terça-feira, 30 de março de 2010

Qual é mesmo o projeto?

* Publicado no jornal Diário da Manhã em 14.03.10

Não o pessoal. Que precisa de Íris Rezende governador, prá se dar bem.
Não o pessoal.
Qual o projeto de Estado é necessário prá se eleger o governador?
Não falo de discurso pragmático, que rende, mas de plano de governo. De rumos. De práticas.
O que está pesando nas pesquisas? O que o PMDB tem em comum com o PT, além das trombadas do passado, quais as afinidades, os verdadeiros interesses? A democracia? Qual a visão de mundo que se tem das questões que permeiam o governo do Estado de Goiás, no campo social, econômico e político? Qual o cenário desejável?
A briga que vemos é por poder e não por projeto. Não se defende idéias, propostas, ideais. Mas manutenção e repasse de poder. Pelo poder.
Palco mórbido de notícias requentadas, a nossa política. Até o que parece novo, é apenas roupagem, carcaça. Discurso.
Necessidade esquálida de se garantir as próprias necessidades, mesquinhez de política narcísica, em nada coletiva.
Eu, que nunca quis ideologia pra viver, agora quero.
Acompanho as notícias políticas e não vi Henrique Meirelles dizer que não seria candidato a governador. Apenas, reiterou, sempre que pressionado, não ter a resposta pronta antes do final de março. Quanta balbúrdia ao redor. Pressão só pra atrapalhar, barulhar, aparecer, mostrar comando.
E ainda tem gente que espera dele, sorrisinhos e afagos, resposta branda, posicionamento de príncipe. Companheiro é companheiro.
Não precisamos dos políticos de holofotes, dos tapinhas nas costas, dos sorrisos de hiena das corjas umbiguistas e acéfalas. Dos motes repetitivos que não alteram nada, além dos próprios bolsos.
O meu repúdio aos políticos que focam nos resultados, maquiavélicos. Que não enxergam a baixeza que imprimem aos processos, cujos princípios, meios e fins são dicotômicos, de acordo com os próprios interesses, flutuantes. Que trabalham para a manutenção do próprio poder. Que se sentem os donos dos “currais eleitorais” que acreditam representar, ou ameaçados nestes currais, por outro que não pode entrar.
Prefeito, a dúvida não é de Deus, que seja o teu sim, sim e o teu não, não. Pensa no seu Estado, sua cidade, seu país. Se for, que ganhe. Se ficar, que fique bem.
Agora, tem que querer ser governador, pra ser, ora. Deus é luz, não fique na escuridão. Nunca vi isto, que coisa horrorosa, este novo quadro. Palhaçada. Tomara se resolva logo.
Enquanto isto vou cantando o blues da piedade, tentando iluminar minhas mini certezas.
E ainda tem quem fale mal do Cazuza. Mas ele era artista.

Educação e participação em assistência social

* Publicado no jornal DM em 22.03.10

"A produção de ideias,
de representações da consciência
está diretamente entrelaçada
com a atividade material
e com o intercâmbio material dos homens..."
Marx e Engels

Considerando os cinco pontos que norteiam o trabalho social, a saber – a pobreza, a ignorância, a enfermidade, a ociosidade e o meio ambiente, quero chamar a atenção para o papel educativo da assistência social. O serviço social tem em seu arcabouço teórico, referenciais como Paulo Freire, que trabalha a educação popular. A posição educativa de Paulo Freire supõe o homem/educando, como um ser concreto, situado no tempo e no espaço, vivendo determinada época, num contexto sócio-cultural específico. É deste homem que parte o processo educativo.
Em serviço social como em Vigótski, acredita-se que “não é a atividade em si que ensina, mas a possibilidade de interagir, de trocar experiências e partilhar significados”. Entende-se que a educação não é resultado, mas sim, processo. A educação na assistência social pressupõe participação e construção dialógica.
A participação da população na formulação desta política pública e no controle das ações sociais é diretriz da assistência social e é um processo educativo que se torna possível a partir dos Cras – Centros de Referência em Assistência Social, que são espaços físicos apropriados ao desenvolvimento de comunidades e grupos nas cidades e devem ter conselhos locais.
A ação social deve ampliar o espaço de atuação e de participação do ser no mundo, elevando seu nível de consciência acerca de si mesmo, face à realidade em que está inserido. Em serviço social, a reflexão racional constitui o método educativo.
Daí se promover, através das ações sociais, espaços de discussão sobre a vida; a própria vida, a vida pretendida, a preterida. Sobre o trabalho, a família, a morada, o bairro, o que se tem, o que se quer.
A educação popular vincula o particular com o geral, o local com o global, o cotidiano com o histórico, a experiência diária com a teoria.
Compreende que "a vida não é um conjunto de episódios sem conexão, mas uma sequência contínua onde se encontram relações de causa e efeito", como disse Gordon Hamilton.
A ação de pensar as coisas que vivemos nos dá uma nova dimensão de compreensão.
Na escola, as dificuldades naturais, desafiadoras da imaginação criativa, são substituídas por dificuldades falsas e abstratas, impostas por um modelo autoritário de sistema educacional.
Na escola, quase sempre, o que importa é saber responder à imagem e semelhança do mestre, e ainda, cumprir a grade curricular, que já vem pronta.
Entende-se que ao serviço social cabe possibilitar ao homem a tomada de consciência acerca de si próprio, perante e do que poderá ser ante o mundo, em um posicionamento filosófico que permita não só o trato com este homem, mas o questionamento sobre o que significa ser homem e a complexidade de sua situação no mundo.
A educação através da assistência social não trabalha um indivíduo isolado de suas condições objetivas, materiais, sociais e culturais. Esta educação compreende a subjetividade construída no jogo das relações.
É esta subjetividade que permite o vislumbre de novas realidade, novas possibilidades.

Educação copiada

* Publicado no jornal DM - Cartas do Leitor em 21 de Março de 2010

COMENTÁRIO SOBRE: A inaceitável realidade: no Brasil cada vez mais crianças envolvidas com crimes violentos - Artigo de Iris de Araújo, publicado dia 18/03/2010

Educação copiada

Mais que defender a educação, precisamos saber para que a queremos. Para treinar? Para depositar conteúdos? Para preencher o tempo?
Há muito a educação formal deixou de existir para constituir cidadãos que constituam um mundo melhor. Ela existe para atender o mercado, e o mercado não tem vocação social. Sua ética é a do lucro. É preciso que paremos de dizer que a educação tem varinha mágica, que vai resolver os problemas sociais.
É preciso que se fale na distribuição da riqueza socialmente construída, pra se falar em dignidade, e não em falta de educação, afinal, é muita gente trabalhando com educação, formal ou não. É muita gente trabalhando com crianças e jovens.
Por quanto tempo crianças e jovens permanecem nas escolas integrais na Europa? O que elas fazem nestas escolas e como fazem? O que encontram, quando chegam às suas casas? Como foi a educação que seus pais receberam? O que fazem, além de frequentar a escola, e nos fins de semana?
Como é e como vive o professorado, dentro e fora da escola? E se repetirmos as mesmas indagações com foco na realidade brasileira, quais serão as respostas?
A educação que precisamos requer ser construída democraticamente e não copiada. E certamente, não tem um único caminho.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A CABALA DA INVEJA - Nilton Bonder

OBS.: TEXTO INCOMPLETO

“Receptáculo de raiva, muita raiva,
as invejas retêm no coração muito ódio.
Como “celulite emocional e espiritual”,
a inveja controla atos, situações e vidas inteiras”

CONDIÇÃO DE INVEJA

• “Moisés, no final de sua vida, quis saber de D’us porque teria que morrer”.
“Porque já nomeei Josué em teu lugar para liderar os israelitas”, respondeu D’us.
“Deixe que ele lidere”, contestou Moisés. “Eu serei seu servo”.
D’us concordou, mas Josué não gostou muito da situação. Moisés então lhe perguntou: “você não quer que eu permaneça vivo?”.
Josué consentiu e tornou-se líder e mestre até mesmo para ele, Moisés.
Quando foram entrar na Tenda Sagrada (onde se encontrava a Arca), uma nuvem surgiu. Josué foi autorizado a entrar no espaço sagrado e Moisés teve que permanecer do lado de fora.
Disse Moisés: “Uma centena de mortes são preferíveis à dor da inveja”.Naquele dia pediu para morrer.”(Crônicas de Moisés)”
• Você – Josué de cada um de nós – é o que não sou, fantasma de mim mesmo
• O trágico na condição de inveja é que esta não se instala, na grande maioria, das experiências, apenas no final da vida, como em nossa história. Representa, infelizmente, o final prematuro de muitas vidas. Vidas que preferem, como Moisés, extinguir-se a ter que enfrentar a dor da inveja. Morrem, na verdade, ao dedicarem suas vidas a dor da inveja, ou seja, dispendendo energia na expectativa de que o “outro” não seja bem-sucedido. Neste caso, a própria vida não é mais capaz de propiciar tanto prazer e contentamento quanto o fracasso do “outro”. O invejoso está diante de seu próprio cadáver, pois não é mais capaz de sentir por si só.
• Somos todos invejosos de todos. Com exceção daqueles que conseguimos perceber como extensão nossa invejamos a todos.
• A maneira com que cada um de nós lida com este sentimento, o período que ele permanece em nós e as conseqüências que lhe permitimos causar, variam consideravelmente de pessoa a pessoa.
• Hoje, graças à psicanálise, compreendemos muito sobre as origens e anomalias da inveja. Sabemos, por exemplo, que remontam a momentos primários da relação do bebê com a frustração e a satisfação. Reconhecemos com maior facilidade que é impossível se evitar a experiência da carência, da fome, do frio, da dor e do desconforto. Ao mesmo tempo, temos consciência da necessidade de afeto e atenção para, apesar das experiências de frustração, encontrarmos equilíbrio na maneira de vivermos nossas vidas.
• Nosso interesse não é tanto o estudo da patologia da inveja, mas a convivência com a mesma. A sabedoria antiga, construída das “dores de barriga” de gerações passadas, de reflexões posteriores à revelação dos ímpetos e atitudes acumulados durante nossa história coletiva, é herança valiosíssima para a construção do ser potencial que somos hoje.
• Isolar o vírus da inveja e identificá-lo em meio a suas inúmeras dissimulações é investir na descoberta de nossa verdadeira cara; é olhar a realidade com outra visão. Poder enxergar em meio à escuridão da superficialidade reduz o nível de agressividade deste mundo e torna nossa realidade mais aceitável, mais tolerável.
• Descobriremos acima de tudo que a injustiça é uma condição originada pelo modo com que abordamos um problema ou questão. Podemos construir enormes estruturas de injustiça em nossas mentes e sentimentos para lidar com a mágoa e a inveja. Torna-se fundamental, então, para nossa qualidade de vida evitarmos cair nas armadilhas que nos justificam a partir da injustiça. Isto, porque, além da perda de tempo e energia, nos descobrimos encurralados na solidão destes sentimentos.

ÓDIO COMO INVEJA
A Descoberta da Rixa

• No ciúme queremos obter algo para nós, independente deste “outro” de quem temos ciúme.
• O ciúme tem seu centro em nós mesmos; o outro é apenas o intermediário para expressarmos o quanto desejamos algo. Na inveja, no entanto, o algo é o outro. Somos prisioneiros do outro. Nosso desejo é a destruição total daquilo que identificamos como o objeto do que não nos dá prazer, que nos frustra. A inveja é insaciável.
• O invejoso desgraça a todos, inclusive a si mesmo, de forma consciente.
• A inveja estabelece uma relação de rixa. A rixa é uma forma de ódio que se conserva, que não é dispendida.
• Conflitos de qualquer natureza estabelecem relações de rixa e de inveja.
• Abordando exatamente este sentimento, a bíblia (Lev. 19:17) estipula: “Não odiará teu próximo no teu coração!”.
• Devemos ser muito cuidadosos com o que penetra nossos corações, para que estes não sejam poluídos.
• Na verdade, todos os sentidos deveriam ser compreendidos como portões para o mundo externo, onde um rigoroso controle alfandegário se faz necessário. Na pratica judaica, esta alfândega é simbolizada pelo uso de estranhos objetos rituais chamados tefilin. Compostos de duas caixas de madeira contendo pergaminhos com textos bíblicos, os tefilin são colocados junto ao coração, no braço esquerdo, e na testa, entre os olhos. Com estes objetos a pessoa medita logo que acorda, conscientizando-se do dia que terá pela frente. Reconhece então que um novo dia se inicia e que aqueles que não conseguirem fazer uma leitura do mundo a sua volta além da superficialidade da rotina, terão, com certeza, um dia mais difícil.
• Os tefilin são primos próximos da mezuzá, amuleto na forma de pequena caixa contendo pergaminhos que é colocado nos portais das casas dos judeus e que são beijados ao se entrar e ao sair e ao entrar de casa. A razão de se fazer isto advém da possibilidade de sacralização do espaço interno da casa. Quando entramos em casa, tocamos a mezuzá como forma de perceber que tudo de ruim e pesado que possa ter ocorrido conosco deve ficar do lado de fora, ou ao menos, ser transformado, de forma a condizer com o novo meio que adentramos. Da mesma forma, ao sairmos de casa devemos perceber que abandonamos o espaço da intimidade e tolerância que abandonamos o espaço da intimidade e tolerância que é vivido neste meio. Na rua, devemos ser extremamente cuidadosos para não ofender, ou ser mal-entendidos. Na rua, o benefício da dúvida, o perdão imediato e o carinho gratuito são apenas ideais; até o dia em que todas as ruas e cidades sejam transformadas numa grande casa.
• O que entra e sai em forma de sentimentos de nosso coração deve ser resguardado para não poluir o mundo ou a nós mesmos. O que penetra nosso cérebro sob a forma de pensamento ou aquilo que externamos deve também estar sintonizado de maneira a não poluir nós mesmos com idéias nocivas.


INVEJA E ECOLOGIA

• Uma mente ou um coração pode tornar-se um depósito de elementos poluentes que não desaparecem com o tempo – não são degradáveis. Tanto a ingenuidade nata do coração como a da mente podem acumular suficientes dejetos de experiências de não-amor, frustração, violência, traição ou falsidade de forma a criar condições que não possibilitem a nosso sistema vital processá-los.
• Ou realizamos limpezas estruturais de tempos em tempos, permitindo-nos crises ou “sacudidas”, ou nossas mentes e corações se tornam saturados e incapazes de produzir “solo fértil” para pensamentos e sentimentos.
• Muitos são os que sucumbem à poluição e regridem ao estado animal puro, conseguindo apenas realizar operações triviais de pensamento e sentimento. São simplórios aprisionados ao que acreditam “ter razão”, como se houvesse algo absoluto por si próprio. Confundem justiça divina com o maniqueísmo de sua própria visão do mundo. Acreditam que há certo e errado, e não certos e errados, que podem em dadas condições, inverter as polaridades.
• Estar desesperado, com o rosto caído, não por fracassar, mas pelo sucesso do outro, é a descrição da dor da inveja.
• Sociedades mais consumistas são, sem sombras de dúvidas, sociedades mais invejosas e mais desejosas de ter. Investem sua energia de ser, sua vida, para adquirir sua própria enceradeira. Cada prédio poderia ter uma única enceradeira coletiva, porém, o desejo de ter sua enceradeira própria é conseqüência da descoberta publicitária de que a inveja é a descoberta publicitária de que a inveja é um sentimento humano intenso e poderoso.
• Segundo Melanie Klein, a inveja se instaura na ansiedade primeva relativa ao seio materno. Este seio que é visto como um “objeto bom”, é ao mesmo tempo, responsável por muita crueldade, ao privar ou gratificar alguém como o esperado.


INVEJA E IDOLATRIA

• Em relação ao décimo mandamento, que determina não se cobiçar o que é do outro, dizia o Radviler: “Aquele que não dispõe de autodisciplina para cumprir esta proibição com relação à cobiça deve recomeçar tudo de novo, repassando o primeiro mandamento: amar e reconhecer a justiça divina. Pois se realmente tal indivíduo acreditasse em D’us, não teria inveja daquilo que foi alocado como parte da porção de seu vizinho”.
• A inveja revela tanto a descrença na Força Ordenadora quanto aos desvios que fazem com que muitos dos que crêem sejam, em realidade, idólotras.
• Aquele que diz crer e que inveja, na verdade crê em algo ou em alguma justiça que não é absoluta. Provavelmente possui um Deus particular cuja visão de mundo e agenda são personalizadas. Sua manifestação no mundo se dá na confirmação de pequenas vitórias ou conquistas pessoais que os tornam arrogantes e egocentrados, invejosos clássicos.
• De onde tirar esta certeza que nos faça abarcar as premissas contidas nos Dez Mandamentos? De si, da capacidade de invejar menos ou de se satisfazer mais com as ofertas para ser, ao invés de reter e obter.
• Enquanto a inveja depõe constantemente em favor da irracionalidade das crenças em D’us, a gratidão age no sentido oposto.
• O estabelecimento de uma era messiânica é a expectativa não de uma comprovação externa da verdade contida em D’us, mas o predomínio absoluto do sentimento de gratidão. Um momento em que as pessoas não mais se identificarão. Um momento em que as pessoas não mais se identificarão com a inveja e a estranharão.


RANCOR NOUTROS MUNDOS

• A reação à dor é uma imediata disponibilidade animal para a briga ou para amaldiçoar aquele que nos pisa.
• Ter o “pé pisado” muitas vezes, mesmo com as devidas desculpas, acaba por criar um determinado tipo de ódio cumulativo; na tradição judaica, este primeiro nível do ódio receberá o nome de sin`hat chinam (raiva gratuita por tudo).


EXPRESSÕES HUMANAS DE RANCOR NOS QUATRO MUNDOS

- “Há quatro disposições na gradação da raiva: 1) naquele que é fácil de provocar-se e também fácil apaziguar-se, o que há de negativo neutraliza-se com o positivo; 2) naquele que é difícil de ser provocado e difícil de ser apaziguado, o que há de positivo, neutraliza-se com o negativo; 3) aquele que é difícil de ser provocado e fácil de ser apaziguado: este é o sábio; e 4) aquele que é facilmente provocado e dificilmente apaziguado: este é o perverso” (Ética dos Ancestrais 5:14)
- A situação do perverso e do sábio é evidente. O primeiro perde-se no pantanal enquanto o último passeia pelo pomar. O sábio tem uma leitura profunda da realidade que por si só torna difícil a provocação e que também lhe dá capacidade de rapidamente ajustar-se às situações da vida e de se controlar com facilidade.







ROUBANDO A ROUPA DO REI

- Ë bastante comum acharmos que a humildade é o outro extremo do orgulho, quando é, na realidade, uma situação de equilíbrio. O extremo oposto do orgulho é a falta de auto-estima. O humilde nada tem a ver com aquele que não consegue reconhecer e apreciar a si como parte das maravilhas deste mundo. Sua atitude, porém, é distinta do orgulhoso, que é totalmente centrado em si.
- O orgulho, no induz à crença de que estamos “certos”e obstrui nossa capacidade de relativizar e olhar situações sob diferentes perspectivas de nossa opinião ou julgamento já formados.
- Não há pior orgulho que o orgulho dos devotos
- Os momentos de transição estimulam a preservação do único bem não perecível: o autoconhecimento. Quando instituições e ideologias enfraquecem, não temos onde investir nossas vidas, a não ser no crescimento pessoal.
- Muitas pessoas desejam “ter”crescimento ao invés de vivê-lo.


HUMILDADE COM MÁXIMA SABEDORIA

“Nem todos se contentam com sua aparência, mas todos se contentam com seu cérebro!” (Provérbio iídiche)

- Para alguém poder chegar ao “temor a D`us” deve ultrapassar o culto ao deus da recompensa, o deus da necessidade imediata, o deus do poder, o deus da veneração pessoal e conseguir eliminar os elementos infantis de sua percepção simbólica de D’us.

RAZÕES PARA O ÓDIO


- Somos condicionados a amar tudo que percebemos como parte de nós ou de nossa essência.
- O crescimento pessoal ocorre da constante revisão de quem somos e, a partir daí, de buscarmos compreender quem são nossos filhos/irmãos ou discípulos/amigos. Quanto mais pobre nossa percepção de quem somos, mais limitada será nossa capacidade de incluir o outro sob uma destas duas categorias.
- Aquele que ama apenas a si ama algo muito pequeno pois é na sua incapacidade de encontrar grandeza e amplidão em si que se origina sua dificuldade de encontrar no mundo filhos/ irmãos ou discípulos/ amigos.
- Se deixamos lacunas na verdade, estas podem vir a ser preenchidas pelo outro e absorvidas como dolorosas mágoas.






RUBOR – Sangrando por Dentro

- A justiça não é simplesmente produto de uma lógica distante da realidade. Ao contrário, é uma resultante da interação de muitos indivíduos e muitas realidades. Portanto, é regra básica tomar-se muito cuidado com atitudes calcadas no direito que pensamos possuir a partir de uma injustiça.
- Não é tão óbvio o que nos diz o coração magoado ou injustiçado.


“FOFOCA” – A Rede Informal de Ódio

- Devemos ser cuidadosos não apenas para não agirmos levianamente espalhando “histórias”, como também educando-nos a não ouvi-las.
- “Saiba que aquele que escuta uma afirmação maldosa é tão perverso quanto aquele que a transmite”
- Os embustes da intriga não estão na essência do que é dito, mas na forma com que é transmitida; mesmo a lisonja e o elogio podem conter tanto veneno quanto a blasfêmia.


PISANDO NO PÉ

- O mesmo cuidado que uma pessoa esclarecida tem ao integrar-se a um grupo de outra cultura, deveria ter ao se aproximar de outras pessoas, buscando um comportamento que se adeque à realidade à qual nos agregamos.
- Não devemos nos esquecer que quando as pessoas nos pisam o pé, muitas vezes o fazem porque não deixamos nenhum outro espaço onde pudessem colocar o próprio pé, senão sobre o nosso.


TOMANDO COMO PESSOAL

- Na verdade, “tomar algo como pessoal” diz respeito a permitir-nos ingresso no mundo da inveja/rixa ou não. Resistir a este sentimento é uma reação típica provocada pelos “anticorpos”de nosso coração e mente diante da possibilidade de ceder ao rancor que neles se estabeleça
- Vozes e imagens nos garantem, repetindo cenas ou repassando diálogos, a autenticidade de nosso sentimento. Nesta situação estamos com problemas.
- Na verdade, realizamos muito de nossas ofensas de forma não verbal. O status de uma não ofensa é o mesmo de uma ofensa.
- Todo rancor está centrado na certeza de que sua pessoa foi objeto de ataque. Portanto, cabe em cada situação, além de percebermos a dimensão perigosa de rancor que evocamos ao tomarmos algo como pessoal, identificar o verdadeiro sujeito a quem se direcionou a agressão. Se adquirirmos a capacidade de perceber que em inúmeros casos o ataque parte de pessoas estressadas e oprimidas por seu mundo, ou de medos e inseguranças internas, descobrimos que o sujeito verdadeiramente agredido tenha sido talvez a própria pessoa que ofende, ou sua esposa, seu pai, sua irmã etc.

- Se fui agredido por alguém que brigou com seu patrão, talvez possa entender que sua atitude, apesar de violenta não era pessoal.
- Que diferença isto faz? Muita. Ao se identificar uma ofensa como não sendo pessoal, fica erradicada a possibilidade de se entrar na dimensão da rixa.
- Tanto a inveja como a rixa são parasitas da sensação de ódio pessoal que os outros nutrem para conosco.
- Para a tradição judaica, aquele que fala, é como um arqueiro. Joga suas flexas e, uma vez que estas já estejam no ar, não pode mais se arrepender. Quem percebe isto conhece a arte de falar pouco.
- Aquele que “toma algo como pessoal”anda pela floresta e onde quer que veja uma flecha cravada numa árvore, desenha ao seu redor um alvo.


INIMIGOS PÚBLICOS

- “Os rabinos ensinaram – há quatro tipos de pessoas que ninguém tolera: um pobre que é arrogante; um rico que bajula; um idoso luxurioso e um líder que governa sua comunidade sem causa”.(Talmude Bab., Pess. 113b.)
- Estar numa situação de “inimigo público”é ser flagrado em atitudes que revelam não as fraquezas humanas, mas a dificuldade de lidar com as mesmas. Expressam formas de ridículo a que pode um ser humano chegar, demonstrando acima de tudo, o quanto se deixou de aprender da vida e de sua condição.
- Os exemplos são óbvios. Um pobre que é arrogante é o símbolo da frustração em estado avançado. Um rico bajulador dos outros e de si, é alguém que é míope da vida; qualquer objeto que não seja imediato se forma aquém de sua retina. Por sua vez, o ancião luxurioso é o símbolo da decadência, do belo que não sabe se renovar sobre outras formas. Já o líder que não é líder expõe – se a sentimentos que vão do grotesco ao cômico. Comanda o ar e acena de uma alta varanda diante de uma praça vazia como se precisasse disto para certificar-se estar vivo.
- Todos os inimigos públicos possuem a mesma característica de buscar ocultar elementos de sua personalidade que são óbvios. Seu ridículo está na capacidade que têm de levar uma vida onde, por mais que se vistam e se adornem, estão sempre nus diante do público.


LÁGRIMAS TRÍPLICES

- Em todo ódio existe uma componente pessoal que intensifica fraquezas do outro; fraquezas estas que sob a perspectiva de um outro observador podem ser percebidas como razão de admiração e não de repulsa.
- Podemos odiar intensamente algo nos outros que não gostamos em nós mesmos, ou algo nos outros que nos relembre algumas de nossas frustrações, e assim por diante. Ninguém se dá ao luxo de odiar de forma a estar em rixa sem que esteja fortemente vinculado ao objeto de seu ódio.
- Impressionante é a capacidade que pessoas complementares, ou pessoas que se admiram e precisam muito uma da outra, têm de iniciar processo de briga. Entre

amigos que acreditam doar-se muito um ao outro, o senso de traição e ingratidão é intolerável.
- O ódio, instantes antes de “calcificar-se”. É matéria facilmente moldável em amor, desde que a correta química se processe.


BRIGANDO COM D’US

- Quem entra em conflito, acalenta em seu ser mais profundo a idéia de que vencerá. Ninguém brigaria (uma rixa) se acreditasse que fosse perder a briga. A certeza da vitória vem acompanhada de muita depressão e de constantes desilusões quanto a esta expectativa.
- “O mau impulso age de duas maneiras: como a água que esfria o desejo de se realizarem boas intenções e como o fogo que aquece o desejo de transgredir”. Ou seja, o desejo de buscar o reencontro e as resoluções das pendências é constantemente esfriado, enquanto que a compulsão à agressão é aquecida. Desta forma, o tempo passa, a depressão se instala e tornam-se possíveis finais trágicos.
- Os custos das brigas são incalculáveis, pois lesa o bem estar do planeta de maneira assustadora. Sua destruição é tão avassaladora, que mesmo quando seus efeitos não são tão concretos, transtorna e amarga vidas inteiras.
- Para vencer esta verdadeira maldição que é a rixa, Jacó se submeteu a uma das experiências mais intensas relatadas em toda a Bíblia – lutar com D’us. Não é com pouco conhecimento de causa que Jacó, ao reencontrar seu irmão exclama: “ver teu rosto é como ver o rosto de D’us”. (Gen. 33:10)
- Sermos capazes de lutar com nosso D’us, com nossa estrutura interna mais profunda e a perspectiva de nosso olhar para com o mundo, são as únicas coisas que podem dar fim a uma rixa estabelecida.
- O ato de brigar com D’us ou de mudar totalmente as perspectivas já assimiladas, se não ocorre através da sapiência e do crescimento pessoal, só vem com o tempo e sua incrível capacidade de nos desapegarmos dos indivíduos, ou melhor, dos fantasmas que acreditamos tão reais dentro de nós. Triste, porém, é quando nosso tempo interno não está sintonizado com o destino e nos vemos na situação desesperadora de Rabi Ionatan, pois seu amigo com quem estava brigado, morrera antes que pudesse brigar com D’us. Restou-lhe ainda a possibilidade desta briga interna, apesar de que para sempre estaria privado da incrível experiência de olhar no rosto de seu amigo e compreender que era como se olhasse o rosto de D’us.


EU TENHO RAZÃO

- Uma das ilusões mais fortes quando estamos aprisionados à dimensão da briga é a sensação de que “temos razão”. É como se criássemos uma consciência circular da situação em que nos encontramos, toda ela amarrada em si mesma. Por mais que tentemos, não conseguimos transpor os limites desta subconsciência.

- Se a posição do outro é insustentável e se ainda assim a mantém, concluímos então que o outro é em si ruim. O outro faz parte do mundo que vê as coisas às avessas. Pensamos: “por causa de sujeitos assim é que o mundo é como é!”.
- Tanto a confiança total em nosso julgamento quanto a busca obsessiva por provar que o outro está errado tem duas conseqüências malignas: a acusação e a autojustificação.
- O alerta é claro: nas questões de julgamento, estamos sempre submetidos a uma agenda interna, a interesses que nos justificam antes mesmo de qualquer imparcialidade. Acabamos sempre estabelecendo os critérios de nosso julgamento a partir de quem somos e de nossos interesses. Portanto, em briga, não somos muito confiáveis e devemos suspeitar sempre de nossas certezas. Elas muito freqüentemente ocultarão dificuldades que nos são muito dolorosas.
- Em outras palavras, você não pode se permitir identificar na sua proposição qualquer crítica ao outro que tenha medo de fazer a si mesmo nem nada no outro que busque justificar em si mesmo. Porque isto é “você ser você porque o outro é o outro”; é envolver-se nas couraças/argumentos do falso Ego.
- “Estar com a razão” é a tênue fronteira entre a devoção e a idolatria. Por um lado, é um sentimento a ser evitado, pois possibilita desvios e perversões, fortificando falsas percepções de si e dificultando toda sorte de diálogo. Por outro, é a postura do sábio e do justo, pois saber-se posicionar verdadeiramente em nome do que se acredita ser correto, sem se permitir corromper por interesses e necessidades pessoais está entre os feitos de mais difícil realização para os seres humanos.
- Poderíamos dizer, portanto, que existe uma forma construtiva de conflito, na qual o fato de se crer assertivamente “estar com a razão” não apenas promove o diálogo, mas define a própria tarefa do justo. A estas discórdias fundamentais é que, durante séculos, os rabinos do Talmude se dedicaram.


DISCÓRDIAS EM NOME DOS CÉUS

- Para poder se envolver em discórdias em nome dos céus, uma pessoa deve compartilhar de um mesmo nível de compromisso com seu adversário para com o assunto em questão. Estes compromissos dizem respeito a se “ter razão”: se a tônica deste sentimento recai sobre o desejo de se encontra a “razão”, delineia-se um tipo de comprometimento; se, no entanto, a tônica estiver no verbo “ter”, esboça-se outro tipo de comprometimento.
- Para que um justo faça uma afirmação, deve atingir o complexo estágio de “saber que não está certo, porém ter a certeza de que não está errado”. Esta é a única forma legítima de alguém se colocar diante de uma questão, com o objetivo de iniciar um possível diálogo. Não saber se está certo diz respeito a capacidade de ouvir e de querer saber a verdade; já a certeza de não estar errado é a confiança em seus propósitos mais profundos. Quem tem certeza de não estar errado, é na verdade, comprometido com valores que não estão emaranhados ou misturados aos interesses e necessidades pessoais. A própria verdade está subordinada aos propósitos de sua busca. Não existe verdade absoluta senão em relação a algo. Por esta razão, pessoas comprometidas com diferentes conjuntos de intenções, não conseguem estabelecer relações , e não há diálogo;
- A verdade de cada um estabelece discórdias que não se dão em nome dos céus.
- Atitude muito comum entre os seres humanos: imaginamos que vamos conseguir provar ao nosso adversário que este está totalmente errado. Temos tanta certeza do que defendemos, que fantasiamos o momento em que os céus, as forças do próprio cosmos, irão se mobilizar em nosso auxílio.
- Lidar com a expectativa de que se faça justiça em um conflito é algo extremamente complexo. A justiça sim, se fará expressa, afirmam os sábios, mas no seu próprio tempo de interação e maturação.



EVITANDO CONFLITOS

SABENDO ENXERGAR

- Quando estamos irados, temos dificuldade de ver e respirar.
- No que diz respeito a si próprio, o sábio deve perceber que o ódio é um meio mais denso que a realidade – todo sentimento por ele passado será desvirtuado.
- Se estamos envolvidos em uma interação de briga, devemos sempre delimitar papéis de maneira a definir quem é o tinók she-nishbar – o menor. Se o adversário está mergulhado numa rixa, sem capacidade de “enxergar”, aquele que vê torna-se instantaneamente responsável pelo destino da controvérsia.
- Por isso, diz o ditado: “quando um não quer dois não brigam”, onde “não brigam” diz respeito à rixa. Quando um não quer, dois podem sim, “sair no tapa”. Mas, se um perceber como adulto que o outro é como um “bebê que engatinha”, não haverá rixa.
- Se no calor das desavenças conseguirmos estabelecer esta ponte com uma realidade menos superficial, definindo a capacidade de cada um de enxergar, não nos deixaremos arrastar pelas artimanhas da ira. É importante também lembrar que identificar-se com um adulto em relação a um menor não quer dizer assumir ares de superioridade. Afinal, ser adulto não encerra maior mérito que ser criança, mas a contingência de estado diferente. Poder verdadeiramente sentir isto representa “enxergar”.
- Quando um falsamente diz que não quer, dois brigam e muito!



PERIGOS DE SE ENXERGAR – Digressão sobre a Natureza Humana


- Saber enxergar é tarefa realmente para sábios. Não basta ver aquilo que o clarão das reações e posturas humanas revela; deve-se também prestar atenção aos fantasmas destas luminosidade. Certas imagens que permanecem junto à retina daquele que não fechou seus olhos diante de um clarão, percebendo assim intenções e motivações profundas, não são reais e devem ser apagadas do retrato da realidade gravado em nossa memória.
- Poder ler a mente e o coração de uma pessoa é algo muito sério, pois para tal, devemos também ser capazes de analisar corretamente os dados fornecidos por esta leitura. O perigo para o sábio está obviamente nas armadilhas que compõem a própria sapiência. O tolo é o aprendiz de sábio que legitima uma percepção como sábia antes que esta tenha chegado a sua completa maturação como tal. O tolo percorre um certo caminho sincero e sensível e afirma ter chegado à sapiência quando esta encontra-se ainda mais adiante, exigindo maior perseverança e caminhada.
- Uma criança, por mais angelical que seja seu semblante, esconde um ser que, se tivesse acesso ao poder, tornar-se ia o maior dos tiranos e déspotas. Sua capacidade de elaborar o outro é tão pequena que tornar-se ia implacável com quem não a satisfizesse e insaciável diante do desejo de satisfazer-se.



ABRINDO ESPAÇO – Farguinen, o Antônimo da Inveja

- A língua iídiche possui um verbo que é no mínimo raro, senão único: farguinen. Seu significado poderia ser traduzido como “abrir espaço”, “compartilhar prazer”, ou simplesmente como o oposto de invejar. Portanto, se invejar significa ter desgosto e pesar pela felicidade do outro, farguinen tem o sentido de compactuar com o prazer e alegria do outro. Representa o espaço que permitimos ao outro para que exteriorize sua alegria, sua sensação de sucesso ou felicidade.
- Nestas situações, nos é muito difícil esconder os olhares furtivos que escapam à interação com os olhos do outro para se refugiarem dentro, em pensamentos silenciosos que nos atormentam. É como se estivéssemos diante de uma cena de filme, onde podemos ouvir nosso ser exterior repetindo, em câmara lenta: “que coisa boa... que bom...”, enquanto que por dentro, ecoam perguntas do tipo: “por que logo com este camarada?... O que eu não faria com esta quantia?...” e coisas do gênero. Em geral, nestas situações, fica tão evidente nossa dificuldade de lidar com a alegria do outro que, quase sempre, este a percebe. Muitas amizades e confianças terminam nestes rápidos instantes.
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A CABALA DA COMIDA - Nilton Bonder

• Obesidade # magro / gordo
leve / pesado
• Dieta não é regime
• Relação de poder com o mundo / espaço emocional: sentir e lidar com as emoções
• Dieta = padrão
• Dieta baseada em conhecimentos holísticos "obeso é todo aquele que se encontra insatisfeito em sua relação com os alimentos, seja a nível da saúde do plano físico, da sociabilidade, das emoções ou do espírito
• Exercitar / aperfeiçoar
• Receber: trocar: vida / universo circundante, inclusão na corrente ecológica
• Problemas de recebimento
• A cultura, a tecnologia e as relações sociais são os produtos de uma civilização em termos de continuidade e troca com o mundo a partir da energia transformada em consciência
• Entender-se Ser: em alimentação, quer dizer seguir uma dieta que inclua bom senso e conhecimento sobre alguma ciência - tradição
• Desequilíbrio na alimentação: pode causar obesidades inclusive do tipo moral, emocional e espiritual
• Saúde: interação constante, integrada e responsável com o universo
• Vida: capacidade que nos é inerente de encontrar prazer e significado nesta saúde
• 2 carneiros (chifre): terrível: " a intenção não é comer da comida do outro, e sim a de que o outro não tenha o que ele tem"
• Adonai: o alimento representa uma forma de expressão concreta de nossas trocas e se presta como símbolo destas variadas dimensões ou mundos da existência
• Mau recebimento: prejudica e influi carmicamente
• Grande pesadelo dos seres humanos: não servirem à verdadeira causa da vida, transformando suas existências naquilo que por definição não o são, ou seja, antivida
• A idéia de diferentes mundos que se sobrepõem e se sobrepõem e se interferem mutuamente é essencial na cabala, nos mistérios do recebimento
• Os segredos que advém desta consciência maior desta realidade e de como ela se desdobra em diferentes dimensões ou mundos, acaba sendo a arte de enxergar além e, no nosso caso específico, de alimentar-se além do que física e esteticamente este ato representa
• Nosso mais importante exercício será o de descobrir vitalidade ou anomalia através de nossas trocas alimentares, reconhecendo a forma como estas se desdobram nos diferentes mundos:
Físico / corpo; funcional / mente; da formação / sentimentos; da criação / espírito; emanações / conexão
• Três atitudes para com a comida: a ascética, a puritana e a de aceitação com gratidão
• Na aceitação com gratidão, o apetite físico é uma dádiva de Deus que, apesar de não ser o mais venerável objetivo humano, está longe de ser uma vergonha. Através deste, pode-se encontrar caminhos que levam ao sagrado
• A partir da configuração material do alimento se pode chegar à fonte das emanações, de onde realmente se origina sua energia como alimento
• " Os pensamentos dos seres humanos, quando se alimentam, deveriam estar vinculados a Deus mais do que em qualquer outro momento" - " E viram a Deus enquanto comiam e bebiam..."
• Reb Shloma nos diz que " muitos têm endereços, mas poucos têm verdadeiros lares". Para a maioria de nós, nossos corpos são meros endereços e poucos nos sentimos em casa com eles
• Emagrecer ou abandonar um vício, pode ser muito perigoso se esta mudança não vier acompanhada de um esforço para deter ou modificar aquilo que só não aflora graças a este pequeno truque de decodificação que transforma "energias" negativas em celulite, obesidade ou simplesmente tecido adiposo
• Nosso corpo é produto cumulativo de nossa história emocional e espiritual, das opções de vida que tomamos em razão de nossas disponibilidades emocionais e espirituais
• Na concepção judáica, a codificação da energia alimentar passa por muitos estágios, numa complexidade que em muito transcende a sobrevivência meramente física
• O alimento representa uma forma de expressão concreta de nossas trocas e se presta como símbolo de nossas variadas dimensões ou mundos da existência ( mundo físico, funcional, da formação, da criação, das emanações )
• A idéia de diferentes mundos que se sobrepõem e se interferem mutuamente é essencial na Cabala, nos mistérios do recebimento. Os segredos que advém desta consciência maior desta realidade e de como ela se desdobra em diferentes dimensões ou mundos acabam sendo a arte de enxergar além do que física e esteticamente este ato representa
• A palavra "demônio" em hebraico (Satan) tem sua raiz no verbo "bloquear ou impedir"
• A noção de batalha entre o sagrado e o profano que se realiza no momento da refeição deve ser compreendida literalmente
• A possibilidade de tirar deste ato cotidiano saúde em todos os planos, não só no físico, é tão real quanto a possibilidade de absorver doenças e anomalias (também em todos os planos)
• Diante da comida estamos perante um " recebimento"
• Alimentação: representa ou um reforço ou a quebra de um padrão
• Fim do exílio: retorno à própria casa, ao próprio ser, à própria natureza
• O exilado compreende onde se encontra o seu "centro", sente-se deslocado e alimenta esperanças constantes de retorno
• "muitos têm endereços, mas poucos têm verdadeiros lares"
• Patinho feio: não ideal, mas exílio
• Alma, intelecto e corpo são instrumentos humanos de recebimento
• Qualquer ato físico, especialmente a alimentação, pode acabar sendo uma disfunção provocada por um mal recebimento de uma mensagem decodificada erroneamente desde nossa alma
• Estamos dizendo: prefiro ser gordo...
• Uma boa dieta quer dizer, em última análise, auto-conhecimento, que significa penetrar nosso intelecto e revelar a nós mesmos as disfunções em nossa decodificação
• Nosso corpo é produto cumulativo de nossa história emocional e espiritual, das opções de vida que tomamos em razão de nossas disponibilidades
• Mudar este produto também é algo que se dá cumulativamente, mudá-lo repentinamente é um convite ao desequilíbrio - uma negação desta historicidade que somos nós mesmos
• ... Queremos perder peso, mas não estamos interessado em abandonar o exílio. Sabemos o que está por trás da obesidade e a aceitamos internamente
• O acrobata
• O primeiro a se fazer, é reconhecer o mau impulso; não existe meio impulso
• Para o adulto não quer dizer que tudo tenha que vir sempre do mesmo canal; não como o bebê com problemas, que vai ao seio...
• Meu tecido adiposo em excesso: não me dirigi à fonte certa
• Desengajar-se do impulso:
1º - Cabala (receber) - permitir-se viver o caminhar rumo à geladeira; desde a esperança que é a sensação de abrir uma nova porta lacrada pela sucção das "geléias", "queijos", "tortas"...
• Mal de Adão: pensar no futuro; não se preocupou com sua responsabilidade no momento
• Um regime se expressa em semanas, uma dieta se expressa no instante
• Vozes internas - colcha de retalhos; viver as experiências
• "ouça com todo o seu coração e não com a metade dele"
• controlar impulsos é como cair do cavalo
• qual é a pior coisa que uma inclinação negativa pode fazer? Fazer-nos esquecer de nossa grandeza, de que somos imagem e semelhança do criador
• perdemos a noção do ser que somos potencialmente e nos aceitamos menos do que na realidade somos
• uma das percepções mais difíceis em alimentação diz respeito ao fato de que os alimentos passarão a ser parte daqueles que os ingerem - "somos o que ingerimos"
• a consciência na ingestão deve existir tanto a nível teórico, que é aquele no qual entendemos e discernimos o universo da alimentação a partir de conhecimentos culturais e científicos, quanto no prático ou dia à dia, em que nos comprotemos com uma percepção existencial do nosso próprio corpo
• estas duas formas de consciência da relação entre alimentação e nosso corpo só são possíveis por meio de disciplina e treinamento
• brachá (benção)
• o dono do bar
• a kasrut (consciência da essência energética dos alimentos)
• a kasrut redefine obesidade e anomalia como qualquer situação em que não estejamos atentos ao grande fluxo da vida. Qualquer dieta que vise reordenar apenas um segmento do ciclo de recebimento, não só resulta ineficiente, como provavelmente complica mais ainda os problemas que nos fazem recorrer a ela e deixa de ser dieta
• a kasrut nos sugere o exame de todos os produtos alimentícios buscando determinar se evocam, tonificam ou fortificam o processo da vida
• "Le Chaim": Que seja para a vida!
• Kasher: adequado
• Aos que vivem preceitos alimentares certos alimentos passam a não representar uma possibilidade de serem transformados em "eu"
• Os rabinos alertam para toda e qualquer forma de desperdício como sendo oposta à idéia de pró-vida (kasher) - a saúde e a preservação estão diretamente ligadas à economia e administração da energia construtiva
• O cuidado com o corpo
• Eu/animal
• Saber valorizar estas trocas com a realidade, saber compreender prioridades e custos de cada uma destas transações, é o que nos localiza no tempo (nossa vida) e também no espaço (nosso corpo)
• "Se você se sente faminto ou sedento, espere um pouco - a possibilidade de dar-nos sempre uma Segunda chance de constatar se nosso corpo repete seu pedido acaba por revelar-se um eficaz e sincero diálogo com as necessidades do nosso corpo
• não coma depressa. Ao sentir fome, estabeleça um ritual de sentar e se possível, meditar sobre sua comida (os rabinos chamam isso de abençoá-la)
"Não considere o tempo que você gasta comendo ou dormindo como perdidos. A alma dentro de você descansa durante estes intervalos e eles lhe permitem renovar seu serviço sagrado com um novo entusiasmo"
• É apenas através do crescimento interno que aprendemos a moderar e equilibrar nosso interesse de comer muito e seus efeitos
• Shulchan Sruch: código de leis judáicas abordando todos os assuntos que dizem respeito ao cotidiano, para o indivíduo comum, não especialmente educado
• A "mesa posta" é a realidade em sua forma mais cruel, mais concreta
• Saber se portar ante ela
• O banquete é nosso! A atitude é que é errada - Le Chaim
• Provérbios, 21:23
• Através de nós o universo passa a ter de si mesmo
• Deuteronômio 11:13-17

A Cabala do Dinheiro - Nilton Bonder

" De três maneiras é um homem conhecido:
por seu copo, por seu bolso e por sua ira "
Provérbio ídiche

• “Nossa relação com o bolso é reveladora de quem somos e onde estamos neste imenso mercado de valores que é a realidade;
• muito além das classificações de bem ou mal, a experiência humana é marcada pela constante correção de nossas intenções na medida em que estas se concretizam em contato com a realidade. Nossa capacidade de transformar esta experiência em cultura e tradição e expô-la de tal forma a permitir uma crítica inter gerações, formadora que é da moral e da ética, possibilita aos seres humanos o auto conhecimento de sua humanidade;
• pelo dinheiro se estabelecem situações cotidianas que desmascaram ideologias e ilusões;
• somos o que reagimos, somos o que acreditamos e nosso dinheiro é uma extensão de nossas reações, de nossas crenças. Seja pelo dinheiro que entra ou pelo dinheiro que sai, nossa compreensão do mundo se dá; e ele é um dos grandes determinadores do que há do lado de fora, do valor que as coisas e as pessoas têm para nós, do valor que temos com relação a coisas e pessoas;
• o dinheiro em si é uma idolatria, não só quando amado, mas quando desprezado;
• como lidar com um mercado da existência, que desvaloriza o sentido, que deflaciona nosso tempo e valores, que inflaciona a insatisfação e torna recessivo o nosso potencial?;
• " Aquele que queira viver em santidade, que viva de acordo com as verdadeiras leis do comércio e das finanças." ( Talmud Bauli, B.K.30a.);
• sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimiza o ganho para os dois;
• fazer negócio, coloca á prova, todo esforço da cultura, da espiritualidade e do senso de a responsabilidade do indivíduo vai muito além do indivíduo;
• só dois santos podem entrar em gueshelft, não evitar gueshelft por covardia e sair do gueshelft com o máximo ganho relativizado pelo máximo ganho do outro e o mínimo transtorno ou consumo para o universo;
• " À um rabino muito justo foi permitido visitar o paraíso..."
• no paraíso há, além do prazer das iguarias trazidas à boca, a eliminação da angústia cada vez que levamos a comida à boca do outro;
• alimentar o outro e não perceber...;
• " Onde não há farinha, não há torá, e onde não há torá, não há farinha";
• se transformarmos algo em abundância que gera escassez, estamos criando para nós um duplo trabalho - fazer abundância e ter que repor;
• MAS É SUA OBRIGAÇÃO CRIAR O MÁXIMO DE ABUNDÂNCIA QUE GERA ESCASSEZ.- UM NÃO PERDE NADA E O OUTRO SE BENEFICIA;
• O justo é responsável para que isto aconteça;
• Fazer favores é uma obrigação cujas implicações são parecidas ao roubo. Se você impede alguém de ganhar algo, mesmo que não obtenha benefício deste algo, incorre num roubo do patrimônio potencial da humanidade e dos seres vivos. O fato de você impedir que alguém obtenha benefício deste algo, compara-se a você retirar alguma coisa de alguém... impede o aumento do nível de vida;
• Enriquecer é preciso;

• " A alma não precisa de elevação espiritual uma vez que é pura.. È o corpo que necessita ser purificado pelo ser humano, uma vez que foi esta a intenção do Criador ao criá-lo". Reb Shmel de Sochochov. - " Nós não temos uma alma - somos uma alma. Temos sim é um corpo";

• Satisfazer um corpo pode ser realizado com a mesma rapidez que fazê-lo sofrer;

• Existir: arcar com uma responsabilidade, desempenhá-la;

• Limites da riqueza humana: * Tempo
* Questões ecológicas
* Questões Morais

• Formiga: símbolo do trabalho desperdiçado; muita da riqueza acumulada é falta de saber o que fazer;
• O que fazer? Estudar
• O que se entende por estudo é literalmente a dedicação ao estudo da Torá, dos valores que permitem a um ser humano ser mais humano em sua condição de percepção ( "insigth" ) e de compaixão ( entendendo através de sua natureza, o outro ). Estudo que permite a criação do paraíso e que deve ser imposto culturalmente;
• TEMPO: * estudo
* trabalho
* necessidades fisiológicas ( comer, dormir, ir ao banheiro e lazer);
• História do indigente - " Guimpel, o Nada";
• Diferença entre simples e simplório - de nós é exigido o máximo
• " O que é realmente teu, ninguém pode levar... se é PARNUSSE, é claro "
• segula ( tesouro) é uma força interior implantada na natureza da alma que, tal qual a natureza de tudo que existe, não pode ser mudada." ( Rav Kook, 66)
• livre-arbítrio: esforço realizado conscientemente para obter ou conseguir algo
• interação entre duas forças: sustento
• limite do que somos e do que nos é feito
• a segula de um indivíduo não pode ser bloqueada ou prejudicada pelo "outro lado", enquanto o livre-arbítrio pode;
• pode-se tomar algo de algum indivíduo, mas o sustento é algo que já leva em conta as possíveis perdas ou sombras que acompanham uma pessoa;
• história do homem que ganhava a vida cavando barro, que vendia; achou uma pedra preciosa e foi para o porto, para a Inglaterra;
• o insucesso é uma expressão momentânea de uma PARNUSSE, no entanto, seu ciclo maior permanece inalterado;
• segula não é sorte, é a integração profunda de quem somos e nossa importância e intensidade com o meio que nos cerca;
• ... conhecer a arte de interagir com o Mercado e transformar segula em riqueza;
• " justo com uma vida ruim, perverso com uma vida boa";
• carma: raios de retorno e de revisitações a situações e condições
• quando agimos em desconhecimento não pagamos pela "lei do retorno", mas o próprio desconhecimento é em sí, preço, custo e sombra;
• raios de retorno: maior ou menor;
• Rabi Akiva viajava com um jumento(leão), um galo(pantera) e um lampião...
• Vizinho acordou com a picada do mosquito e viu que caiu brasa da lareira, no chão;
• Não poder e não querer(história do camponês com a carroça)
• Quem batalha por seu sustento sabe - há nele algo de estranho e milagroso;
• Realidades desastrosas momentâneas podem muito bem representar etapas de um processo maior de ordenação;
• Nunca permitir valer-se apenas de um retrato, um instantâneo da realidade;
• Fé e compreensão dos ciclos de raio mais extensos;
• Autoglorificação: não se pode pensar que Deus olhou por uns e não olhou para outros;
• "sorte é quando a flecha atinge o outro";
• fé que busca na experiência profunda entender para que serve o justo e o injusto das situações que vivenciamos;
• "temos que ser capazes de visualizar o sutil, de ver os anjos..." midrash ( Gênesis, Raba X);
• ter ou não ter respostas na distribuição de nossos potenciais pelos diversos mundos de sustento ;
• a riqueza neste mundo - saque - mundos vindouros;
• ossek (opressão) - não devolver, reter algo;
• guezel (saque) - apropriação forçosa;
• roubo de tempo { adiar resoluções, encaminhar outros ao nada, "enrolar" o semelhante;
• roubo de expectativa: pagar o salário, interesse irreal;
• só há opressão em situação de interação e transação. No momento em que ingressamos no território das transações já não somos totalmente independentes e livres nas atitudes - temos que levar em conta nosso parceiro e sua realidade;
• jogo é roubo;
• roubo de informação: " se alguém te consultar, não aconselhes incorretamente" " um não perde nada e outro se beneficia";
• roubo por indução: "diante de um cego, não colocarás um obstáculo" Deuteronômio 19:14;
• Moed Katan: " isto se refere a um pai que agride fisicamente o filho que já esteja crescido. Pois já que é crescido e forte, o filho ressentido (o cego ) pode revidar e incorrer num ato condenável";
• O escriturário que permite um negócio ilegal;
• aquele que tem dinheiro e o empresta sem testemunhas ou contrato viola a lei;
• fazer contratos com muito cuidado e observando todos os detalhes. Não por desconfiança ou avareza, mas para que sejam tolhidos os maus impulsos que estão presentes em todos os seres humanos;
• " Quem não pensa em lei, acaba em lei";
• cada contrato malfeito na vida reverte em desastrosos custos de anti-riquezas, roubos, perdas de tempo e conflito;
• Roubo de Prestígio Deut. 19:16 - "Não sairás por aí contando às pessoas" nada...;
• " As más línguas matam três pessoas: quem fala, quem ouve e de quem se fala; quem ouve mais do que quem fala" iguala-se a negar a Deus;
• Tsedaká - "caridade" - "Justiça" (acertos justos)
• Todas as interações são taxadas pela interdependência de tudo a tudo, ou de todos a todos
• Carga do camelo: um pouco hoje pode realizar o que muito amanhã talvez não consiga Deuteronômio (15:11)
• Mezibotser: "O justo comerá até satisfazer seu desejo, mas o estômago do perverso continuará querendo";
• Tsedaká: enriquecimento ao se ter menos;
• Técnica da gratidão: 1º perceber os níveis profundos de felicidade decorrentes da saúde, das oportunidades e das trocas;
• Ausência de tsedaká: diminui suas resistências à perda, corrói os canais de comunicação do mesmo com o mundo e causa a pior das moléstias - o pouco conhecimento de sí mesmo;
• Grande dádiva ou ganho: podermos ter a chance de realizar tsedaká
• Quanto mais nos conhecemos, mais nos entendemos, mais fácil é de encontrarmos nossos verdadeiros caminhos;
• Assim como aquele que tem suas dívidas sob controle e conhece seus compromissos financeiros no futuro próximo, dorme com facilidade, também aquele que se conhece relativamente bem acorda com facilidade
• Tsedaká: produz sentido e desapego em nossas vidas. Ninguém tem dúvida de que o apego ou a vida vivida como um jogo de pôquer, em que não nos compartilhamos nossos parceiros de jogo, é fonte imensa de tensão e angústia;
• Tsedaká: -desvela tendências, sintomas e desvios
-indicativo ou medida que dispomos para nos conhecermos
• Aquele que começa a entender o sentido de tsedaká percebe e honra seus limites. Honrá-los é o que popularmente chamamos de felicidade;
• Como é difícil dar;
• "tsedaká redime da morte";
• é na dificuldade de suportar a vida, não apenas no momento, mas em suas questões profundas de angústia e sentido, que reside a importância, o poder maior para os humanos;
• o anel da esposa do rabino: + 50 talentos;
• o vestido de noiva e o zuz de trigo: Reb Eleazer percebeu que comprar um vestido para sua filha quando outros não tinham esta possibilidade o envolvia de alguma maneira. Não um tolo; ficou com o dinheiro taxado de responsabilidade;
• muito mais incrível e milagrosa é a atitude de Reb Eleazar com ser humano do que a multiplicação do trigo;
• atitudes: - o que é meu é meu e o que é teu é teu ( Sodoma e Gomorra)
- o que é teu é meu e o que é meu é teu ( ignorante )
- o que é meu é teu e o que é teu é teu ( justo )
- o que é meu é meu e o que é teu é meu ( perverso )
meu não é meu e teu é teu
• somos hóspedes de Deus;
• quanto mais o hóspede respeita o espaço que o recebe, maior o prazer com que tudo lhe é ofertado;
• o consumismo é a fonte maior dos problemas ecológicos;
• presentes e gorgetas;
• em relação às doações: 1. Aquele que deseja contribuir, mas não quer que outros o façam
2. Aquele que espera que outros contribuam mas não ele próprio
3. Aquele que doa e espera que outros também o façam
• dois maus impulsos: busca de justificativas (tolos) - caminho ilusório e fuga (nada) - ou desistência;
• como ensinou o ladrão: não desiste, é camarada, arrisca a vida, vende por pouco, é paciente e ama a sua tarefa;
• perseverança, fraternidade, coragem, desprendimento, tolerância a frustrações e dedicação;
• momento da interação: não é apenas uma situação entre dois - rabino, o cocheiro e os sacos de lixo
• saiba: 1. De onde você vem
2. Para onde você vai
3. A quem vai prestar contas
• Aquele que preserva a rotatividade da propriedade e não represa fluxos de sustento, encontra rapidamente a possibilidade de renovar suas riquezas. Neste sentido, saber quando abrir a mão e dar de presente se torna elemento de grande importância;
• O manto, o blusão e o roubo ( presentes );
• O próprio corpo do qual temos posse se inclui nesta questão. Sabê-lo entregar na hora certa, nem um instante antes, nem um instante depois, é arte sagrada;

" Na porta do sucesso está escrito entrada e saída" (ditado ídiche);
• Mundo do sustento: constante oscilar;
• O homem rico, sua família e a viagem. Até a casa de banhos e nú, do fundo para ascensão { roda do destino
• Para pedir:
- o que queremos e para quê
- saber o que quer{o rei e seus cortesãos: honras, poderes, fortuna - conversar
- pedir o que deve pedir
Aquele que sabe o que quer, este se sustenta com muita facilidade;
• Esteja harmonizado (santificado) e tudo começará a cair em seu lugar; haverá ordens até que se faça outra harmonia;
• As suas imperfeições que causam ao seu sustento que seja retido - o Bhest e o esforço;
Ieridá tsorech aliá li!
• O homem que perdeu a mulher no parto do filho e a alteração da criação;
• " Salvação e sustento são análogos... o sustento é mais do que salvação! Pois sobre a salvação está escrito: " o anjo te salvará de todo mal ( Gen. 48:16 ) e sobre o sustento: ! "Tu ( Deus ) abres Tua mão e satisfazes a toda criatura viva " ( Salmo 145:16 );
• Sócios: expectativas próximas
• A arte de fazer contratos: o rabino e o dono da pensão ( floresta )
• Ah... se este universo não está em conformidade com um grande e maravilhoso contrato! Nós o chamamos de Torá
• O maior inimigo dos contratos é nossa falsa "moralidade" em relação à nossa confiança e solidariedade que se espera que tenhamos um pelo outro;
• O justo conhece seus limites de solidariedade e pode elaborar contratos;
• O Berdichever e o açougueiro: respeito a ambos os lados da parceria;
• Envolvimento: regra de vida. Viver é estar em situações de vida;
• Dívidas: - querer pagar
- ajudar não emprestando
Quem pede e quem empresta: dificuldades de outra ordem que não só a material
• Empréstimos: como tsedaká, possibilita sem a presença da vergonha e da humilhação;
• Empréstimo: diferente de presente;
• Justiça e compaixão trabalham sempre juntas, mas são e devem ser autônomas;
• Juros:não;
• Conhecer os preços - Rabí e o jumento;
• Competição: limites;
• Sorte: evocá-la, desde que se tenha posse de algum conhecimento - o rabino e o tesouro;
• Anjos: são elementos conectores entre a realidade pequena e a Realidade. Não são seres, mas "motivações" dos outros mundos que se incorporam em pessoas, situações ou oportunidades;
• O outro lado: quanto mais intensa a vida, quanto mais complexa, quanto mais a perder, mais intenso é o outro lado;
• Tudo que é do espírito está insento do Outro lado;
• A prosperidade é difícil. Ela nos joga na cara todo instante. O efêmero da vida;
• A prosperidade do mundo é mandamento;
• Qualquer momento de prosperidade deve ser tratado com muito cuidado;
• Abençoe e guarde;
• O sagrado;
• Temos que aprender, a investir e a economizar em todas as dimensões;
• Como na água a face responde à face, também o coração do homem responde ao coração do homem;
• Três processos a ser seguidos: o estudo, a oração e as boas atitudes;
" Kedoshim tihiú ki kadosh ani IAH " ( Lev. 19 )