por exemplo, falar em redução de idade penal. Não se pode responsabilizar somente os jovens pelas suas delinqüências. Existe toda uma estrutura que convive com a delinqüência, que a favorece e que a estimula. São programas de TV, jogos de internet, vídeo games. Brincadeiras aparentemente inofensivas, comuns, entre irmãos, amigos. Profissionais de todas as políticas sociais, que não têm fé na vida, nem no que fazem e que não se dispõem a fazer o melhor possível. Pais e mães que procriaram e não assumem suas responsabilidades. Estado que não desenvolve a cidadania na saúde, na segurança, na educação, no trabalho. Mas a culpa é sempre do traficante, apenas.
Em todos os tempos, o cultivo dos esportes e das artes sempre esteve ligado ao desenvolvimento das sociedades, denotando suas capacidades físicas e intelectuais. É consenso que a arte tem a capacidade de sensibilizar, de aprofundar a humanidade, tanto de artistas quanto de admiradores, assim como, que através de esportes as pessoas moldam seus espíritos, com sentimentos de companheirismo, de humildade, de capacidade de superação e de persistência, disciplinando o corpo e favorecendo a saúde.
A nossa juventude, principalmente a oriunda de famílias de baixa renda, não possui espaços suficientes para seu desenvolvimento integral, nem recursos nem estímulo para isto. Precisa trabalhar para sobreviver ou está envolvida com valores que comprovadamente geram prejuízos sociais e futuramente econômicos, pois a cada dia o mercado de trabalho exige mais competência, flexibilidade e múltiplos talentos.
Ora, ou falamos sério e paramos para estudar os casos que surgem, cientificamente, observando variáveis e condicionantes de modo objetivo ou vamos continuar enxergando somente conseqüências, sem responsabilizar famílias, Estado e comunidades, que conforme o ECA são responsáveis pelos jovens.
Abaixo o ECA ou viva os direitos humanos?

Alexandre, Cleusa, Adrienne e eu

*Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 08.08.08


Somos primos. Engraçado isto. Quando a mãe de minha mãe se casou, meu pai, aos três anos, chorou e deu birra na igreja, pois queria se casar com ela. Minha avó Nair, que era prima de papai, lhe prometeu uma filha... Papai e mamãe catavam gabiroba, quando crianças; mais tarde, em Goiânia, ele a levava ao cinema; estudaram no mesmo Lyceu. Já se passaram as bodas de ouro de meus pais, e hoje é aniversário de Adrienne, minha irmã única. A ela, meus parabéns e o meu desejo de uma vida plena e longa.
Não me engano, sei que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher. E minha mãe é sem dúvidas, imensa, embora miúda no porte físico. Certamente tiveram seus confrontos, casaram-se tão cedo, ela, uma menina de 15 anos, ele aos 21, jaqueta de couro, uma vespa. Há poucos dias soube que ele deixou o curso de Direito para se dedicar à prancheta, pois era esta que rendia o necessário para o sustento da família. E rende até hoje, graças a Deus.
Cresci em meio a muitas viagens que papai fazia a trabalho na CIVAT, na SUDECO. Papai conviveu com o Projeto Rondon. Nós também, por tabela. Sendo desenhista, sempre tem em casa, sua prancheta e o material necessário para seus riscados, antes de dormir. Ele me pedia ajuda na conferência dos cálculos, o que me aproximou dos números e dos mapas. Papai Xande se aposentou na METAGO, há anos, mas nunca deixou de ter seu escritório.
Nosso primeiro carro foi um fusca, claro. Nele, viajamos muitas vezes por Goiás afora e quase sempre com vovó Nair junto. Adrienne e eu gostávamos de ir em um buraco (porta-malas), atrás do banco traseiro do fusca. Durante a construção de Brasília, era incrível ver papai chegando, barbudo, cheio de chocolates. Ah, os chocolates. Fui a primeira no colégio, a comer Chokito, trazido de Brasília. Depois, Barra do Garças, Xavantina, Minaçú, Caldas Novas. Ele nos contava as novidades e trazia mimos. Drí e eu tínhamos lápis de cor Caran d’Aché. E como eles eram cheirosos.
Papai nunca me bateu, nem quando eu trocava meus lápis de cor ou a camisa do uniforme, no colégio, com alguém que precisava mais que eu daquelas trocas.
Meus pais, vindos do interior, fizeram sacrifícios para nos oferecer os melhores colégios, sempre. E lanche. E ainda garantiram o curso superior. Tive oportunidade de freqüentar escolinha no SESC, de fazer ginástica rítmica, jazz, voleibol, karatê-do. Fiz teatro com Cici Pinheiro. Não quis estudar línguas, mas nunca tive dificuldade no inglês, que conheci muito cedo através do método áudio visual, no colégio. Sempre gostei e tive facilidade com o Português, certamente por ver todos os dias, papai e mamãe lendo muito. Não faltavam em minha casa, jornais, revista Cláudia, cruzadinhas e uns livrinhos de caubói, pois papai sempre os comprava. Gibis também, embora tivéssemos o momento certo para lê-los.
Hoje, quando vou ao centro de Goiânia, ainda elevo os olhos para os prédios, e embora não me pareçam mais infinitos, são mais densos, repletos de lembranças. Papai é muito brincalhão, gosta de trocadilhos, de frases em latim, de colocar outros nomes engraçados na gente. Papai sempre trabalhou e teve escritório no centro, onde freqüentemente estávamos. Andávamos e ele lia as palavras, nas placas de propaganda, de trás para frente e nós a achávamos, lendo-as corretamente. Café Central, Pizzaria China, Rua do Lazer, Praça Cívica, mercados populares, tudo no centro lembra minha infância tão querida. Daí minha paixão por ali e a idéia fixa (que trouxe ao voltar de São Paulo, em 1992) de revitalização do centro, que defendi e ajudei a deflagrar, transformando em proposta para o meu candidato, em 1996, e posteriormente, em projeto, junto à Câmara de Vereadores.
Xande e Cleusa ensinaram à Adrienne e a mim, o prazer do trabalho, do bem, da perseverança, da simplicidade, do caráter; e também, que o erro é tão humano quanto o arrependimento e a evolução. Propiciaram-nos os melhores arroz/feijão/bife/batatinha frita/salada do mundo, em nossa mesa, que eu sempre punha, à mesma hora, diariamente e que sempre continha uma travessa com o pãozinho também. Mamãe sempre garantiu à mesa, beleza e sabor inigualável. Pudemos brincar de casinha, de cozinhadinho, corda, amarelinha, cantinho, bambolê, elástico, bicicleta, patins, skate; fizemos festas de bonecas, circos, íamos a clubes, passamos anel, tivemos árvores e frutas e rios e riachos. Sorvetes. O pão nosso, daqui de casa, é o Papai quem traz toda manhãzinha, antes de ir para o seu escritório.
Papai repassou a muitos rapazes, o seu ofício, e muitos ficaram muito bem profissionalmente, com o desenho; viraram homens e o reconhecem com respeito e carinho, ainda hoje, após décadas. Quando ia para a maçonaria ou outra atividade que precisava da gravata, me chamava para fazer o nó em meu pescoço. E eu ainda sei fazer nó de gravata. Nunca que papai chegava em casa e eu não saía correndo a buscar seus chinelos. Engraxei seus sapatos. Ele sempre brincava com a espuma de barbear; às vezes, lá na casa dele, ainda fico por perto, nesta hora, se dou sorte de estar por perto.
Mas o mais significativo para nós, além de tudo o que papai fez e faz é o modo como ele fez e faz. Se tento ser feliz todos os dias, cumprindo obrigações e lutando por minhas crianças, é pela minha gratidão ao amor, à dedicação e à resignação dele e de mamãe. Obrigada, Papai Xande, muito obrigada e que o senhor esteja sempre aberto às bênçãos de Deus, sempre! Parabéns.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Fatos e relatos positivos

* Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 01.08.08

No mês de março, em Mossâmedes, uma família muito querida promoveu uma festa diferente, para o reencontro de seus membros. Tratou-se da 1ª Cavalgada das Famílias Almeida, Caetano e Alves, composta por 33 integrantes, capitaneados pela Tia Divina de Almeida, pelo Sr. Benedito Caetano e pela minha ex-pediatra, a juvenil Dra. Luzia Augusta, que partiu da fazenda Córrego Bonito em clima de expectativas mil e diante da possibilidade de chuva. Mas o dia ensolarado possibilitou uma bela integração entre pais e filhos, casais, primos, netos, tios e amigos. A caravana passou pela Estância dos Ipês e pelas fazendas Santa Rita, dos Buritis, Córrego Bonito, São José da Roda, da Esperança, Passa Treis e do Roncador.
Em cada parada, nas fazendas, à caravana se juntavam outras pessoas que foram de carro para encontrar o grupo, que restabelecia corpo e alma com lembranças, sucos, cafés, chás, frutas, queijos, quitutes, almoço, doces cristalizados e jantar, tudo à moda tradicional da cozinha típica goiana. Antes do almoço, um momento para a oração em ação de graças. Não me falaram de bebida alcoólica e nem de qualquer discussão ou imprevisto. Apenas de um cansaço gostoso, de uma vontade de repetir o feito. Em suas éguas, mulas e cavalos, o grupo ao final, contava com a presença de mais de 100 pessoas, contagiadas por um ambiente de muita alegria, bate papo, canções com violão e dança de catira.
As presenças das Sras. Mariquita e Sissi valorizaram o evento, bem como de Bezinho, Nelson, Marilda e Jairo Caetano, de Sebastião Costa (Tião) e Toinha Caetano, de Fernando, Délia e Vinícius Vilefort, Erika e Geovanna, Dhelma e Ricardo, Carolina e Daniel, João Augusto e Vera Lúcia, Alexandre, de Dr. Joaquim Caetano, Dr. José Alves Caetano, de Sebastião Caetano (Tito), de Helênio Caetano e de Domiro, de Domingos Vilefort Filho, Lourdes Augusta e do Tio Delúbes, grande incentivador. Impossível registrar todas as presenças, tanto como deixar passar em branco esta forma de lazer e confraternização que reviveu lembranças que marcaram tantas vidas, nas visitas que tinham como principal ponto de encontro a fazenda do Sr. Zeca Alves de Almeida.
A previsão é de que neste mês de agosto aconteça a próxima cavalgada, que contará com as presenças de Dalton, Flávia, Dennia, Sérgio e suas crianças. E lógico, com a minha também. Se Deus quiser.
E do mercado de trabalho de primeiro mundo, foi meu filho Marcelo M. F., Consultor em T. I., quem me contou sobre como se trabalha na Google e me sugeriu a visita aos sites do slideshare.net e do You Tube, onde pude ver com meus olhos. Fiquei boquiaberta. É uma empresa que oferece aos seus profissionais um ambiente extremamente colorido, criativo, inovador, onde a principal regra é produzir e cumprir missões; nada de uniforme, pressões, horários, locais fixos de trabalho. É comum trabalhadores com seus portáteis, sós, ou em pequenos grupos, nas incríveis zonas de descanso, que favorecem a sociabilidade e a criação.
Na sede da Google, em Zurich na Suíça, tem tobogã e barra igual às de quartéis de bombeiros, que podem ser usados por quem tem pressa, quer se divertir ou simplesmente substituir o elevador; tem academia, mesas de pebolim, biblioteca, sala de massagens; cafeteria que oferece gratuitamente sucos, chocolates, cafés, chás, frutas. Tem à disposição, refeições para almoço e jantar, inclusive comida vegetariana, tudo com ingredientes nacionais. Lá, os funcionários podem levar filhos, e freqüentemente se juntam para festas, passeios ciclísticos, e até praticar esqui alpino.
Na Califórnia, em Moutain View, a sede da Google oferece refeições típicas de onze países diferentes, possui piscina, quadra de vôley, barbearia, lavanderia, médicos; pode-se trabalhar de pantufas, de patins. Há uma “cultura de apreço ao meio ambiente e aos colegas de trabalho”. No Brasil não é diferente. Na Google, integração entre trabalhadores, inovação, proatividade, excelência, competências comportamentais e flexibilidade para adequação são objetivos e meios para o alcance dos resultados pretendidos.
Estas experiências, relato enquanto retorno e mudança de paradigmas. São alternativas que possibilitam o crescimento pessoal e social e ainda oferecem novas perspectivas para o desenvolvimento econômico sustentável, humanizado.
Em tempo: Marcelo não vê o Cuil como uma ameaça à Google, nem acredita que a Google acabe tão cedo, apenas que o boom vá diminuir assim como aconteceu com a Microsoft, o Yahoo. Quando perguntei a ele sobre se é isso que dá investir em funcionário ele me respondeu que “investir não basta, pois as pessoas têm suas necessidades de criação, de defenderem algo em que elas acreditam e de serem reconhecidas por isso”, afirmando que não sabe “o que levou essa Anna a sair da Google, tanto pode ter sido demitida como ter pedido demissão”. Concordo com ele. O novo sempre vem. Os retornos também.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
das horas que passei à sombra de teus gestos
bebendo em tua boca o perfume
dos sorrisos,
das noites que vivi acalentado
pela graça indizível de teus passos
eternamente fugindo,
trago a doçura dos que aceitam
melancolicamente
e posso te dizer que o grande afeto
que te deixo
não traz o exaspero das lágrimas,
nem a fascinação das promessas,
nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
é um sossego, uma unção, um
transbordamento de carícias
e só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
e deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem Fatalidade,
o olhar estático da aurora.

Vinícius de Moraes

O Vôo

Goza a euforia do vôo, do pássaro,
do anjo perdido em ti.

Não indagues se nossas estradas,
tempo e vento

desabam no abismo,
que temes que seu mistério seja uma noite.
Enche-o de estrelas,
conserva a ilusão de que teu vôo te leva
sempre para o mais alto.
No deslumbramento da ascensãp,
se pressentires que amanhã estarás mudo,
esgota, como um pássaro, as canções
que tens na garganta.

Canta, canta pra conservar uma ilusão
de festa e de vitória, talvez as canções adormeçam as feras
que querem devorar o pássaro.
Desde que nasceste não és mais
que um vôo

no tempo
rumo ao céu?
Que importa a rota,
voa e canta enquanto resistirem as asas.

Menotti del Picchia

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A Importância do Entusiasmo

A palavra entusiasmo vem do grego e significa ter um Deus dentro de si. Os gregos eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses. A pessoa entusiasmada era aquela que era possuída por um dos deuses e por causa disso poderia transformar a natureza e fazer as coisas acontecerem. Assim, se você fosse entusiasmado por Ceres (Deusa da agricultura)você seria capaz de fazer acontecer a melhor colheita, e assim por diante. Segundo os gregos, só pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios do cotidiano. Era preciso portanto, entusiasmar-se.
Assim, o entusiasmo é diferente do otimismo. Otimismo significa eu acreditar que uma coisa deu certo. Talvez até torcer para que ele dê certo. Muita gente confunde otimismo com entusiasmo. No mundo de hoje, na empresa de hoje, é preciso ser entusiasmado. A pessoa entusiasmada é aquela que acredita na sua capacidade de transformar as coisas, de fazer dar certo. Entusiasmada é a pessoa que acredita nos outros. Acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a própria realidade.
E só há uma maneira de ser entusiasmado. É agir entusiasmadamente! Se formos esperar termos as condições ideais primeiro para depois nos entusiasmarmos, jamais nos entusiasmaremos com coisa alguma, pois sempre teremos razões para não nos entusiasmarmos. Não é o sucesso que traz o entusiasmo, é o entusiasmo que tra o sucesso. Conheço pessoas que ficam esperando as condições melhoraram, a vida melhorar, o sucesso chegar, para depois se entusiasmarem. A verdade é que jamais se entusiasmarão com coisa alguma. O entusiasmo é que traz a nova visão de vida.

Texto estraído do livro - Socorro! Preciso de Motivação
Autor: Luiz Manns

Frases Peroladas

1. "A gente sofre de teimoso quando esquece do prazer".
(Guilherme Arantes)

2. "A sobrevivência da humanidade depende muito mais do amor ao belo do que do combate ao mal".
(Máximo Górki em Os Pequenos Burgueses)

3. "Compartilhar aumenta o prazer".

4. "Falei muitas vezes como palhaço mas nunca desacreditei da platéia que sorria".

5. "A inovação dá vida aos sonhos".

6. "Não se convence com armas. Só se convence fazendo sonhar."
Che Guevara

7. "Só tem o poder sobre os outros quem o tem sobre si mesmo".
Mons. Tissier

8. "A mentira é como a desgraça: nunca vem só."
A. Vinet

9. "Ninguém pode torná-lo infeliz sem o seu consentimento."
Maxwell Maltz

10. "Enriquecemo-nos pelo que damos, não pelo que temos."
Coelho Neto

11. "A dúvida é o começo da sabedoria."
Condensa de Ségur

12. "Instruir é construir."
Pe. Antônio Vieira

13. "A humildade nada mais é do que a caminhada para a verdade."
Santa Terezinha do Menino Jesus

14. "A virtude do sacrifício e do amor não tem limites no coração das mulheres".
Tarchetti

15. "Nós somos soprados pelo vento de Deus!"
Maria Luiza Silveira Teles

16."A imaginação é mais importante que o conhecimento."
Albert Einstein

17. "Não tem sentido lutar quando estamos em vantagem."
Mahatma Gandhi

18. "Muitos são parentes da fortuna e não da pessoa."
Pe. Antônio Vieira

19."Tem que usar os meios humanos como se os divinos não existissem e os divinos como se não existissem os humanos."
Santo Inácio de Loyola

20. "Reze como se tudo dependesse de Deus e trabalhe
como se tudo dependesse do ser humano."
Cardeal Spellman

21. "A essência de Deus é o Amor e a Vida."
Frei Battistini

22. "O coração de Maria é o coração do mundo, pois através dele os homens reencontram seu Deus e o Pai."
Frei Battistini

23. "Viver é desenhar sem borracha."
Millôr Fernandes


24. "O bem que não se conseguir com a amizade,
muito menos se conseguirá sem ela."
Ivo dos Santos Castro

25. "A mais profunda realização humana brota da alegria de servir."
Pe. Roque Schneider

26. "Existir é decidir, em coerência com nossa consciência."
Chico Alencar

27. "A educação é a colheita do estudo."
Pe. Roque Schneider

28. "Ó que glorioso, santo e grande é ter um Pai no Céu!"
São Francisco de Assis

29. "O primeiro dever do ser humano é dominar o medo."
Carlyle

30. "Quem não ri é uma pessoa séria."
Chopin

31. "A honestidade e a fraqueza nos tornam vulneráveis.
Assim mesmo seja honesto e fraco."
Pe. Roque Schneider

32. "Niguém deve aceitar para si um destino pequeno,
um caminho sem grandeza.”
Frei Neylor J. Tonin

33. "O paraíso é a terra dos que vivem
para sempre e é possuída pelos humildes."
Santo Antônio de Pádua

34. "Nada é pequeno daquilo que é feito por amor."
Chiara Lubich

35. "Respeito muito minhas lágrimas mas ainda mais minhas risadas."
Caetano Veloso

36. "Deus nos promete a unidade que é ele próprio."
Santo Inácio de Antioquia

37 "Liberdade, antes confusa que nenhuma."
Machado de Assis

38. "A caridade não se faz somente com dinheiro!"
São João Maria Vianney

39. "Deus nos ama como o melhor dos pais e a mais terna das mães."
São João Maria Vianney

40. "Você não caminha sozinho. Há muitos outros
peregrinos em busca da mesma meta."
Frei Almir Ribeiro Guimarães

41. "Silêncio, algumas vezes, é calar.
Mas é sempre escutar.”
Magdalena Delbrel

42. "No que acredito mesmo é em Deus."
Ayrton Senna

43. "O ciúme é a arma dos inseguros e dos
que ainda não aprenderam a amar."
Iran Ibrahin Jacob

44. "Quão mutável é a sorte: sempre roda de um lugar para o outro!"
São Pedro de Alcântara

45. "Fazer de cada momento uma vida e da vida
um único momento, isto é felicidade.”
Pe. Roque Schneider

46. "Sê o que quiseres, mas procure sê-lo totalmente."
Santo Tomás Moro

47. "O mal não subsiste por si; decorre da privação do bem."
São Gregório de Nissa

48. "Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo!"
Mahatma Gandhi

49. "O maior defeito é não ter consciência de nenhum defeito."
Carlyle

50. "A arte é um exercício experimental da liberdade."
Mário Pedrosa

51. "A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde." André Maurois

52. "Se você quer ter amigos, deve ganhá-los através do amor, da simpatia e da sinceridade."
Pe. Luis Cechinato

53. "Ao avarento falta tanto o que tem quanto o que não tem."
A. Rivarol

54. "O inimigo ocupa maior lugar na nossa cabeça
do que o amigo no nosso coração.”
A. Bougeard

55. "Todo aquele que não tem caráter, não é ser humano, é uma coisa."
Chamfort

56. "Santidade é exercer o amor de Deus não só afetivo,
mas também operativo."
São Leonardo Murialdo

57. "O amor é a força unitiva de todo o universo."
Milton Paulo de Lacerda

58. "Muitos ao mesmo tempo aviltam com os costumes o que com a inteligência aprenderam.”
São Gregório Magno

59. "A verdade alivia mais do que machuca. E estará acima de qualquer falsidade, como o óleo sobre a água."
Cervantes

60. "O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber."
São João da Cruz

61. "A felicidade é um fruto que nunca se deixa amadurecer."
C. Diane

62. "A modéstia doura talentos; a vaidade os deslustra."
Marquês de Maricá

63. "Os que recebem alguma coisa sem antes ter sofrido por ela,
a conservam sem amor."
Santo Tomás de Aquino

64. "Quem já não tem condições de ouvir o irmão, acaba não podendo mais ouvir o próprio Deus."
Frei Almir Ribeiro Guimarães

65. "Não conhecer o amor é não conhecer a vida."
Machado de Assis

66. "A dor da gente não sai no jornal."
Chico Buarque

67. "A verdadeira felicidade custa pouco;
se for cara não é de boa qualidade."
Chateaubriand

68. "Quem é bom tem coração de mulher, quem ama tem coração de mãe."
Pe. Gambi

69. "A candura é metade da beleza."
Meidani

70. "A preguiça é a inimiga da alma."
São Bento

71. "Hoje em dia o ser humano não sabe o que fazer com o silêncio."
Ignácio Larrañaga

72. "O que se faz com amor e boa vontade não cansa."
C. Ramalho Campelo

73. "Ninguém limite a ternura da criança."
Antônio Marcos Noronha

74."O falar distrai e o silêncio na ação leva ao recolhimento e dá força ao espírito."
São João da Cruz

75. "O objetivo da política não é a felicidade. O objetivo da política é a liberdade. E é nessa liberdade que cada um pode fazer a sua felicidade".
(Cornelius Castoriadis)

76. "Não é o tempo que envelhece, é o medo do tempo, o declínio do entusiasmo e do cultivo pessoal"
Antônio Baggio

77. "Sedes pacientes nas tribulações, valentes nas dificuldades, modestos no falar
e agradecidos nos benefícios."
São Francisco de Assis

78. "Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia." (José Saramago)

79. "Metade da humanidade não come; e a outra metade não dorme, com medo da que não come". Josué de Castro.

80. "Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações". Vinícius de Moraes

domingo, 27 de julho de 2008

Chuva de idéias para políticos férteis

* Publicado no Jornal "Diário da Manhã", em 25.07.08

Em plena campanha eleitoral, apresento algumas sugestões bem simples, depois de tanto ponderar sobre a importância do “ócio produtivo”, pois sei que não basta criticar.
Se por um lado, a indústria do entretenimento é como já foi dito, “mola propulsora” da economia neste novo século, por outro lado, uma pesquisa divulgada pelo IBGE, garante que diversão é privilégio de poucos brasileiros. Assim como o desemprego, a violência, os problemas da saúde e da educação, a falta de recursos e de oportunidades de lazer, são reflexos de um sistema elitista, excludente e desequilibrado.
A Assistência Social, no afã de resolver os problemas emergenciais, continua trabalhando na perspectiva do paliativo e desenvolvendo ações que premiam ineficiências e insucessos, promove dependência, e o pior, não garante os resultados esperados quanto ao caráter preventivo, corretivo ou promocional da Assistência Social.
O Código de Ética dos Assistentes Sociais, em seus Princípios Fundamentais, revela a “opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero”. Na Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS, fala-se na “supremacia do atendimento às necessidades sociais”, e na “universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas”. Então, a “chuva”:
1. Construção de “albergues” para turistas que sejam universitários, efetivando nesta capital, o funcionamento de um local que cobre preços módicos, por hospedagem completa a estudantes universitários que para cá vierem a passeio, como existe em várias cidades do Brasil e do mundo.
2. Um ônibus coletivo diário, que faça determinado trajeto, percorrendo locais públicos, históricos, ecológicos, de forma programada e em horários específicos, pela manhã, à tarde e à noite, como existe em várias cidades de Santa Catarina.
3. Passeios organizados, periódicos, que podem ser locais, ou não, contemplando: melhores alunos de escolas municipais; pessoas captadas pelas associações de moradores, com critérios do tipo: bom desempenho profissional nos equipamentos sociais e comerciais do bairro; pessoas com idade superior a 35 anos, desempregadas.
A idéia é montar as “excursões” com pessoas diversas, em idade, sexo, atividades, gostos, até mesmo para que sejam trabalhadas estas diversidades no convívio proposto, de acordo com a LOAS que em seus princípios, dispõe sobre a “igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza”.
Estas atividades não devem ser gratuitas, mas a preços e condições facilitadas, tendo inclusive, no caso de viagens, a previsão do financiamento das despesas, no caso da impossibilidade da pessoa incluída arcar com as mesmas, através de pessoas físicas, empresas e ONG’s.
4. Instituir o Parque 24 horas - turno noturno para o funcionamento da área externa do Jardim Zoológico, durante a semana, e 24 horas nos finais de semana, com programas de alimentação típica goiana e recreação completa (arvorismo, jogos de vôlei, squash, basquete, tênis de mesa etc. e também concertos, shows de arte, biblioteca, cafenet, clubes de leitura, do vídeo, videoteca, oficinas diversas, como: de arte, de produção, de beleza e saúde, educativas para o meio ambiente, as vocações, as relações, o trabalho voluntário), para pessoas que cumprem turnos irregulares de trabalho.
O setor privado, que investe em lazer e entretenimento, não se preocupa com os efeitos do que oferecem e trabalham 24 horas por dia. São bares, boates, lan houses, festas psicodélicas, postos de conveniência. Na 5a. Conferência do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente ficou deliberado que o poder público deve oferecer políticas de esporte e lazer também no turno noturno. Na Cultura, já temos alguma coisa em movimento e com ótima qualidade.
A idéia é estimular a prática esportiva e também o turismo, principalmente o de negócios, que é bastante rico em Goiânia, mas reclama atividades fora do circuito das reuniões. É comum o comentário de que as pessoas vêm para congressos e similares e se as atividades destes se acabam na sexta, os congressistas já vão embora por falta de terem o que fazer aqui.
5. Constituir uma força de trabalho que atue nas ruas centrais, nos parques, nas feiras e nos equipamentos sociais (portas de escolas, clínicas médicas, hospitais, pontos de ônibus), em todos os dias da semana, levando e buscando informações sobre os serviços públicos da cidade e sobre temas de relevância à comunidade, utilizando como instrumento operacional, a Pesquisa Participante, ou Pesquisa-Ação, com equipes itinerantes capacitadas para traduzirem, no dia-a-dia, os valores políticos da sociedade justa, democrática e fraterna que pretendemos, através de abordagens, reflexões e projeções acerca da sociedade, suas idéias, valores, costumes.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Meu Nome É Joe

Título Original: My Name Is Joe

Gênero: Romance

Origem/Ano: ING/1998

Duração: 105 min

Direção: Ken Loach

Elenco:

Louise Goodall...Sarah Downie
Peter Mullan...Joe Kavanagh
David McKay...Liam
Anne-M.Kennedy...Sabine
David Hayman...McGowan
Gary Lewis...Shanks
Lorraine McIntosh...Maggie
Scott Hannah...Scott
David Peacock...Hooligan
Gordon McMurray...Scrag
James McHendry...Perfume
Paul Clark...Zulu
Stephen McCole...Mojo
Simon Macallum...Robbo
Paul Gillan...Davy

Sinopse: Joe Kavanagh (Louise Goodall), é um cara que cometeu vários erros e não consegue se livrar dos fantasmas do passado. Sem muito o que fazer da vida, morando em um apartamento mal-cheiroso em Glasgow, ele mata o tempo atuando como treinador de futebol de um time formado basicamente por delinquentes.

Como Joe está tentando recuperar a dignidade, resolve ajudar um dos jogadores da equipe, Liam (David McKay), que está em apuros por dever dinheiro ao traficante mais poderoso da cidade. Só que "ajudar" nesse caso significa mergulhar novamente no submundo - o que colocaria em risco o recém-estabelecido romance de Joe com a enfermeira Sarah.

Sarah (Louise Goodall) representa a última chance de Joe encontrar a felicidade. Só que o relacionamento é complicado o suficiente - mesmo antes de Joe ter problemas com os traficantes locais. A forma como eles se relacionam é bastante realista, na medida em que ambos parecem carregar decepções que os impedem de alimentar grandes ilusões no amor. Desde o momento em que a dupla se conhece, do jeito menos romântico possível.

Liam acaba sendo o elo de ligação entre os amantes. Ele é casado com a viciada Sabine (Anne-Marie Kennedy), que Sarah tenta reencaminhar na vida.

Fonte:http://www.webcine.com.br/filmessi/meunomej.htm

Prece de Singapura

Revolve, Ó Deus, o solo,
Aprofunda a relha do arado,
Abre repetidamente os sulcos.
Revira a terra dura e seca.
Não poupes força ou labuta,
Mesmo que eu chore.
Na terra solta, recém mutilada,
Semeia novas sementes.
Livre da vinha rastejante e da
Erva daninha
Dá à luz viçosas flores.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Metade

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.

Que as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço.

Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é platéia
a outra metade é canção.

Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também...

Osvaldo Montenegro

Drummond

A cada dia que vivo, mais me convenço de que
o desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade

Nada como o tempo

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Desconhecido

De Chaplin

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!

Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!

Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.

Charles Chaplin

Palabras para Julia

Tu no puedes volver atrás
porque la vida ya te empuja
como un aullido interminable
interminable.
Te sentirás acorralada
te sentirás perdida o sola
tal vez querrás no haber nacido
no haber nacido.
Pero tú siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.
La vida es bella ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos tendrás amor
tendrás amigos
Un hombre solo una mujer
así tomados de uno en uno
son como polvo no son nada
no son nada.
Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.
Nunca te entregues ni te apartes
junto al camino nunca digas
no puedo más y aquí me quedo
y aquí me quedo.
Otros esperan que resistas,
que les ayude tu alegría,
que les ayude tu canción
entre sus canciones.
Entonces siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.
La vida es bella ya verás
como a pesar de los pesares
tendrás amigos tendrás amor
tendrás amigos.
No sé decirte nada más
pero tú debes comprender
que aún estoy en el camino,
en el camino.
Pero tú siempre acuérdate
de lo que un día yo escribí
pensando en ti como ahora pienso.

Paco Ibañez

***

Palavras para Júlia
Paco Ibañez
(Tradução de Antonio Miranda)

Tu não podes voltar atrás
porque a vida te empurra
como um uivo interminável
interminável.
Te sentirás encurralada
sentirás como perdida ou sozinha
talvez desejes não ter nascido
não ter nascido.
Mas sempre te lembres
do que um dia eu escrevi.
Pensando em ti como penso agora.
A vida é bela já verás
que apesar dos pesares
terás amigos terás amores
terás amigos.
Um homem só uma mulher
considerados um a um
são como pó nada são
nada são.
Então sempre te lembres
do que um dia escrevi
pensando em ti como penso agora.
Nunca te entregues nem te afastes
pelo caminho nunca digas
não posso mais e por aqui fico
por aqui fico.
Outros esperam que resistas,
que tua alegria os ajude,
que os ajude tua canção
entre suas canções.
Então sempre te lembres
do que um dia eu escrevi
pensando em ti como penso agora.
A vida é bela já verás
apesar de todos os pesares
terás amigos terás amores
terás amigos.
Nada mais posso dizer-te
mas tu deves entender
que ainda estou no caminho,
no caminho.
Então sempre te lembres
do que um dia escrevi
pensando em ti como penso agora.

Nós também queremos viver, nós também amamos a vida

Pra vocês, escola, pra nós, pedir esmola
Pra vocês, academia, pra nós, Delegacia
Pra vocês, forró, pra nós, mocó
Pra vocês, coca cola, pra nós, cheirar cola
Pra vocês, avião, pra nós, camburão
Pra vocês, vida bela, pra nós, morar na favela
Pra vocês, televisão, pra nós, paredão
Pra vocês, piscina, pra nós, chacina
Pra vocês, emoção, pra nós, catar papelão
Pra vocês, conhecer a lua, pra nós, morar na rua
Pra vocês, está bom, felicidades
Mas pra nós, só igualdade

Nós também queremos viver
Nós também amamos a vida

(Meninos e meninas de 10 a 12 anos, moradores da favela “Padre Vidigal”, em Curitiba, no Paraná, ligados ao Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua – MNMMR).

Mestre

“Mestre, são plácidas
Todas as horas
Que nós perdemos, se no perdê-las,
Qual numa jarra,
Nós pomos flores.

Não há tristeza
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
(....)

Colhamos flores.
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranqüilos, tendo
Nem o remorso
De ter vivido.”

Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

NÃO SOMOS LÍRIOS NO CAMPO

*Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 11.07.08

É certo. Nós, seres humanos, somos os únicos seres da face da terra, capazes de planejarmos, de modificarmos nossa trajetória, nossas funções, nossos interesses, nossas capacidades. Sempre, através do trabalho, mas diferentemente do trabalho das abelhas, por exemplo. Segundo Harry Braverman, escritor e político americano, comunista, “o que distingue a força de trabalho humano é (...) seu caráter inteligente e proposital”.
Constatado está, que o trabalho e a produção são características intrínsecas ao ser humano. E isto é, não apenas inegável, como imutável. O mesmo não acontece com as condições de trabalho, que se processam historicamente através das relações de produção que os homens estabelecem entre si e com a natureza.
O trabalho do homem é seu modo de viver e de manifestar sua vida, sua maneira de ser, que é conjugada ao que ele produz e consome e ao modo como ele produz e consome. “As relações de trabalho determinam o seu comportamento, suas expectativas, seus projetos para o futuro, sua linguagem, seu afeto”, de acordo com o estudioso da Psicologia Social, Wanderley Codo, para quem “cada gesto, cada palavra, cada reflexão, cada fantasia traz a marca indelével, indiscutível de sua classe social, do lugar que o indivíduo ocupa na produção”.
Tenho podido defender aqui, no Diário da Manhã, posicionamentos na defesa do lazer e do ócio e avalio, como muitos, que a redução da jornada de trabalho e o aumento da idade mínima para entrada no mercado de trabalho são mecanismos que podem ampliar as vagas deste mercado para que pais de família consigam trabalho e também os dados que indicam menos de 20% da população economicamente ativa com mais de 11 anos de escolaridade. A intenção não é jamais, propor a indolência, o parasitismo, a libertinagem ou qualquer espaço propício a “oficinas do diabo”. Antes, ao contrário.
A questão é que em nossa sociedade, na qual o homem vale pelo que possui, a felicidade toma o âmbito da posse de bens materiais, e, sobretudo, da aquisição daquilo que tem o poder de adquirir todos os objetos: o dinheiro.
Questiono a visão romântica ou puramente economicista do trabalho. Grosso modo, o homem, seu crescimento, sua satisfação, nada disto é o objetivo do trabalho em si, mas o trabalho é o objetivo do homem e a riqueza o objetivo do trabalho.
O trabalho é atividade vital e não apenas atividade material resultante do desempenho de nossas funções profissionais, para recebimento de salário. É preciso que se leve em conta o que está na mente do trabalhador enquanto produz. Esta relação mental/material é contínua, se reproduz na vida subjetiva e na própria reprodução material que se efetiva. O trabalhador está sempre juntando o que faz intelectualmente, o que produz através do trabalho físico e o que experimenta como pessoa. Não existe o que chamam de mente ociosa, a menos que se atinja o nirvana, que antes de acontecer precisa de muito exercício (trabalho) e disciplina. Para Marx, “os homens realizam trabalho, isto é, criam e reproduzem sua existência na prática diária, ao respirar, ao buscar alimento, abrigo, amor etc.”.
Por isto é urgente e necessário estabelecermos um modo de vida que estimule os “hábitos do bom trabalho” para que o homem possa continuamente usar a experiência de seu trabalho em sua vida em reciprocidade. O homem não é um ser abstrato, determinado, isolado de situações reais, históricas e presentes, nas quais transcorre sua vida, forma-se sua personalidade e estabelecem-se relações de todos os tipos.
O trabalho modifica não apenas suas condições iniciais objetivas, os trabalhadores mudam com ele, pela emergência de novas qualidades, transformando-se e desenvolvendo-se na produção, adquirindo novas forças, novas concepções e novas necessidades e ainda, se reproduz no cotidiano, na própria condição de existência dos trabalhadores, na idéia que têm de si, e em seus relacionamentos com outros indivíduos.
O trabalhador não é capacidade de trabalho puramente subjetiva, ele enfrenta as condições objetivas do seu trabalho. Se, em determinada situação, o homem primitivo lutava pela sobrevivência a partir de relações originais e espontâneas com a natureza, as diversas transições e fases pela qual passou, levou-o à separação dessa natureza, em um processo antagônico no qual, na medida em que este homem formou as civilizações, desenvolveu-se nas sociedades um processo de individualização humana e o homem foi se especializando em funções, criando assim, a divisão sexual e posteriormente, social do trabalho.
O que deveria se tornar motivo de cooperação passa a ser a razão da alienação. O trabalhador passa a produzir para outros o que nem sempre possui e a possuir o que não produz, passando a viver, não do produto de seu trabalho, mas da venda de si, de sua capacidade, sua força de trabalho em troca do salário. O ser humano hoje não é dono de si mesmo, nem de seu universo. Ele passou a ter valor de uso, e muito aquém de suas reais necessidades vitais e de sua produtividade, o que garante o excedente da produção que vai propiciar o lucro do capitalista, através da mais valia.
Para o capitalista, o trabalhador não constitui uma condição de produção, mas apenas o trabalho o é. Se o trabalhador tiver que ser trocado, o é facilmente, pois a reprodução da classe trabalhadora é garantida no capitalismo, com mecanismos estruturais e ideológicos que recriam os enormes exércitos de reserva. Se o trabalho puder ser executado pela maquinaria, tanto melhor. Daí a terrível idéia de que ninguém é insubstituível, como se o homem fosse um objeto.
Na sociedade capitalista, onde o trabalho se transforma em mercadoria e na qual o estudo adapta-se às exigências da produção comercial, tende-se a fazer de qualquer atividade profissional um meio para satisfazer interesses pessoais egoístas, despojando-a assim, de sua significação social.
Não se pode esquecer que, para o marxismo, o capitalismo representa uma fase historicamente necessária, e carrega em gestação, a nova sociedade. O ideal humanista do pleno desenvolvimento individual está mais próximo do que jamais esteve em qualquer fase anterior da história. Apenas aguarda o que Karl Marx chama de “etapa pré-histórica da sociedade humana”.
A revolução marxista tem por objetivo conciliar as relações sociais e a força de produção, restabelecendo o homem perdido de si mesmo, para que ele volte a apropriar-se de sua essência humana, mecanizada e esfalfada no dia a dia do trabalho que o expropria.
É preciso que o mercado e os setores hegemônicos percebam os prejuízos decorrentes das perversidades deste sistema capitalista, que perpetua a concentração de renda, prioriza o trabalho material em detrimento do trabalho espiritual e intelectual e não garante os direitos fundamentais do homem, previstos constitucionalmente.
Considerar os extremos, pensar o oposto, vários pontos de vista, é característica do método que uso para compreensão e atuação na realidade; sou marxista, graças a Deus, e creiam, sempre trabalho muito e não possuo a visão aristotélica do trabalho, considerando valoroso apenas o trabalho intelectual.
O que acontece é que, sendo cristã e cheia de fé, cedo percebi que no mesmo livro usado como referência para a afirmação de que é preciso trabalhar para se ter o pão – a Bíblia, fala-se que não devemos acumular riquezas materiais, que devemos desejar ao outro o queremos para nós, que devemos reservar tempo para nossa espiritualidade, pois “nem só de pão vive o homem”. Em nenhum lugar deste livro, o trabalho físico aparece como única ou como a melhor via para a salvação da alma e para a inclusão social.