sábado, 10 de maio de 2008

SONHAR, ACREDITAR, ALIAR E CONSTRUIR

* Publicado no Jornal Diário da Manhã em 09.05.08

Recebi convite para palestra de Duda Mendonça em Goiânia, mas sinceramente não aprecio o marketing em política. Admiram-me as teorias, as missões, os projetos, os princípios, as obras, enquanto estratégias.

O trabalho político deve estar voltado para a construção da sociedade, de padrões de civilidade. Publicizar é fundamental pela transparência, não pelo inculcamento ou persuasão.

Amo a política, o parlamento. Freqüentei as sessões da Câmara de Vereadores desde muito cedo, lá no Pathernon Center. Depois, descobri a Assembléia Legislativa. Acredito na política como instrumento de mudança do estado de exploração e dilapidação da natureza e do homem pelo homem, pois sou democrata e não tenho pressa, acho-a bacana como as construções de tijolos.

Acredito que da aliança PMDB/PT em Goiânia, nos próximos anos, eclodirão as “mudanças que mudarão os tempos atuais” e que trarão a “recompensa por tantos esforços” em nome de compromissos assumidos com o progresso da humanidade. Íris Rezende estará à frente. Não por ser perfeito ou o salvador, mas por ser bom demais da conta. E não por marketing, a experiência de Íris Rezende é que o fez ficar melhor. Depurou, encorpou suas virtudes, vivificou seu espírito de construtor, de idealista a serviço do povo, a quem sempre tributa sua luta, suas conquistas.

Ouvi falar de Íris Rezende bem pequena, como sendo um revolucionário, que pegava na massa e nos tijolos, para fazer casas populares, que pregava que a união faz a força, e mais tarde, na Praça Cívica, ouvi o seu discurso pelas Eleições Diretas no Brasil. Em época de dois partidos apenas, ouvia que o PMDB era o partido “do bem”. Mas a influência de um professor, no colegial, me levou à filiação no PT, no fim dos anos 80, pela proposta de transformação social democrática que pregava, depois de ter estado no PCdoB. Mais tarde, em um momento de conflito existencial no PT, aconselhada pelo mestre Athos Magno, em uma sala da universidade, abandonei a campanha vitoriosa do Darci e me juntei ao PMDB, que estava no pátio, pois era estudante e achava que tinha que conhecer outras plagas, era empirista (ver, experimentar e sentir), e estava insatisfeita com o curso da história.

Tive a grata satisfação de perceber que não mudei meus ideais ali, tampouco encontrei pessoas tão danosas, ao contrário; justificava minha atitude diante da campanha midiática que se apoderava do PT, em detrimento do fortalecimento dos movimentos sociais, da politização do povo e do trabalho “de formiguinha”, que perdia forças no cenário que exigia “primeiro tomar o poder para depois fazer diferente”. Subi, naquela campanha, a Av. Goiás, de mãos dadas ao Íris, e a euforia das pessoas nas janelas dos prédios e ao nosso lado, me fez sentir algo grandioso, por estar ao lado de alguém muito, muito querido. Depois, voltei ao PT, paraíso das discussões que me encantavam, que conduziam minha existência revolucionária e pacífica, pois não me desfiliara, naquela época.

Desfiliei-me do PT há pouco tempo, depois de mais de dezoito anos de militância, não por me decepcionar. Não. Estou no PMDB por não querer viver sem filiação partidária, embora eu não seja candidata a nada. Sempre precisei de um grupo, embora ande sempre sozinha. Já previa esta aliança, mas fui ficando cada dia mais boquiaberta por vê-la acontecendo e torço para que Luis César Bueno seja o Vice de Íris. Luis César articula, é incansável, companheiro. Construiu seu espaço no PT, sem escoras, fundamentado em um discurso teórico de esquerda, é capaz de encantar a militância petista com uma proposta de aliança programática, é estudioso das políticas e das finanças públicas, além de ser historiador, professor. Tem sensibilidade, fez parte da criação do PT, e sua luta se confunde com a luta dos movimentos sociais. Teve dois mandatos como vereador e está no segundo como deputado, sempre nas bases, atuante, expressivo, ousado, embora cauteloso.

O entendimento da aliança PMDB/PT, tomara ultrapasse as porteiras da estratégia. Esta lição histórica de negação da negação já nos tem revelado rusgas, desafetos, vaidades e inverdades que vão aparecendo no cordel das ponderações expressadas, sobre interesses e possibilidades que alimentam a expectativa desta união, mas sem dúvida ela desencadeará novos rumos à política e à sociedade em nossa cidade e em nosso Estado.

A História goiana possui figuras interessantíssimas do ponto de vista da inteligência, da resistência, do idealismo, do compromisso coletivo.

Tenho pensado Batista Custódio, por exemplo, por que Batista ensina. Fala de ciclos de mudanças históricas. Relembra a juventude rebelde e contestadora, visionária, idealista. Teve a sua povoada por figuras como Alfredo Nasser, Pedro Ludovico, JK.

Batista Custódio revela em seus artigos, verdades íntimas que refletem a nobreza do caráter idealista que permeia sua trajetória no campo social e sua natureza essencialmente individual, intimista, solitária, embora solidária, coletiva, altruísta, no campo pessoal. E não é confuso, nem confunde. Não utiliza de marketing. Batista Custódio medita. Conhece o silêncio das madrugadas e o barulho das mudanças, das apreensões, dos desafios, dos acintes aéticos, das corrupções. Escuta as vozes do universo e se ocupa delas e se ocupa de si. Daí suas solidões alegres. Certamente é boa companhia, inclusive a si próprio.

Os políticos como Batista Custódio têm o privilégio da visão ampla, sem paixões ou apegos. Batista Custódio pensa a política na acepção da palavra, com o intuito do bem comum, no estudo dos fatos, das escritas, entre as suas verdades e as do mundo, num constante ir e vir entre estes extremos, sem o pragmatismo dos interesses eleitoreiros.

Fico pensando nas pressões pelas quais passam líderes, mártires, pessoas públicas ou não, que se orientam por princípios éticos e cristãos. Sobre o que faz a honradez, sobre o que leva ao entusiasmo. Sobre os erros que cometidos, admitidos e superados, fazem o Ser melhor e mais tranqüilo.

Quando Batista Custódio se revela, uma jovialidade e um humor despretensioso, incrustados na carcaça produzida pelo calor das traições, das angústias e das adversidades denotam a fé que tem na vida, nos seus sonhos, em sua força. Batista pensa um Estado mais justo, com uma sociedade mais feliz, a partir de um governo e um povo que revejam seus costumes, seus meios, suas motivações.

Políticos como Batista Custódio e Íris Rezende, andam próximos, devido ao conteúdo, embora no formato se diferenciem. Fazem o que vieram fazer, com seus princípios, são autênticos. São coerentes na práxis, não se travestem para conquistar espaço de poder, pelo poder em si. Possibilitam alianças.

Sei que gente como Marina Santana e Pedro Wilson Guimarães estarão ao lado da voz da militância petista que indicou a aliança PT/PMDB para a sucessão municipal, pois não fogem da luta, não chegaram ao Partido por conveniência, o construíram pautados em princípios democráticos e fazem parte do carisma que articula e que empreende ações concretas honradas pelos sonhos dos que têm nos ideais revolucionários a força motriz realizadora e não nos próprios interesses e nos conselhos de oportunistas enganadores, que se alimentam das putrefações alheias, “dizem o que se quer escutar”, que são cegos nas intransigências, que bradam sem sequer fazerem auto crítica e se colocam acima do bem e do mal.

Ler Batista Custódio faz refletir e refletir-me. Viajar, planar, retornar com menos ânsia. Impossível não me identificar, não rir, não lacrimejar, não murmurar algo, não sonhar, não querer interagir. Batista vê o mundo a partir de si. Reconhece limites por isto. Em si e no mundo. Acredita nas pessoas e sabe das mazelas humanas. Por isto oferece em suas letras banquetes filosóficos de uma humanidade instigante, que revela esperanças, buscas, realizações, entre dores, necessidades, alegrias. Deixou de ser adolescente, mas não um visionário. É o político, o filósofo, o executivo que deseja um mundo novo, melhor. Que corre atrás disto. Que fala nisto, pois sabe que não vai conseguir isto a força, sozinho, rapidamente, com fórmulas mágicas. Precisa inspirar, aliar semelhantes na luta piedosa, poética e persistente, que agrega e que congrega, no bom combate, na fuga do “pensamento mórbido” e das intolerâncias medíocres que não alteram o curso da história com vistas a uma vida plena e sustentável, de verdade.

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