sábado, 28 de junho de 2008

ORIENTE, BRASIL!

*Publicado no Jornal Diário da Manhã em 27.06.08

“Do Oriente a luz, do Ocidente, a lei.” Provérbio Latino


Fascina-me o conhecimento milenar das culturas orientais, que ao longo dos séculos preservam em suas tradições, a busca do auto-conhecimento e da auto-realização, em nome da fé e da consciência de Deus.
Lá, onde o sol nasce, no Oriente, os valores e a existência se revelam mesmo opostos aos nossos, de cá, do Ocidente.
Nosso Brasil, forjado na intenção mercantilista da expansão européia, produtivista, colonizadora e exploradora, possui hoje, como herança deste modelo de ocupação, além da concentração de renda, uma diversidade cultural que nos enriquece. Apesar da pouca história que temos, em termos de tempo de existência, somos um país que busca garantir a pluralidade, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável.
Isto nos remete pensar, neste momento de questionamentos acerca de problemas ambientais, econômicos e sociais, que o mundo é uma construção humana e que devemos, cada vez mais, participar, conhecer, modificar e adequá-lo às nossas necessidades, reafirmando valores e buscando novos valores, conhecimentos e atitudes que realmente favoreçam a vida, garantindo maior satisfação humana, com segurança e responsabilidade política e econômica.
Algumas riquezas dos conhecimentos milenares parcamente divulgados em nosso mundo ocidental, que prima pelo ter, pelo fazer e pela aparência, precisam ser considerados neste nosso mundo. Não considerando os grupos radicais extremistas, podemos dizer que os povos do Oriente primam pela contemplação, pela resignação, pelo ser, pela essência, pela espiritualidade. Sem os costumes e as leis machistas, as torpezas e a luxúria de muitos dos antigos impérios, a auto-flagelação e os sacrifícios vãos, muito da cultura oriental é interessante e proveitoso, falando de modo ocidental.
Não podemos falar em desenvolvimento do Brasil sem lembrarmos as contribuições dos povos orientais, principalmente com a vinda dos japoneses.
Em comemoração à chegada do povo japonês no Brasil há cem anos, em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru atracou no porto de Santos, com 781 japoneses em busca de liberdade, de trabalho e de dignidade, abduzidos para substituírem os escravos no trabalho dos cafezais, não falarei das terríveis condições por ele enfrentadas.
Ressalto aqui a importância desta cultura, sua filosofia, ciência, sabedoria e riqueza, expressas, por exemplo, na poderosa medicina milenar alternativa, na saborosa culinária, na informática, na tecnologia de ponta, nas conquistas sociais. Há muito o nosso país se rendeu aos bonsais, às artes marciais, à cerâmica, à arquitetura, ao artesanato, aos sons, à leveza das danças, aos origamis, às vestimentas, aos sushis, sashimis, ao yakisoba e outras tantas maravilhas do povo japonês. Como não nos encantar nem reconhecer os poderes do cultivo de exercícios mentais, espirituais e corporais definidos na busca da disciplina, da persistência, do equilíbrio, da perfeição, da harmonia, da determinação, do perdão, do sentimento de gratidão?
O Príncipe herdeiro do Japão, Naruhito, está no Brasil desde o dia 17 último, nas comemorações do centenário da migração japonesa para o nosso país. Com direito a quebra de protocolo para cumprimentos, Naruhito participou de uma cerimônia oficial no Congresso Nacional, junto ao Presidente Lula, dando início a uma série de visitas em São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro, participando de exposições artísticas, culturais e atividades esportivas. Hoje, o Brasil conta com cerca de um milhão e quinhentos mil japoneses, a maior população japonesa fora do Japão.
Em Goiânia, a comemoração não passa despercebida. Em seu 13º ano, a Associação Nipo-Brasileira de Goiás realiza a mostra desta cultura com bazar, oficinas, exposições, performances, concurso de artes e claro, muita gastronomia japonesa, no kaikan.
Que possamos, à luz dos conhecimentos orientais, oferecer mais ao nosso crescimento interno, espiritual e intelectual; mais à contemplação do que ao ativismo exacerbado e às vezes, inócuo. Que possamos afirmar princípios e valores universais democraticamente, desenhando uma nova ideologia, construtora de um país realmente justo, fraterno e soberano e de uma cidadania viva, consciente, através da promoção de momentos e espaços para socialização e discussão das diversas culturas do mundo.
São legados, histórias e experiências de uma humanidade da qual precisamos nos apropriar, refletir, discutir, repassar e recriar, para a construção de um futuro melhor.
A sabedoria milenar oriental é sem dúvida, substancial ao crescimento de qualquer indivíduo ou povo que busque a paz, a temperança, a qualidade de vida e a vida em abundância.
Obrigada ao povo japonês, pelo exemplo de trabalho, perseverança, força e dignidade. Parabéns pelas lutas e conquistas pelo bem, aqui e alhures!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O QUE MESMO, DIGNIFICA O HOMEM?

* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 23.06.08

Não tenho dúvida: é a capacidade de se reconhecer filho de Deus e o próximo como a si mesmo. Acredito, por isto, na dignidade, na sociabilidade e na perfectibilidade enquanto características essenciais da pessoa humana, concordando com São Tomás de Aquino. Não acredito, portanto, que alguns já nasçam predestinados a uma má índole. Segundo São Tomás, “a pessoa humana tem uma perfeição espiritual que se manifesta através da razão. A inteligência, conhecendo os caminhos, tenderá a busca da virtude, do bem”.
Assim, partindo de princípios neotomistas, recorro ao tema dignidade humana para discorrer um pouco sobre a questão da infância e da adolescência.
Dezoito anos após a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, enquanto Lei Federal, as medidas previstas ali estão longe de serem cumpridas. E não se diferem do que está previsto na Constituição Brasileira. Se fossem respeitados, ECA e CF serviriam para prevenir a entrada de crianças e adolescentes na criminalidade e para recuperar quem aí se envolveu. Todo aparato institucional em termos de programas, conselhos de direitos, órgãos de defesa e políticas públicas voltadas para esta questão têm sido ineficientes; mas existem e custam caro, inclusive em termos financeiros. A sociedade não se cansa de insistir na mudança da idade penal. Não quero passar por este viés de reflexão.
Quero aqui, é discordar da forma com que é tratada a questão do trabalho. Da idéia purista de que “o trabalho dignifica o homem”, mas que não pondera que o trabalho não é uma exclusividade material ou física; ele também se resulta de atividade afetiva (emocional) e intelectual (cognitiva). Esta idéia é prova inconteste de que Marx estava certo ao afirmar que “a teoria se torna força material quando difundida nas massas”; literalmente, neste caso, pois esta idéia de dignidade pelo trabalho, rende produtividade e discursos politiqueiros. Como a questão de crianças e adolescentes no Brasil.
Comecei a trabalhar aos catorze anos, por hobby, mas sempre levando a sério. Meu filho Marcelo também. Sou workholic, como meu filho Marcelo e meu pai, que trabalha como quem tem que bater o ponto, aos setenta e dois anos e desde os oito. Defendo menor jornada de trabalho e aumento na idade mínima de admissão ao mercado, desde antes da universidade. Não por preguiça, mas pelo princípio colocado no início deste artigo e que venho ao longo de minha vida, reforçando a cada dia, quanto mais utilizo minha capacidade crítica.
É nos compêndios da Economia que busco justificativas para este posicionamento. É a Economia, uma ciência, nada tem a ver com a solidariedade. Isto torna a idéia menos absurda, mais respaldável, pois economistas são pragmáticos, atentos ao mercado, não às utopias.
Marcio Pochmann, Economista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1984) e doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas (1993), nos diz que “continuamos discutindo as condições de trabalho como herdeiros do capitalismo do século XX”. E ainda, que “é preciso considerar que estamos diante de uma nova possibilidade técnica de organização do trabalho”, com jornadas diárias menores e ingresso no mercado de trabalho aos 25 anos. Antes, segundo ele, “a pessoa deve ser totalmente integrada a uma educação que deve ser recebida ao longo de toda sua vida, diante da complexidade da sociedade contemporânea”. Acho-o bacana demais; para mim, dezoito anos é uma boa idade para os estágios, já que realmente nem todas as pessoas querem ir para a universidade e muitas optam por cursos técnicos já no nível médio.
A justificativa de que jovens com vulnerabilidade econômica precisam trabalhar, contraria seus direitos, de acordo com o ECA, no artigo 4º, que trata dos deveres da família, do Estado e da sociedade. Justificar que o trabalho é melhor que ficar à toa, é repetir um chavão da era da primeira revolução industrial. Jovem tem mesmo é que estudar, viajar, criar laços afetivos, praticar esportes, cantar, tocar instrumentos musicais, conhecer e aprender danças e outras expressões artísticas, as línguas, as culturas. Tem que ter disciplina, se alimentar bem, dormir suficientemente, ufa! Vale lembrar que etapas “queimadas” na vida da pessoa, jamais são recuperadas. Também não comungo das maravilhas das creches e escolas integrais. É a família que deve criar seus filhos, não o Estado. Devem valer como opção, não condição.
A idéia de um Estado que financia o mercado é pra lá de arcaica, conservadora, fisiologista; como nosso mercado, em geral. O Estado, além dos benefícios e incentivos fiscais necessários ao seu desenvolvimento econômico ainda paga, através do INSS, os estragos feitos ao trabalhador, pelo mercado, em inúmeros casos de aposentadorias precoces por invalidez, advindas de doenças e acidentes de trabalho, além de auxílios doença e tratamentos médicos decorrentes das condições de trabalho, problemas estes que vão das doenças físicas às mentais.

A organização capitalista é voltada para o aumento da lucratividade e não para o desenvolvimento humano, esta é a questão. Até nos programas do atual governo, de esquerda, o Estado paga para o mercado explorar a juventude, que serve de mão de obra barata e ocupa vagas que serviriam para chefes de família. O baixo poder de compra salarial remete famílias inteiras ao mercado de trabalho, aumentando o exército de reserva. E as famílias, quase nunca conseguem garantir aos seus membros, saúde, educação, lazer, moradia e transporte com dignidade mínima, nos serviços públicos, embora os tributos fiscais destinados a garantir estes direitos básicos, onerem mercado e sociedade. O trabalho na juventude é, estatisticamente, motivo de evasão escolar, e esta é a causa da falta de qualificação profissional no mercado. É um ciclo vicioso determinado pela máxima do salve-se quem puder, sem reflexões realmente compartilhadas para mudanças socioeconômicas efetivas.
Sempre comento da distância que existe entre a realidade de um jovem trabalhador que anda de ônibus, que tem que ajudar nas despesas de casa, que depende de si para se educar, se alimentar, se vestir e tudo o mais e o jovem trabalhador classe média, assistido pela família. São realidades muito diferentes as que eles encontram, quando chegam as suas casas. Sempre digo da importância de que toda criança, adolescente e jovem, sem distinção, tenha acesso ao lazer, à cultura, à educação, à saúde, à vida familiar e comunitária, para o seu vir a ser humano, ou este terá sido violentado em sua origem. E ainda, da estigmatização dos jovens dos programas sociais. Nem parece que somos todos filhos do mesmo Pai.
Na verdade, acredito que se pensarmos bem, não permitiremos a entrada de pessoas em formação, no mercado de trabalho, pois este é um campo perigoso, pernicioso mesmo, repleto de maus costumes e de exploração. Além do mais, ao adentrar o mercado, o (a) jovem passa a ser responsável por si, a ir e vir por conta própria; descobre ser dono do próprio nariz; em contrapartida, tem menos tempo para o convívio familiar, para os estudos, o lazer; adquire maus hábitos pessoais e sociais.
Bertrand Russel, em O Elogio ao Ócio, apregoa que “é necessária uma reforma educacional radical para que o conhecimento, o aprendizado e o saber sejam valorizados em si mesmo e para que o ócio, a diversão e o lazer substituam o trabalho como atividades dignificantes”; afirma categoricamente, que “a moral do trabalho é uma moral de escravos, e o mundo moderno não precisa de escravidão”. Russel, nos anos de 1935, já defendia quatro horas diárias de trabalho e dizia que só assim “haverá felicidade e alegria de viver, em vez de nervos em frangalhos, fadiga e má digestão”.
Esta metanóia necessária, só acontecerá no enfrentamento do desafio ético-programático que nos apresenta este novo milênio, em todos os campos de atuação. Já era sabido à época de Marx, que o próprio capitalismo destruiria o capitalismo, ao impor um padrão de uso da mão de obra assentada em baixos salários, em ritmos intensos de trabalho, e em altas taxas de rotatividade. O caos deste padrão vemos diariamente, no aumento da criminalidade, na perda de valores, na corrupção engendrada por políticos gananciosos e defensores deste modelo.
Segundo os educadores Vigotski e Wallon, “não é a atividade em si que ensina, mas a possibilidade de interagir, de trocar experiências e partilhar significados”. Em Marx e Engels, “a produção de idéias, de representações, da consciência está (...) diretamente entrelaçada com a atividade material e com o intercâmbio material dos homens, como a linguagem da vida real”.
Daí a importância de refletirmos e fazermos valer mais as nossas leis constitucionais do que nossos preconceitos adquiridos, às vezes, involuntariamente, em forma de “belas mentiras”.

domingo, 15 de junho de 2008

NOVA ORDEM

* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 13.06.08


A realidade econômica mundial nos remete a obrigação de buscarmos novos rumos para o consumo e a produção de bens e serviços, que garantam padrão de qualidade e sustentabilidade sócio-ambiental. A diversidade de opções do mercado exige competitividade. Por outro lado, administradores modernos indicam a visão de futuro como sendo quesito para qualquer empreendimento de sucesso. Outro valor importante nesta era é o investimento no capital humano e em treinamentos e assistência aos funcionários, que acabam melhorando a produtividade.

É certo que longe estamos da sociedade ideal, mas é inadiável que a façamos aqui e agora, em nosso tempo e espaço, vivenciando ao máximo aquilo em que acreditamos, buscando realmente a inovação de alguns valores, regras e comportamentos, tanto no mercado quanto na sociedade como um todo. A consolidação dos direitos humanos só se dará com novas relações que não indiquem explorado e explorador, na superação da visão mercadológica do capitalismo, onde tudo é mercadoria, onde o lucro e a vantagem são premissas básicas.

Em tempos de crise na fé política, a construção de ações políticas genuinamente voltadas para o bem comum, os ideais coletivos e a emancipação do homem, depende do investimento na produção do pensamento coletivo acerca das questões humanas. Associar a prática aos ideais teóricos, e ainda, a sociedade com o poder estatal, são alguns desafios que percebemos na luta política, cotidianamente, além das questões práticas como o problema dos diversos e altos impostos, que não é somente uma questão de quanto se cobra, mas também de onde e de como eles são empregados.

Questões como diminuição de jornada de trabalho, direitos e deveres trabalhistas e patronais, entre outros temas relevantes, devem fazer parte deste pensamento coletivo, que irá refletir sobre condições e modernização do trabalho, no sentido de ampliarmos o grau de satisfação de patrões, trabalhadores e usuários dos serviços e produtos, e garantir a sustentabilidade do espaço que nos cerca, gerando excelência e qualidade total e contribuindo com um mundo de vidas mais felizes e com uma transformação socioeconômica efetiva e persistentemente construída por toda a sociedade.

Existem estratégias interessantes de gestão empresarial e do estado, que não se prendem na burocracia e em regras estabelecidas no século passado, mas que focam missões e metas de forma inteligente, administram prevenindo variáveis, antecipando oportunidades e avaliando, permanentemente, os resultados.

Quero sinceramente, ver um governo e um empresariado moderno, nas cidades e nos campos, que ousem construir novas relações sociais e de produção. Que se empenhem realmente em buscar investimentos e políticas que atendam necessidades sociais e não que simplesmente saciem o apetite de um mercado arcaico e perverso; que saiam do produtismo que tem devorado nossos recursos econômicos e nossa força de trabalho e reproduzido cada vez mais, velhos riscos sociais e ecológicos.

Percebo certa incoerência ao se falar em desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo em que se busca mercado para exportação da carne e de grãos e isto me lembra o fato de que o “Brasil é uma empresa para os outros”. Quando é que deixaremos de querer produzir para fora o que sequer garantimos para nós? É muita loucura pensar que temos mais cabeças de gado em nosso país do que de gente e no que isto significa em termos de deterioração do meio ambiente. A pecuária é uma das maiores fontes de gases causadores do efeito estufa no Brasil, que depois da Índia possui o maior rebanho bovino do mundo.

Para se produzir 1 Kg. de carne, são necessários 5000 l. de água. Fala-se sobre a destruição de 70% das matas goianas e do solo, provocada pelos pivôs utilizados na irrigação para produção de pasto e outros produtos a serem exportados, como a soja e o milho, por exemplo, e ainda, sobre a cadeia ecológica, que diz que o que acontece aqui tem reflexos em todo o planeta e vice-versa.

Para se ter uma idéia, já em 1973 o New York Time Post verificou que uma enorme instalação para matar galinhas utilizava 378 milhões de litros de água por dia. Em agosto de 1974, a Agência Central de Inteligência (CIA) alertou, em um relato, sobre a necessidade de que o consumo de animais criados com cereais diminuísse “rápida e drasticamente”. Nada neste sentido foi feito, estamos muito atrasados.

Osires Silva, 69 anos, criador da Embraer e do avião Bandeirante, ganhador do prêmio Almirante Álvaro Alberto para Ciência e Tecnologia, do CNPQ em 1999, disse recentemente que pensar nas grandes extensões plantadas enquanto salvação da lavoura é, na verdade, “colocar o país numa competição de quem chega por último, pois a venda de 1kg de soja, por exemplo, equivale a 35 centavos de dólar, sendo que o mesmo peso de um avião vale 1000 U$”.

É a hora da reforma agrária e agrícola. Do investimento no campo e na agricultura familiar, que reduz o desperdício e os custos do armazenamento e do transporte, além de promover um desenvolvimento sustentável.

Precisamos pensar e empreender novos investimentos na agricultura e, por exemplo, no turismo, na indústria química e farmacêutica, na tecnologia de ponta. Adquirir e vivenciar novos hábitos sociais, culturais e alimentares, dignificando nossas relações entre nós e com o meio ambiente, sem parasitismo nem alienação. É preciso determinação, inovação, conhecimento e coragem para ousar, sem medo de sermos felizes!

domingo, 8 de junho de 2008

EIS, AQUI, A UTOPIA!

* Publicado no Jornal Diário da Manhã, em 06.06.08


Pelas páginas deste DM têm circulado proposições e idéias que carecem de urgente organização sistemática, mas, ou está tudo pronto para arrancarmos rumo à uma sociedade racionalmente, democraticamente planejada, ou utopia pode mesmo vir a ser algo irrealizável...

Políticos, parlamentares, homens importantes dos poderes executivo e judiciário, economistas, artistas, intelectuais e representantes de entidades de classe, têm declarado em artigos neste veículo de comunicação impressa, a disposição de se empenharem a favor de um “novo nível de debate” e convocado a sociedade goiana e goianiense para pensar nossas cidades, nosso Estado, nosso país.

Redefinir o futuro através de um planejamento articulado entre os agentes sociais e de mercado em Goiás é a proposta, e requer uma visão estratégica no processo, que, se realmente democrático, engaja todas as partes e garante maior qualidade de vida, com desenvolvimento humano e expansão econômica sustentável.

Renovar o otimismo social é vital. Não com exercícios retóricos ou movimentos panfletários, cheios de palavras de ordem, mas sem práxis nem nexos. É preciso participação efetiva de toda sociedade, de um modo ou de outro, sem vanguardismo.

A construção da utopia é agora; é fazer, não puro desfrute. Seminários, debates, oficinas, objetivos, missões, projetos e planejamentos comuns, que valorizem nosso patrimônio histórico, ambiental e cultural, que incentivem o empreendedorismo, que desenvolvam pesquisas sócio-econômicas e que reconstruam a política de tributos e regulamentos, já!

Por ser a capital do Estado, Goiânia possui um papel preponderante em seu desenvolvimento. É metrópole que tem “espremido” as pessoas entre frenesis, cristalizações e sandices, como todas. Mas se constitui de um povo afável, comunicativo e trabalhador. É uma cidade conhecida pela qualidade de vida, por sua excelente arborização e ajardinamento, com clima favorável e uma rede de comércio varejista e de serviços que é referência na região centro-oeste. Possui grande número de instituições de nível superior, é especializada em diversos atendimentos da área da saúde. Contém uma malha viária relativamente boa, aeroporto e moderno sistema de telecomunicações. Dispõe de equipamentos de lazer e entretenimento considerável, com centros culturais, centro de convenções, diversos parques, bosques, praças, um grande estádio de futebol, shoppings centers, inúmeros bares, boates, cinemas, teatros, restaurantes, clubes aquáticos, autódromo internacional.

É este o momento de criar-se um amplo movimento, que reúna forças sociais, políticas, científicas e econômicas para a construção do futuro em nossa cidade, seja incrementando, facilitando ou atraindo indústrias e empresas de serviços diversos, de turismo, de alimentação, móveis, vestuário, artesanato etc.

Uma gama imensa de investimentos pode ser construída em nome de um futuro melhor. Enfrentamos em Goiânia, os problemas urbanos comuns das grandes cidades brasileiras; o desemprego, a violência e a degradação ambiental impõem a necessidade do aumento da oferta de trabalho e a melhoria da infra-estrutura urbana.

Precisamos elaborar um diagnóstico preciso e consistente, que indique rumos para o desenvolvimento sustentável, levando em conta não só a capital do estado de Goiás, como também os municípios do interior e ainda, toda a região centro-oeste, considerando as vocações regionais e o capital humano presente. Isto possibilitará uma expansão econômica segura, com indicadores sócio-econômicos positivos.

Podemos reconstruir o mercado. Pensar juntos sobre consumo, produto e produção, quais os recursos, as limitações, os impactos. Não podemos mais deixar que o curso econômico siga simplesmente uma dinâmica natural, correndo o risco de intempéries causadas pela ordem econômica mundial, como se não tivéssemos características próprias, com facilitadores e entraves, aptidões e necessidades.

Através deste jornal, vê-se que tem muita gente boa lutando, sugerindo e buscando uma melhor qualidade de vida. Não só para si. É preciso juntar essas pessoas, quem sabe em um grande encontro de arrancada, para um planejamento estratégico que reúna articulistas, colaboradores e trabalhadores do DM, interessados na construção coletiva de uma sociedade justa e fraterna, com uma vida plena e verdadeiramente cidadã.