quinta-feira, 4 de março de 2010

A Cabala do Dinheiro - Nilton Bonder

" De três maneiras é um homem conhecido:
por seu copo, por seu bolso e por sua ira "
Provérbio ídiche

• “Nossa relação com o bolso é reveladora de quem somos e onde estamos neste imenso mercado de valores que é a realidade;
• muito além das classificações de bem ou mal, a experiência humana é marcada pela constante correção de nossas intenções na medida em que estas se concretizam em contato com a realidade. Nossa capacidade de transformar esta experiência em cultura e tradição e expô-la de tal forma a permitir uma crítica inter gerações, formadora que é da moral e da ética, possibilita aos seres humanos o auto conhecimento de sua humanidade;
• pelo dinheiro se estabelecem situações cotidianas que desmascaram ideologias e ilusões;
• somos o que reagimos, somos o que acreditamos e nosso dinheiro é uma extensão de nossas reações, de nossas crenças. Seja pelo dinheiro que entra ou pelo dinheiro que sai, nossa compreensão do mundo se dá; e ele é um dos grandes determinadores do que há do lado de fora, do valor que as coisas e as pessoas têm para nós, do valor que temos com relação a coisas e pessoas;
• o dinheiro em si é uma idolatria, não só quando amado, mas quando desprezado;
• como lidar com um mercado da existência, que desvaloriza o sentido, que deflaciona nosso tempo e valores, que inflaciona a insatisfação e torna recessivo o nosso potencial?;
• " Aquele que queira viver em santidade, que viva de acordo com as verdadeiras leis do comércio e das finanças." ( Talmud Bauli, B.K.30a.);
• sagrado é o instante em que dois indivíduos fazem uso de sua consciência na tentativa de estabelecer uma troca que otimiza o ganho para os dois;
• fazer negócio, coloca á prova, todo esforço da cultura, da espiritualidade e do senso de a responsabilidade do indivíduo vai muito além do indivíduo;
• só dois santos podem entrar em gueshelft, não evitar gueshelft por covardia e sair do gueshelft com o máximo ganho relativizado pelo máximo ganho do outro e o mínimo transtorno ou consumo para o universo;
• " À um rabino muito justo foi permitido visitar o paraíso..."
• no paraíso há, além do prazer das iguarias trazidas à boca, a eliminação da angústia cada vez que levamos a comida à boca do outro;
• alimentar o outro e não perceber...;
• " Onde não há farinha, não há torá, e onde não há torá, não há farinha";
• se transformarmos algo em abundância que gera escassez, estamos criando para nós um duplo trabalho - fazer abundância e ter que repor;
• MAS É SUA OBRIGAÇÃO CRIAR O MÁXIMO DE ABUNDÂNCIA QUE GERA ESCASSEZ.- UM NÃO PERDE NADA E O OUTRO SE BENEFICIA;
• O justo é responsável para que isto aconteça;
• Fazer favores é uma obrigação cujas implicações são parecidas ao roubo. Se você impede alguém de ganhar algo, mesmo que não obtenha benefício deste algo, incorre num roubo do patrimônio potencial da humanidade e dos seres vivos. O fato de você impedir que alguém obtenha benefício deste algo, compara-se a você retirar alguma coisa de alguém... impede o aumento do nível de vida;
• Enriquecer é preciso;

• " A alma não precisa de elevação espiritual uma vez que é pura.. È o corpo que necessita ser purificado pelo ser humano, uma vez que foi esta a intenção do Criador ao criá-lo". Reb Shmel de Sochochov. - " Nós não temos uma alma - somos uma alma. Temos sim é um corpo";

• Satisfazer um corpo pode ser realizado com a mesma rapidez que fazê-lo sofrer;

• Existir: arcar com uma responsabilidade, desempenhá-la;

• Limites da riqueza humana: * Tempo
* Questões ecológicas
* Questões Morais

• Formiga: símbolo do trabalho desperdiçado; muita da riqueza acumulada é falta de saber o que fazer;
• O que fazer? Estudar
• O que se entende por estudo é literalmente a dedicação ao estudo da Torá, dos valores que permitem a um ser humano ser mais humano em sua condição de percepção ( "insigth" ) e de compaixão ( entendendo através de sua natureza, o outro ). Estudo que permite a criação do paraíso e que deve ser imposto culturalmente;
• TEMPO: * estudo
* trabalho
* necessidades fisiológicas ( comer, dormir, ir ao banheiro e lazer);
• História do indigente - " Guimpel, o Nada";
• Diferença entre simples e simplório - de nós é exigido o máximo
• " O que é realmente teu, ninguém pode levar... se é PARNUSSE, é claro "
• segula ( tesouro) é uma força interior implantada na natureza da alma que, tal qual a natureza de tudo que existe, não pode ser mudada." ( Rav Kook, 66)
• livre-arbítrio: esforço realizado conscientemente para obter ou conseguir algo
• interação entre duas forças: sustento
• limite do que somos e do que nos é feito
• a segula de um indivíduo não pode ser bloqueada ou prejudicada pelo "outro lado", enquanto o livre-arbítrio pode;
• pode-se tomar algo de algum indivíduo, mas o sustento é algo que já leva em conta as possíveis perdas ou sombras que acompanham uma pessoa;
• história do homem que ganhava a vida cavando barro, que vendia; achou uma pedra preciosa e foi para o porto, para a Inglaterra;
• o insucesso é uma expressão momentânea de uma PARNUSSE, no entanto, seu ciclo maior permanece inalterado;
• segula não é sorte, é a integração profunda de quem somos e nossa importância e intensidade com o meio que nos cerca;
• ... conhecer a arte de interagir com o Mercado e transformar segula em riqueza;
• " justo com uma vida ruim, perverso com uma vida boa";
• carma: raios de retorno e de revisitações a situações e condições
• quando agimos em desconhecimento não pagamos pela "lei do retorno", mas o próprio desconhecimento é em sí, preço, custo e sombra;
• raios de retorno: maior ou menor;
• Rabi Akiva viajava com um jumento(leão), um galo(pantera) e um lampião...
• Vizinho acordou com a picada do mosquito e viu que caiu brasa da lareira, no chão;
• Não poder e não querer(história do camponês com a carroça)
• Quem batalha por seu sustento sabe - há nele algo de estranho e milagroso;
• Realidades desastrosas momentâneas podem muito bem representar etapas de um processo maior de ordenação;
• Nunca permitir valer-se apenas de um retrato, um instantâneo da realidade;
• Fé e compreensão dos ciclos de raio mais extensos;
• Autoglorificação: não se pode pensar que Deus olhou por uns e não olhou para outros;
• "sorte é quando a flecha atinge o outro";
• fé que busca na experiência profunda entender para que serve o justo e o injusto das situações que vivenciamos;
• "temos que ser capazes de visualizar o sutil, de ver os anjos..." midrash ( Gênesis, Raba X);
• ter ou não ter respostas na distribuição de nossos potenciais pelos diversos mundos de sustento ;
• a riqueza neste mundo - saque - mundos vindouros;
• ossek (opressão) - não devolver, reter algo;
• guezel (saque) - apropriação forçosa;
• roubo de tempo { adiar resoluções, encaminhar outros ao nada, "enrolar" o semelhante;
• roubo de expectativa: pagar o salário, interesse irreal;
• só há opressão em situação de interação e transação. No momento em que ingressamos no território das transações já não somos totalmente independentes e livres nas atitudes - temos que levar em conta nosso parceiro e sua realidade;
• jogo é roubo;
• roubo de informação: " se alguém te consultar, não aconselhes incorretamente" " um não perde nada e outro se beneficia";
• roubo por indução: "diante de um cego, não colocarás um obstáculo" Deuteronômio 19:14;
• Moed Katan: " isto se refere a um pai que agride fisicamente o filho que já esteja crescido. Pois já que é crescido e forte, o filho ressentido (o cego ) pode revidar e incorrer num ato condenável";
• O escriturário que permite um negócio ilegal;
• aquele que tem dinheiro e o empresta sem testemunhas ou contrato viola a lei;
• fazer contratos com muito cuidado e observando todos os detalhes. Não por desconfiança ou avareza, mas para que sejam tolhidos os maus impulsos que estão presentes em todos os seres humanos;
• " Quem não pensa em lei, acaba em lei";
• cada contrato malfeito na vida reverte em desastrosos custos de anti-riquezas, roubos, perdas de tempo e conflito;
• Roubo de Prestígio Deut. 19:16 - "Não sairás por aí contando às pessoas" nada...;
• " As más línguas matam três pessoas: quem fala, quem ouve e de quem se fala; quem ouve mais do que quem fala" iguala-se a negar a Deus;
• Tsedaká - "caridade" - "Justiça" (acertos justos)
• Todas as interações são taxadas pela interdependência de tudo a tudo, ou de todos a todos
• Carga do camelo: um pouco hoje pode realizar o que muito amanhã talvez não consiga Deuteronômio (15:11)
• Mezibotser: "O justo comerá até satisfazer seu desejo, mas o estômago do perverso continuará querendo";
• Tsedaká: enriquecimento ao se ter menos;
• Técnica da gratidão: 1º perceber os níveis profundos de felicidade decorrentes da saúde, das oportunidades e das trocas;
• Ausência de tsedaká: diminui suas resistências à perda, corrói os canais de comunicação do mesmo com o mundo e causa a pior das moléstias - o pouco conhecimento de sí mesmo;
• Grande dádiva ou ganho: podermos ter a chance de realizar tsedaká
• Quanto mais nos conhecemos, mais nos entendemos, mais fácil é de encontrarmos nossos verdadeiros caminhos;
• Assim como aquele que tem suas dívidas sob controle e conhece seus compromissos financeiros no futuro próximo, dorme com facilidade, também aquele que se conhece relativamente bem acorda com facilidade
• Tsedaká: produz sentido e desapego em nossas vidas. Ninguém tem dúvida de que o apego ou a vida vivida como um jogo de pôquer, em que não nos compartilhamos nossos parceiros de jogo, é fonte imensa de tensão e angústia;
• Tsedaká: -desvela tendências, sintomas e desvios
-indicativo ou medida que dispomos para nos conhecermos
• Aquele que começa a entender o sentido de tsedaká percebe e honra seus limites. Honrá-los é o que popularmente chamamos de felicidade;
• Como é difícil dar;
• "tsedaká redime da morte";
• é na dificuldade de suportar a vida, não apenas no momento, mas em suas questões profundas de angústia e sentido, que reside a importância, o poder maior para os humanos;
• o anel da esposa do rabino: + 50 talentos;
• o vestido de noiva e o zuz de trigo: Reb Eleazer percebeu que comprar um vestido para sua filha quando outros não tinham esta possibilidade o envolvia de alguma maneira. Não um tolo; ficou com o dinheiro taxado de responsabilidade;
• muito mais incrível e milagrosa é a atitude de Reb Eleazar com ser humano do que a multiplicação do trigo;
• atitudes: - o que é meu é meu e o que é teu é teu ( Sodoma e Gomorra)
- o que é teu é meu e o que é meu é teu ( ignorante )
- o que é meu é teu e o que é teu é teu ( justo )
- o que é meu é meu e o que é teu é meu ( perverso )
meu não é meu e teu é teu
• somos hóspedes de Deus;
• quanto mais o hóspede respeita o espaço que o recebe, maior o prazer com que tudo lhe é ofertado;
• o consumismo é a fonte maior dos problemas ecológicos;
• presentes e gorgetas;
• em relação às doações: 1. Aquele que deseja contribuir, mas não quer que outros o façam
2. Aquele que espera que outros contribuam mas não ele próprio
3. Aquele que doa e espera que outros também o façam
• dois maus impulsos: busca de justificativas (tolos) - caminho ilusório e fuga (nada) - ou desistência;
• como ensinou o ladrão: não desiste, é camarada, arrisca a vida, vende por pouco, é paciente e ama a sua tarefa;
• perseverança, fraternidade, coragem, desprendimento, tolerância a frustrações e dedicação;
• momento da interação: não é apenas uma situação entre dois - rabino, o cocheiro e os sacos de lixo
• saiba: 1. De onde você vem
2. Para onde você vai
3. A quem vai prestar contas
• Aquele que preserva a rotatividade da propriedade e não represa fluxos de sustento, encontra rapidamente a possibilidade de renovar suas riquezas. Neste sentido, saber quando abrir a mão e dar de presente se torna elemento de grande importância;
• O manto, o blusão e o roubo ( presentes );
• O próprio corpo do qual temos posse se inclui nesta questão. Sabê-lo entregar na hora certa, nem um instante antes, nem um instante depois, é arte sagrada;

" Na porta do sucesso está escrito entrada e saída" (ditado ídiche);
• Mundo do sustento: constante oscilar;
• O homem rico, sua família e a viagem. Até a casa de banhos e nú, do fundo para ascensão { roda do destino
• Para pedir:
- o que queremos e para quê
- saber o que quer{o rei e seus cortesãos: honras, poderes, fortuna - conversar
- pedir o que deve pedir
Aquele que sabe o que quer, este se sustenta com muita facilidade;
• Esteja harmonizado (santificado) e tudo começará a cair em seu lugar; haverá ordens até que se faça outra harmonia;
• As suas imperfeições que causam ao seu sustento que seja retido - o Bhest e o esforço;
Ieridá tsorech aliá li!
• O homem que perdeu a mulher no parto do filho e a alteração da criação;
• " Salvação e sustento são análogos... o sustento é mais do que salvação! Pois sobre a salvação está escrito: " o anjo te salvará de todo mal ( Gen. 48:16 ) e sobre o sustento: ! "Tu ( Deus ) abres Tua mão e satisfazes a toda criatura viva " ( Salmo 145:16 );
• Sócios: expectativas próximas
• A arte de fazer contratos: o rabino e o dono da pensão ( floresta )
• Ah... se este universo não está em conformidade com um grande e maravilhoso contrato! Nós o chamamos de Torá
• O maior inimigo dos contratos é nossa falsa "moralidade" em relação à nossa confiança e solidariedade que se espera que tenhamos um pelo outro;
• O justo conhece seus limites de solidariedade e pode elaborar contratos;
• O Berdichever e o açougueiro: respeito a ambos os lados da parceria;
• Envolvimento: regra de vida. Viver é estar em situações de vida;
• Dívidas: - querer pagar
- ajudar não emprestando
Quem pede e quem empresta: dificuldades de outra ordem que não só a material
• Empréstimos: como tsedaká, possibilita sem a presença da vergonha e da humilhação;
• Empréstimo: diferente de presente;
• Justiça e compaixão trabalham sempre juntas, mas são e devem ser autônomas;
• Juros:não;
• Conhecer os preços - Rabí e o jumento;
• Competição: limites;
• Sorte: evocá-la, desde que se tenha posse de algum conhecimento - o rabino e o tesouro;
• Anjos: são elementos conectores entre a realidade pequena e a Realidade. Não são seres, mas "motivações" dos outros mundos que se incorporam em pessoas, situações ou oportunidades;
• O outro lado: quanto mais intensa a vida, quanto mais complexa, quanto mais a perder, mais intenso é o outro lado;
• Tudo que é do espírito está insento do Outro lado;
• A prosperidade é difícil. Ela nos joga na cara todo instante. O efêmero da vida;
• A prosperidade do mundo é mandamento;
• Qualquer momento de prosperidade deve ser tratado com muito cuidado;
• Abençoe e guarde;
• O sagrado;
• Temos que aprender, a investir e a economizar em todas as dimensões;
• Como na água a face responde à face, também o coração do homem responde ao coração do homem;
• Três processos a ser seguidos: o estudo, a oração e as boas atitudes;
" Kedoshim tihiú ki kadosh ani IAH " ( Lev. 19 )

2 comentários:

Unknown disse...

O que é teu, é meu e o que é meu é meu (justo)..... então amigo, vou enviar-te minha conta bancária ok?

Abçs

Alexandra Machado Costa disse...

Oi, Carlão, vc m assustou...Já stou cheia d contas, hihihi... Mas ñ é bem assim, heim...Copiei lá, ó:
"atitudes: - o que é meu é meu e o que é teu é teu ( Sodoma e Gomorra)
- o que é teu é meu e o que é meu é teu ( ignorante )
- o que é meu é teu e o que é teu é teu ( justo )
- o que é meu é meu e o que é teu é meu ( perverso )
meu não é meu e teu é teu..."
Vlw, pela atenção e comentário, abraço.