sábado, 16 de maio de 2009

O amianto, a comunicação e o parlamento

* Publicado no jornal "Diário da Manhã" em 26.04.09

Há pouco menos de 15 anos, quando ouvia o Horário do Brasil, no rádio, ouvi pela primeira vez a voz e a fala, muito bem construída, de Fernanda Giannasi. Ela sempre tem espaço lá.
Já tinha ouvido alguma coisa sobre o amianto e naquele momento aderi ao processo da dúvida, na análise, e ao princípio da exclusão, na síntese, ao pensar este tema.
Têm sido veiculados neste jornal muitos artigos e matérias sobre a atual realidade das lutas em torno do amianto de Minaçu. Até provocamos matéria em outro grande jornal do Estado e também comentários em sites internacionalmente lidos e respeitados.
Esporadicamente, este tema era tratado em artigos nas páginas do DM, de modo a indicar a exploração do amianto como sendo uma atividade positiva para a economia do Estado de Goiás e, principalmente, do município de Minaçu.
Eu, sempre meio que indignada pela unilateralidade do trato do tema, não pude deixar de expressar aqui minha opção pela defesa da luta pelo banimento da exploração do amianto.
Sempre procurei notícias sobre o tema e jamais algum pool me financiou ou exerceu qualquer tipo de pressão sob meus pensamentos e atos (só meus pais) e nunca me admiti ser ideológica.
Por isto respeito o senador Marconi Perillo neste momento de discussão e de definição do rumo desta luta. Seu discurso é digno, eloquente e não desmerece seus opositores. Sempre ousado e atuante, Marconi Perillo propicia ao seu povo goiano a socialização desta luta, quer seja na defesa do banimento do amianto ou em sua condenação definitiva, pois Goiás se evidencia na produção brasileira de exploração, industrialização e comércio de amianto.
Não como respeito e admiro o DM, pelo que significa em termos de socialização de informações e conhecimentos. Nem como respeito e admiro Batista Custódio em sua grandeza/beleza intelectual, espiritual e concreta. E lhe digo que concordo com sua opinião sobre a importância e o retorno de José Dirceu no cenário político e que fui uma das primeiras a manifestar apoio ao Delúbio, contra a hipocrisia e a covardia no meio político.
Por falar nisto, li que o imperador Moulay Ismail, do Marrocos, possuiu 525 filhos e 342 filhas, em 1703. Imagina se todos tivessem direito a passagens aéreas?
Como Batista Custódio é visionário, eu sou, e imagino-o senador por Goiás, como o foi Alfredo Nasser.
O parlamento é pra “parlar” mesmo, e Batista Custódio lá faria isto muito bem, por Goiás! Amo o parlamento, pois ele é arma na luta pela transformação social transparente e democrática.
Sei que Fernanda nunca foi financiada por qualquer grupo econômico. Não está sendo julgada por crimes eleitorais, suas finanças estão declaradas e aprovadas. Sequer se lançou candidata a cargo político. Possui uma vida sem regalos.
Mas Fernanda Giannasi já foi candidata ao Prêmio Nobel da Paz, indicada pelo Greenpace Brasil, como representante “de dignidade, firmeza, compromisso e resistência ativa”. Recebeu, em 2001, junto com o Globo Ecologia e a Brasil Telecom, o Prêmio Pensamento Nacional das Bases Empresariais. Em 2004, Fernanda Giannasi foi homenageada no Japão. Em 2007, a economista brasileiro-palestina Amyra El Khalili, do Movimento de Mulheres pela P@Z! a indicou para o Prêmio Bertha Lutz, em um grito para que Fernanda “trabalhe sem pressões, intimidações, ameaças e acusações infundadas”.
Fernanda é engenheira e auditora-fiscal do Ministério do Trabalho em São Paulo há 21 anos e fundou, legitimamente, a Rede Virtual-Cidadã pelo Banimento do Amianto na América Latina e a Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (Abrea).
Fernanda Giannasi recebeu homenagens como o Prêmio Cláudia, pelo “reconhecimento de seus relevantes serviços dedicados à preservação da vida”, o Prêmio Cidadã de Destaque do PNBE, Animaseg, Revista Cipa, o prêmio da Associação Americana de Saúde Pública, Ray Sentes no Canadá, além de ter sido eleita como membro vitalício do Collegium Ramazzini na Itália, e das homenagens da Câmara Municipal de Osasco.
Defendo a transparência na política brasileira, a liberdade, a equidade e a fraternidade. Pretendo uma reforma política que inclusive, determine o financiamento público dos partidos e campanhas eleitorais, o que tornaria nossa política menos tendenciosa.
Por isto, ao longo dos últimos anos, observei Fernanda Giannasi e sua luta contra o amianto e aderi a este lado, mas sempre indicando a necessidade da discussão, da pesquisa, da divulgação desta temática.
Sucesso às pesquisas e à audiência pública do amianto. O DM é imenso, mas precisamos sair do papel pra discutir o amianto, as alternativas econômicas sustentáveis para Minaçu, o grupo Saint- Gobain, blogs como o viomundo, ossemmidia, imprensalivre, mercadoetico, chapabranca, as histórias de Fernanda, de Luiz Salvador, de Minc, de Rocha Matos, dos Pinheiro Neto, de David Bernstein, Mário Terra Filho, Ericson Bagatin e Luiz Eduardo Nery, por exemplo, na questão do amianto.
Goiás merece e o mundo agradece.

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